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Mundo Rural une-se em manifesto contra “campanha de fake news” sobre sector agroalimentar

São 18 as organizações do Mundo Rural que se uniram num manifesto “Por uma alimentação consciente em Portugal”, considerando existir uma “campanha de fake news” que gera indignação no sector agroalimentar. “Da próxima vez que lhe disserem que o sector agroalimentar é o “mau da fita” ou da próxima vez que comprar alimentos, pense! questione-se! Escolha livremente e consuma português!”, dizem aquelas organizações (ver lista no fim do artigo).

E garantem que “em Portugal não há desflorestação para instalação de pastagens (…) as pastagens convivem com a floresta de montado. Pastagens permanentes ocupam 52% da Superfície Agrícola Utilizada”.

Para aquelas associações, são várias as “mensagens difamatórias e inverdades sobre as práticas agrícolas, pecuárias e agroindustriais” que “têm sido ditas, escritas e transmitidas, por várias vias, quer na imprensa, quer na televisão, quer na rádio, quer mesmo na propaganda política”.

Para os signatários do manifesto, trata-se de “informação injuriosa, e até contraditória à que é veiculada pelas autoridades competentes deste País, acerca dos sectores pecuário, agrícola e agroalimentar. Os autores desta campanha difamatória, não sabem e não conhecem o alto contributo do Mundo Rural para manter o ecossistema, impedindo o abandono das terras, que teria como uma das consequências inevitáveis a intensificação dos incêndios que ano após ano têm vindo a deflagrar em Portugal”.

Aquelas organizações ligadas à alimentação e ao Mundo Rural repudiam assim “as inverdades sobre o agroalimentar e condenam a campanha de rumores sobre uma área de actividade que é indispensável, suporta a sustentabilidade ambiental de Portugal, alimenta os portugueses e é um dos maiores contribuintes para o equilíbrio da balança comercial do País”.

Sector alvo de campanhas difamatórias

Pese embora a resiliência e contributo dos sectores agrícola, pecuário e agroalimentar para manter o abastecimento de alimentos em Portugal — indispensáveis, durante os confinamentos inerentes à pandemia, superando todas as dificuldades para os colocar à mesa dos portugueses —, dizem os subscritores do manifesto que “estes sectores têm vindo a ser alvo de campanhas difamatórias que, como tal, faltam à verdade e chegam mesmo a transmitir informação contraditória à acção das entidades fiscalizadoras nacionais”.

As organizações signatárias consideram que não existem sectores sustentáveis e sectores insustentáveis, “mas sim práticas comerciais sustentáveis e outras não sustentáveis”.

Para clarificar o debate e torná-lo adequado ao propósito de melhoria contínua e de uma abordagem menos divisionista, os sectores agrícola, pecuário e agroalimentar unem-se “para dar aos cidadãos a correcta informação sobre estas actividades em Portugal, contribuindo, assim, para que possam fazer uma escolha livre, informada e consciente no que respeita às suas opções alimentares”.

Dizem aquelas organizações ligadas à alimentação e ao Mundo Rural que a emissão de “informações propositadamente desequilibradas e ofensivas, sem verificação dos factos”, as motivam a assinar o manifesto “Por uma alimentação consciente em Portugal” no qual esclarecem as responsabilidades e contributos dos sectores em causa para o aquecimento global, a emissão de gases de efeitos de estufa (GEE), a contaminação ambiental, a saúde e bem-estar animal, o impacto na floresta e o bem-estar social.

Aquecimento Global

Relativamente ao “Aquecimento Global e à emissão de GEE o Manifesto esclarece que, segundo o Plano Nacional de Energia e Clima 2030 (PNEC 2030), documento do Ministério do Ambiente, a agricultura é responsável unicamente por 10% das emissões nacionais de GEE e por isso lhe atribui uma redução de apenas 11% até 2030 face a 2005″, referem aqueles agricultores.

O Manifesto refere igualmente, usando dados da Agência Portuguesa do Ambiente (APA), que considerados os sectores agroflorestal e pecuário, cuja propriedade está concentrada nos mesmos agentes económicos, as emissões são inferiores a 1% e que, segundo o PNEC 2030, a agricultura em Portugal é responsável por apenas 3% do consumo energético nacional.

Além disto, uma análise científica do impacto destas actividades inclui considerar o contributo das pastagens para a diminuição do risco de fogos rurais prestado pela pastorícia e atestado pela Agência para a Gestão Integrada de Fogos Florestais (AGIF) no Plano Nacional de Acção de combate a fogos rurais.

Menos 43% de pesticidas

No que respeita à contaminação ambiental, no Manifesto “Por uma Alimentação Consciente em Portugal” as entidades signatárias referem que, numa década, o país reduziu o uso de fitofármacos em 43%, sendo o Estado-membro da UE que apresenta uma maior redução da utilização destes produtos.

No que concerne à saúde e bem-estar animal, realça que a carne nacional provém de animais que não utilizam promotores de crescimento, situação que seria ilegal, e que as práticas nacionais promovem o bem-estar animal.

No que respeita ao risco de desflorestação, o texto assinado pelas entidades explica que em Portugal não há desflorestação e termina referindo o contributo dos sectores para a economia nacional, para a criação de emprego e para o equilíbrio da balança comercial portuguesa. São expostos dados do INE que registam 7,5 mil milhões de euros em exportações, refere-se que em 2020 o agroalimentar foi o único sector que, em plena pandemia, conseguiu aumentar as exportações nacionais em 6,7% e revela-se que os sectores signatários criam mais de 314.000 postos de trabalho directos, ou seja, mais de 6% do emprego do País.

Os signatários da iniciativa:

  • ANEB — Associação Nacional dos Engordadores de Bovinos
  • Associação Nacional dos Industriais dos Lacticínios (ANIL)
  • Anipla — Associação Nacional da Indústria para a Protecção das Plantas
  • Anseme — Associação Nacional dos Produtores e Comerciantes de Sementes
  • APED – Associação Portuguesa de Empresas de Distribuição
  • APEZ — Associação Portuguesa de Engenharia Zootécnica
  • APIC — Associação Portuguesa dos Industriais de Carnes
  • Apifvet — Associação Portuguesa da Indústria Farmacêutica de Medicamentos Veterinários
  • CAP – Confederação dos Agricultores de Portugal
  • CIP – Confederação Empresarial de Portugal/FIPA – Federação das Indústrias Portuguesas Agro-Alimentares
  • Confagri — Confederação Nacional das Cooperativas Agrícolas/Fenapecuária — Federação Nacional das Cooperativas de Produtores Pecuários
  • FilPorc — Associação Inter-profissional da Fileira da Carne de Porco
  • Federação Portuguesa de Associações de Suinicultores (FPAS)
  • IACA – Associação Portuguesa dos Industriais dos Alimentos Compostos para Animais
  • Ordem dos Médicos Veterinários
  • Plataforma Sociedade e Animais

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