São onze os distritos sob aviso laranja devido ao calor e mais de 50 concelhos em perigo máximo de incêndio, segundo o IPMA — Instituto Português do Mar e da Atmosfera. A temperatura máxima mais elevada prevista será alcançada em Évora e Santarém, com 42 graus Celsius. O distrito de Beja terá uma temperatura de 40 graus, Portalegre de 39 Castelo Branco 38, Vila Real 36, Bragança e Viseu 35, Guarda 33 e Faro 31.
Mas a agricultura não pode parar e são muitos os trabalhadores que vão continuar a acompanhar as suas culturas. Apesar de quem cuida da terra estar já, há muito, habituado ao calor no campo, valerá sempre a pena ler a Orientação da União Europeia (UE) “Temperaturas Elevadas – Guia para os Locais de Trabalho”. E, por outro lado, se as grandes explorações agrícolas possuem já tractores e maquinaria com ar condicionado, o mesmo não acontece com a maioria dos pequenos agricultores.
Este guia formula orientações práticas sobre a forma de gerir os riscos associados ao trabalho em condições de exposição ao calor e proporciona informações sobre como proceder caso um trabalhador venha a desenvolver uma doença relacionada com o calor.
O Guia foi elaborado com base nas actuais orientações do US National Institute for Occupational Safety and Health (NIOSH) [Instituto Nacional de Segurança e Saúde no Trabalho dos EUA], do UK Health and Safety Executive (HSE) [Órgão Executivo para a Saúde e a Segurança do Reino Unido], do Canadian Centre for Occupational Safety and Health (CCOSH) [Centro para a Segurança e Saúde no Trabalho do Canadá] e da Safe Work Australia (Trabalho Seguro, da Austrália).
“O aumento da temperatura média ambiente previsto em virtude das alterações climáticas pode ter um impacto significativo nos locais de trabalho. As ondas de calor extremo podem causar problemas graves de saúde, tais como exaustão devido ao calor, insolação e outras patologias relacionadas com o stresse térmico”, realça o Guia.
E adianta que “o aumento da temperatura ambiente pode afectar os trabalhadores de praticamente todos os sectores, sendo este um factor conducente ao stresse térmico, contudo, os mais visados actualmente são os trabalhadores no exterior ligados aos sectores da agricultura, silvicultura e construção, os profissionais afectos aos serviços de emergência e de saúde”.
Por outro lado, adianta que, entre os sectores com maior probabilidade de os trabalhadores realizarem trabalhos físicos intensos em condições de exposição directa à luz solar e ao calor incluem-se os da agricultura, silvicultura, reabilitação e manutenção rodoviária e de espaços públicos, pesca, construção, exploração mineira e de pedreiras, transportes, serviços postais, recolha de resíduos, instalação e manutenção de serviços de utilidade pública”.
Stresse térmico
Avança o mesmo Guia que “trabalhar em condições de exposição ao calor pode ser perigoso e causar danos aos trabalhadores. O corpo humano requer uma temperatura constante de aproximadamente 37º C. Se o corpo tiver de se esforçar demasiado para se manter fresco ou começar a sobreaquecer, o trabalhador pode desenvolver doenças relacionadas com o calor”.
O “Stresse térmico”, explica, é a “carga térmica global a que um trabalhador pode estar exposto devido à conjugação de factores, como o calor metabólico, vestuário e factores ambientais (ou seja, temperatura, velocidade do ar, humidade e calor por radiação) que contribuem para esse efeito. O stresse térmico ligeiro ou moderado pode causar desconforto e ter um impacto negativo no desempenho e na segurança, mas não é prejudicial para a saúde. As temperaturas extremas afectam directamente a saúde, comprometendo a capacidade do organismo para regular a sua temperatura interna”.
Insolação
E realça que “a insolação é a consequência mais grave para a saúde resultante do calor. Trata-se de uma emergência médica. A sudação não é um bom sinal de stresse térmico, uma vez que existem dois tipos de insolação: a que não exige esforço ou «clássica», caracterizada por pouca ou nenhuma transpiração (ocorre, por norma, em crianças, pessoas que sofrem de doença crónica e idosos), e a «de esforço», em que a temperatura corporal aumenta devido ao exercício físico vigoroso ou trabalho árduo, e em que é habitual haver transpiração”.
A insolação ocorre “quando o corpo já não consegue controlar a sua temperatura: esta aumenta rapidamente, o mecanismo de transpiração deixa de funcionar e o corpo não consegue arrefecer. Neste caso, a temperatura do corpo pode subir até 40º C ou mais num espaço de 10 a 15 minutos. A insolação requer a intervenção de primeiros socorros e cuidados médicos imediatos, uma vez que pode causar incapacidade permanente ou levar à morte, caso a pessoa afectada não receba tratamento de emergência”.
Conheça os primeiros socorros para tratar a insolação, para tratar a exaustão causada pelo calor, para tratar a síncope térmica na Orientação da União Europeia (UE) “Temperaturas Elevadas – Guia para os Locais de Trabalho”, disponível aqui.
Agricultura e Mar