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Gasóleo agrícola dita perda de competitividade dos agricultores portugueses

Editorial

Hoje, 8 de Julho, a polémica instalou-se no Mundo Rural. Mais uma vez, o Ministério da Agricultura e da Alimentação falhou uma promessa dada a 21 de Abril pela ministra Maria do Céu Antunes: o pagamento antecipado de 500 milhões de euros da ajuda do Pedido Único.

Os protestos sucederam-se, uns atrás de outros, com as organizações de agricultores a pedirem uma boa gestão dos fundos europeus, de modo a que o IFAP — Instituto de Financiamento da Agricultura e Pescas os possa pagar, a tempo e horas.

Mas, tem a ministra Maria do Céu Antunes culpa nestes atrasos, que são da responsabilidade, única, do Ministério das Finanças? Não. Não tem.

Tal como também não tem culpa de que o mesmo Ministério das Finanças, na ânsia de “sacar” o máximo de impostos e taxas, deixe os agricultores a pagarem o gasóleo agrícola mais caro do Sul da Europa. Mas, se tivesse poder no Governo, Maria do Céu Antunes bem que poderia fazer pressão para que tal não acontecesse.

Os agricultores portugueses estão a pagar (preço médio de 7 de Julho) 1,661 € por litro de gasóleo agrícola. Os espanhóis têm marcado nas estações de serviço 1,62 € por litro (mas só pagam 1,42 cêntimos; o Estado espanhol faz um desconto automático de, pelo menos, 20 cêntimos por litro). Em França, o preço do gasóleo agrícola está a um preço médio de 1,644 €/l.

Os agricultores portugueses estão a pagar o preço mais alto pelo gasóleo agrícola do Sul da Europa, face aos seus principais concorrentes em termos de produção agrícola.

Nas últimas semanas foram muitos os produtores a reclamarem que as grandes superfícies, supermercados, andam a “promover os produtos nacionais” mas a “venderem produtos estrangeiros”.

Mas, perante a escalada inflacionista em curso a quem compram os grandes supermercados? A quem lhes vender mais barato.

O preço do gasóleo agrícola em Portugal representa uma perda de competitividade dos agricultores portugueses face aos produtores do Sul da Europa.

Os custos com o gasóleo agrícola (gasóleo B em Espanha) são mais caros 14,5% em Portugal, face aos espanhóis. E até os franceses têm o gasóleo colorido e marcado mais barato.

Os agricultores portugueses vão conseguir continuar a colocar os seus produtos nas prateleiras dos supermercados ou vão ser ultrapassados pelos seus colegas do Sul da Europa?

A competitividade fiscal faz parte da estratégia do Governo?

Carlos Caldeira

 
       
   
 

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