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APAS Floresta promove abaixo-assinado: empresas estão “impedidas de trabalhar há 2 semanas”

A direcção da APAS Floresta — Associação de Produtores Florestais diz que “praticamente há duas semanas” que as 57 empresas de exploração florestal espalhadas pelo território nacional que representa “estão impedidas de trabalhar devido a sucessivos estados de alerta, emergência e mesmo de contingência do País, decretados por despacho de vários Ministérios”.

Realça que “a suspensão dos trabalhos nos espaços rurais de actividades como a exploração florestal não implica os trabalhadores irem para casa privados do recebimento das suas remunerações acordadas, uma vez que não existem receitas por parte das empresas para efectuarem os pagamentos aos seus trabalhadores”.

“Mas ninguém fala disto! Desde 11 Julho com os sucessivos estados de suspensão dos trabalhos nos espaços florestais não se ouviu ninguém a falar sobre o impacto gravoso para estas empresas e o problema que vivem neste momento”, diz a Associação em comunicado.

Por isso, com o objectivo de apelar à tomada de medidas para protecção do sector e assim “mitigar os graves prejuízos que esta situação acarreta para as empresas, seja no domínio do apoio directo à tesouraria e/ou outras medidas directas e indirectas a definir”, está a promover um abaixo-assinado, solicitando a colaboração de todos na sua assinatura.

O abaixo-assinado (aqui), a solicitar medidas urgentes de protecção das empresas do sector florestal, deverá ser enviado para geral@apasfloresta.pt.

57 empresas de exploração florestal

Explica a APAS Floresta, sediada no concelho do Cadaval, que é uma entidade gestora de um grupo de certificação de cadeia de custódia/responsabilidade desde 2012, envolvendo 57 empresas de exploração florestal espalhadas pelo território nacional, dedicadas a trabalhos de exploração florestal.

E que “praticamente há duas semanas estas empresas estão impedidas de trabalhar devido a sucessivos estados de alerta, emergência e mesmo de contingência do País, decretados por despacho de vários ministérios. Estados esses associados a aumentos anormais de temperaturas, que associados a um período anormal de seca que se vive tem agravado situação e aumentado o risco de incêndios florestais”.

Acrescenta o mesmo comunicado que “entre outras medidas, foi decretada em todos estes despachos a proibição do acesso, circulação e permanência no interior dos espaços florestais, bem como a realização de trabalhos nos espaços florestais com recurso a qualquer tipo de maquinaria”, realçando que “a suspensão dos trabalhos florestais não suspende o pagamento de Segurança Social, impostos directos e indirectos e outros encargos, pagamento de seguros que neste sector são elevadíssimos, pagamento de empréstimos bancários contraídos pois o preço de uma máquina florestal pode ascender aos 400.000 euros, ou outros compromissos assumidos pelas empresas florestais”.

Mas na verdade o que representa a paragem de uma semana de trabalho para estas empresas, questiona a APAS Floresta. “Falando no grupo da APAS Floresta, semanalmente os custos fixos atendendo ao tipo de empresa podem variar entre os 5.000€ e os 35.000€ (desde pequenas empresas a médias empresas), custos que obrigatoriamente têm de ser pagos, independentemente das receitas que a empresa obtêm, que agora são 0€!”.

Segunda semana de paragem

“Neste momento vamos a caminhar para a segunda semana de paragem, com a constante incerteza do que vêm aí nos próximos dias. Bastará fazer umas contas para perceber o crescente prejuízo destas empresas e a incerteza que neste momento vivem. Algumas empresas já falam do risco da sua subsistência”, frisa a direcção da Associação.

E relembra que, no passado dia 19 de Julho, “na renovação do último estado de alerta foi criada uma excepção. Permitiram trabalhos de rechega de madeira dos espaços florestais, ou seja, a retirada de madeira das matas que se encontra abatida e traçada, desde que essa retirada ocorra no período desde o pôr do sol até às 11 horas da manhã (períodos por norma mais frescos), com a obrigatoriedade de se avisar previamente os serviços da protecção civil competente”.

Mas, considera a APAS Floresta, “o problema do impedimento à realização da actividade destas empresas continua, pois nem todas têm madeira pronta a ser retirada do espaço florestal, e muitos tinham antes do início desta fase de suspensão dos trabalhos, mas devido aos incêndios a mesma foi consumida pelo fogo, aumentado o seu prejuízo uma vez que a maior parte já foi paga ao proprietário e não vão receber nada por ela pois deixou de existir!! E continuam a não poder trabalhar na verdade”.

Motosserras responsáveis por 0,1% das ignições

Mas afinal são estas empresas florestais responsáveis por quantas ignições? Que área já ardeu no País resultado de ignições envolvendo equipamento, máquinas ou até motosserras no nosso País?

“Segundo os estudos publicados, de 2001 a 2021, a percentagem de ignições resultante deste tipo de equipamento não ascende os 0,1% e a área ardida resultantes das mesmas não ascende 1%”, frisa o mesmo comunicado.

“As empresas não se opõem em nenhum momento a contribuir para a redução do risco de fogos florestais, mas além de os retirarmos de dentro da floresta, muitas vezes representam a presença nestes espaços e vigilantes até, com um papal até dissuasor de alguma atitude de terceiros com intenções criminosa, e mesmo assim são impedidos de trabalhar”, acrescenta a Associação.

Quantos postos de trabalho estão envolvidos? Só no grupo da APAS Floresta, 57 empresas identificadas, 475 pessoas envolvidas directamente. “Para não falar de empresas indirectas, como os subcontratados, ou mesmo outras empresas ligadas ao sector florestal que trabalham na floresta que fazem disparar exponencialmente o número de pessoas envolvidas e afectadas por esta suspensão, passando-se a falar de milhares de pessoas”, garante a APAS Floresta.

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