“Na próxima campanha de rega vamos fazer um plano de utilização de água, com estabelecimento de volumes atribuídos a cada cultura, em função da dotação recomendada por uma entidade externa”, anunciou o presidente da EDIA – Empresa de Desenvolvimento e Infra-estruturas do Alqueva, José Pedro Salema, defendendo o tarifário escalonado, de forma a que quem mais consome água de Alqueva pague mais.
O anúncio foi feito durante a mesa-redonda, sob o mote “Oportunidades para a Agroindústria na região de Alqueva”, no dia 8 de Junho, no stand de Alqueva na Feira Nacional de Agricultura, em Santarém. Uma iniciativa da EDIA e do Núcleo Empresarial da Região de Beja/Associação Empresarial do Baixo Alentejo e Litoral, NERBE/AEBAL
José Pedro Salema deixou claro que “se todos formos mais eficientes, sobra mais água para outro projecto entrar e poder fazer também a sua produção e a sua agroindústria” em Alqueva. “O que queremos sempre é o desenvolvimento da região, mais valor acrescentado, mais emprego, mais Alentejo”.
José Pedro Salema: “O que queremos sempre é o desenvolvimento da região, mais valor acrescentado, mais emprego, mais Alentejo”
Na mesa-redonda, moderada pela jornalista Teresa Silveira, o presidente da EDIA salientou que “isto vai condicionar um pouco os operadores, mas para aqueles que estão a operar de acordo com as regras não muda absolutamente nada”. Com esta medida a EDIA pretende “tentar controlar é algum abuso, algum crescimento que possa sair dos carris, digamos assim, e que com o sistema actual não tínhamos”.
E explicou: “portanto, se dermos a dotação, imagine, um agricultor vem ter connosco, inscreve-se, e diz vou fazer 100 hectares desta cultura. Muito bem, então o volume [de água] que pode utilizar é o que entidade externa recomenda para aquela zona e para aquela cultura”. Ou seja, “não vai ter problema nenhum, vai ter exactamente a água que precisa para fazer a sua cultura”.
No entanto, esses volume de água vão poder ser “ajustados, até em função da precipitação, e estamos já a prever esse mecanismo, em função de termos um ano seco, médio, ou húmido”, realçou José Pedro Salema, acrescentando que Alqueva está “hoje com um nível de utilização em que já estamos preocupados com essas sobre-utilizações [de água], no fundo, quando se tem a casa cheia… quando a discoteca está cheia, o porteiro é mais exigente, estamos um pouco nessa situação”.
Tarifário escalonado
Aquele responsável disse ainda que nas áreas instaladas em Alqueva, “em muitos casos já ultrapassámos os 100% de adesão, porque há algumas áreas precárias fora que também são contabilizadas. Temos de ser muito exigentes com a alocação de volumes e queremos também que o tarifário acompanhe” essa mudança.
Quanto à selecção das culturas a instalar em Alqueva, para José Pedro Salema “o que vai determinar sempre a instalação de culturas é o valor acrescentado que aquela cultura é capaz de gerar. Não é tanto o volume de água que utiliza, é o volume de água e quanto é que isso pesa na conta de cultura, porque se pesar 5% na conta de cultura mas for uma barbaridade de volume eles vão fazê-lo à mesma, é preciso perceber isso, os agentes económicos são racionais e tomam decisões racionais”.
“Se temos muito olival hoje em Alqueva é porque os agentes económicos a analisam como sendo uma boa cultura, com uma relação interessante de risco-produtividade”, frisou.
E acrescentou que “nos últimos anos temos aumentado o nível de exigência [da supervisão dos consumos de água] e vamos aumentá-la. Queremos também que o tarifário acompanhe essa exigência. O tarifário escalonado e algo que defendemos há muitos anos, para garantir que quem está a consumir mais do que a ciência recomenda, ou a técnica recomenda, deva pagar mais”.
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