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Ambientalistas criticam aumento das quotas de sardinha

A Plataforma de Organizações Não Governamentais sobre a Pesca (PONG-Pesca) expressa o seu agrado pelos sinais de recuperação da sardinha ibérica mas alerta para o risco do aumento da quota. A organização ambientalista considera que antecipar o aumento da quota pode colocar em risco a recuperação da sardinha.

Para a PONG-Pesca, seguir o parecer do Conselho Internacional para a Exploração dos Mares (CIEM) é a opção que permite limitar os riscos e ter maiores garantias de uma recuperação do stock, frisa a plataforma em comunicado de imprensa. O valor indicado pelo CIEM para 2016 – 12.000 toneladas – implica um esforço adicional por parte do sector, mas que será recompensado já em 2017, ano para o qual o mesmo organismo estima uma quota de 23.000 toneladas.

No passado dia 15 de Julho, representantes da PONG-Pesca estiveram presentes na reunião da Comissão de Acompanhamento da Sardinha, na Secretaria de Estado das Pescas, onde foi discutido o parecer do CIEM para a sardinha ibérica. Nesse parecer, a quota para 2016 foi revista com base nos resultados das mais recentes campanhas de investigação levadas a cabo pelo Instituto Português do Mar e da Atmosfera (IPMA) e pelo seu congénere espanhol. O valor aconselhado é de 12.000 toneladas, ou seja, inferior ao definido por Portugal e Espanha no início do ano – 14.000 toneladas. Por outro lado, o parecer agora publicado estabelece uma recomendação para 2017 que confirma os sinais de recuperação que o stock está a demonstrar – 23.000 toneladas.

A PONG-Pesca defende a adopção dos valores apontados pelo CIEM, pois o aumento de biomassa registado para a sardinha verifica-se sobretudo em sardinhas ainda juvenis. É essencial permitir que estas atinjam a idade adulta nos próximos 2-3 anos para que haja uma melhoria efectiva do estado do stock, defende a organização. O objectivo é permitir que este estabilize em quantidades necessárias para permitir uma pesca sustentável nos próximos anos e assegurar as importantes funções que a espécie desempenha nos ecossistemas marinhos da costa portuguesa.

No entanto, os governos de Portugal e Espanha terão proposto à Comissão Europeia um aumento da quota já para 2016 para as 17.000 toneladas. A PONG-Pesca contesta esta decisão, e alerta para os riscos que ela acarreta.

“Tudo o que queremos é que os sinais de recuperação que a sardinha está a dar sejam confirmados. Numa situação tão frágil como a que o stock atravessa, um aumento da quota ainda em 2016 pode invalidar os esforços feitos até aqui e por em causa a sua recuperação efectiva”, afirma Gonçalo Carvalho, coordenador da PONG-Pesca.

“Sabemos que o sector tem feito sacrifícios e não aumentar a quota este ano seria mais um. Mas ao seguir as recomendações do CIEM estaremos a dar a melhor hipótese à sardinha de recuperar, com a certeza que já em 2017 esse esforço será recompensado com um aumento significativo de quota”, acrescenta o mesmo responsável.

A PONG-Pesca é constituída pela Associação Portuguesa para o Estudo e Conservação dos Elasmobrânquios (APECE), Grupo de Estudos do Ordenamento do Território e Ambiente (GEOTA), Liga para a Protecção da Natureza (LPN), Observatório do Mar dos Açores (OMA), Associação Nacional de Conservação da Natureza (Quercus), Associação de Ciências Marinhas e Cooperação (Sciaena), Sociedade Portuguesa para o Estudo das Aves (SPEA) e WWF Portugal – World Wildlife Fund for Nature.

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