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Camisola Poveira é a primeira “Peça do mês” do Museu Municipal da Póvoa de Varzim

O Museu Municipal da Póvoa de Varzim dá início, a partir de hoje, 18 de Maio, Dia Internacional dos Museus, à iniciativa “Peça do Mês”, colocando em destaque uma peça, através da sua exposição e divulgação da sua história. A peça escolhida para este mês é a Camisola Poveira que, nos últimos tempos, foi o centro das atenções de todo o Mundo e deu uma nova vida a esta camisola que em si reúne as nossas tradições.

O uso de camisolas de lã por parte de pescadores poveiros encontra-se documentada em pinturas antigas (como os ex-votos oferecidos por pescadores a Nossa Senhora da Abadia, em Amares, no séc. XVIII) e em gravuras, pinturas e fotografias dos séculos XIX e XX.

Nas representações mais remotas, é perceptível a cor esbranquiçada e o corte simples e clássico da peça, sendo somente a partir de oitocentos que os bordados começam a ter uma leitura clara. Com a vulgarização dos impressos coloridos, passaram a ser identificáveis as cores vermelha e preta, que encontramos já em bordados por toda a Península Ibérica no século XV e XVI. Outros elementos arcaizantes, como o corte rectilíneo (mesmo na zona das cavas) e a abertura fechada com atilhos, também aparentam ser permanências do período áureo dos Descobrimentos portugueses.

Nas ilustrações mais antigas, torna-se evidente que o espaço decorado era bem menor do que na actualidade, sendo, aparentemente, realizado em “ponto cruz” e “ponto lançado”. Os bordados, no séc. XIX, incluíam os tradicionais e populares lavores portugueses, tais como, flores, pássaros, brasões e motivos decorativos, vegetalistas ou geométricos.

Com o fluir do tempo, os bordados foram ocupando uma maior área e tornaram-se mais complexos, passando a incluir motivos marinhos, siglas e nomes, com as respectivas alcunhas, como aconteceu com os banheiros da praia da Póvoa que as usavam como elementos identitários e promocionais, explica a autarquia.

António dos Santos Graça, em 1936, escolheu a camisola bordada para a “farda” do Rancho Poveiro por considerar ser esta a mais característica do pescador. Para além da projecção assim obtida, a camisola foi também profusamente utilizada no filme Ala Arriba, facto que contribuiu para a sua difusão internacional. O sucesso foi particularmente expressivo nas décadas de 1960 e 1970, quando a “camisola poveira” foi produzida em grande quantidade, tendo como destino as lojas locais, e, principalmente, a exportação.

Agricultura e Mar Actual

 
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