A ministra da Saúde, Marta Temido, anunciou hoje, 14 de Março, que o número de casos confirmados em Portugal de infecção pelo novo coronavírus Covid-19 se mantém nos 169, mas alertou que o País vai entrar “numa fase de crescimento exponencial da epidemia”.
Que vírus é este? Como se transmite? Quais os seus sintomas? Como prevenir?
É a estas respostas que a Direcção-Geral de Saúde responde numa série de perguntas e respostas frequentes que o agriculturaemar.com aqui transcreve.
O que são os Coronavírus?
Os coronavírus são uma família de vírus que podem causar infecções nas pessoas. Normalmente estas infecções afectam o sistema respiratório, podendo ser semelhantes à gripe ou evoluir para uma doença mais grave, como pneumonia.
O que é o Novo Coronavírus?
O novo coronavírus, designado SARS-CoV-2, foi identificado pela primeira vez em Dezembro de 2019 na China, na cidade de Wuhan. Este novo agente nunca tinha sido identificado anteriormente em seres humanos. A fonte da infecção é ainda desconhecida.
Ainda está em investigação a via de transmissão. A transmissão pessoa a pessoa foi confirmada e já existe infecção em vários países e em pessoas que não tinham visitado o mercado de Wuhan. A investigação prossegue.
Covid-19 é o mesmo que o Sars-CoV-2?
Não. Sars-CoV-2 é o nome do novo vírus e significa Severe Respiratory Acute Syndrome (Síndrome Respiratória Aguda Grave) – Coronavírus-2. O Novo Coronavíros é designado por Sars-CoV-2, uma vez que existe outro coronavírus que causa uma Síndrome Respiratória Aguda Grave, que foi identificado em 2002, intitulado “Sars-CoV”. Covid-19 (Coronavirus Disease) é o nome da doença e significa Doença por Coronavírus – 2019, fazendo referência ao ano em que foi descoberta.
Qual é a origem do novo Coronavírus?
Segundo as informações publicadas pelas autoridades internacionais, a fonte da infecção é desconhecida e ainda pode estar activa. A maioria dos casos está associada a um mercado em Wuhan (Wuhan’s Huanan Seafood Wholesale Market), específico para alimentos e animais vivos (peixe, mariscos e aves).
O mercado foi encerrado a 1 de Janeiro de 2020. Como os primeiros casos de infecção estão relacionados com pessoas que frequentaram este mercado, suspeita-se que o vírus seja de origem animal, mas não há certezas. Isto porque já foram confirmadas infecções em pessoas que não tinham visitado este mercado. A investigação prossegue.
Já houve algum surto com Coronavírus em anos anteriores?
Sim. Em anos anteriores foram identificados alguns coronavírus que provocaram surtos e infecções respiratórias graves em humanos. Exemplos disto foram:
• entre 2002 e 2003 a síndrome respiratória aguda grave (infecção provocada pelo coronavírus SARS-CoV);
• em 2012 a síndrome respiratória do Médio Oriente (infecção provocada pelo coronavírus MERS-CoV).
Qual o risco para Portugal?
A avaliação de risco encontra-se em actualização permanente, de acordo com a evolução do surto. O Centro Europeu de Prevenção e Controlo das Doenças (ECDC) e a Direcção-Geral da Saúde (DGS) emitem comunicados diários com o sumário da informação e recomendações mais recentes.
Quais são os sinais e sintomas?
A maioria das pessoas infectadas apresentam sintomas de infecção respiratória aguda ligeiros a moderados:
• Febre (T>37,5ºC)
• Tosse
• Dificuldade respiratória (falta de ar)
Em casos mais graves pode causar pneumonia grave com insuficiência respiratória aguda, falência renal e de outros órgãos, e eventual morte. Contudo, a maioria dos casos recupera sem sequelas.
Transmissão da doença
Como se transmite?
A Covid-19 transmite-se por contacto próximo com pessoas infectadas pelo vírus, ou superfícies e objectos contaminados.
Esta doença transmite-se através de gotículas libertadas pelo nariz ou boca quando tossimos ou espirramos, que podem atingir directamente a boca, nariz e olhos de quem estiver próximo.
As gotículas podem depositar-se nos objectos ou superfícies que rodeiam a pessoa infectada. Por sua vez, outras pessoas podem infectar-se ao tocar nestes objectos ou superfícies e depois tocar nos olhos, nariz ou boca com as mãos.
O que é uma área de transmissão comunitária?
Quando é feito o diagnóstico de Covid-19 a uma pessoa, as autoridades de saúde fazem um inquérito epidemiológico para, entre outras informações, perceberem qual a fonte da infecção. Quando não se consegue identificar essa fonte, ou seja, quem transmitiu o vírus, diz-se que estamos perante uma área de transmissão comunitária.
Qual é o período de incubação?
Estima-se que o período de incubação da doença (tempo decorrido desde a exposição ao vírus até ao aparecimento de sintomas) seja entre 2 e 14 dias. A transmissão por pessoas assintomáticas (sem sintomas) ainda está a ser investigada.
O que é um contacto próximo?
Os seguintes casos podem ser considerados como contactos próximos:
- Pessoa com exposição associada a cuidados de saúde, nomeadamente a prestação de cuidados directos a doente com Covid-19 ou o contacto em ambiente laboratorial com amostras de Covid-19;
- Contacto em proximidade ou em ambiente fechado com um doente com Covid-19 (ex: sala de aula);
- Pessoas que viagem com doente com Covid-19: Companheiros de viagem; Num avião: as pessoas que estão dois lugares à esquerda ou à direita do doente, 2 lugares nas duas filas consecutivas à frente do doente e dois lugares nas duas filas consecutivas atrás do doente e tripulantes de bordo que serviram a secção do doente; e num navio, pessoas que partilharam a mesma cabine e tripulantes de bordo que serviram a cabine do doente.
A Autoridade de Saúde pode considerar como contacto próximo outros indivíduos não definidos nos pontos anteriores (a avaliação é feita caso a caso).
Os animais domésticos podem transmitir o Covid-19?
Não. De acordo com informação da Organização Mundial da Saúde (OMS), não há evidência de que os animais domésticos, tais como cães e gatos, tenham sido infectados e que, consequentemente, possam transmitir o Covid-19.
O Covid-19 pode ser transmitido através de alimentos, incluindo os refrigerados e congelados?
Os coronavírus transmitem-se, geralmente, de pessoa para pessoa através de gotículas respiratórias.
Actualmente, não há evidência que suporte a transmissão do Covid-19 pelos alimentos. Antes de preparar ou consumir alimentos, é importante lavar sempre as mãos com água e sabão durante 20 segundos.
Como os coronavírus têm uma reduzida capacidade de sobrevivência em superfícies, o risco de transmissão por produtos alimentares ou embalagens, enviados num período de dias ou semanas à temperatura ambiente, refrigerada ou congelada, é reduzido.
O clima quente vai parar o surto de Covid-19?
Ainda não é conhecido se o clima ou a temperatura afectam a propagação do Covid-19. Outros vírus, por exemplo os que causam gripe, têm uma maior propagação durante os meses mais frios. Contudo, isso não significa que não se fique doente devido a estes vírus durante os restantes meses.
De momento, não há evidência de que a propagação do Covid-19 irá diminuir quando o clima ficar mais quente. Ainda há muito para aprender sobre o modo de transmissão, a gravidade e outras informações relacionadas com o Covid-19, e há investigações em curso.
Testes e tratamentos
Devo ser testado para o Covid-19?
Se estiver com febre, tosse ou dificuldade respiratória e tiver estado em contacto com uma pessoa infectada por Covid-19, ou tiver regressado recentemente de uma área afectada, deve ligar para o SNS24 (808 24 24 24).
Após este contacto e validação da história clínica, os profissionais de saúde irão determinar se é necessário ser testado para Covid-19.
Existe uma vacina?
Actualmente não existe vacina contra o SARS-CoV-2. Sendo um vírus recentemente identificado, estão em curso as investigações para o seu desenvolvimento.
Qual é o tratamento?
O tratamento para a infecção por este novo coronavírus é dirigido aos sinais e sintomas que os doentes apresentam.
Os antibióticos são efectivos a prevenir e tratar o novo coronavírus?
Não, os antibióticos são dirigidos a bactérias, não tendo efeito contra vírus. O SARS-CoV-2 é um vírus e, como tal, os antibióticos não devem ser usados para a sua prevenção ou tratamento. Não terá resultado e poderá contribuir para o aumento das resistências a antimicrobianos (antibióticos).
Medidas de prevenção
O que são medidas de higiene e etiqueta respiratória?
Nas áreas afectadas, a Organização Mundial da Saúde (OMS) recomenda medidas de higiene e etiqueta respiratória para reduzir a exposição e transmissão da doença:
• Medidas de etiqueta respiratória: tapar o nariz e a boca quando espirrar ou tossir, com um lenço de papel ou com o antebraço, nunca com as mãos, e deitar sempre o lenço de papel no lixo;
• Lavar as mãos frequentemente. Deve lavá-las sempre que se assoar, espirrar, tossir ou após contacto directo com pessoas doentes. Deve lavá-las durante 20 segundos (o tempo que demora a cantar os “Parabéns”) com água e sabão ou com solução à base de álcool a 70%;
• Evitar contacto próximo com pessoas com infecção respiratória;
• Evitar tocar na cara com as mãos;
• Evitar partilhar objectos pessoais ou comida em que tenha tocado.
Quem está em maior risco de doença grave por Covid-19?
As pessoas que correm maior risco de doença grave por Covid-19 são os idosos e pessoas com doenças crónicas (ex: doenças cardíacas, diabetes e doenças pulmonares).
O que é que as pessoas em risco de doença grave por Covid-19 devem fazer?
Se tiver risco de doença grave por Covid-19, deve:
• Tomar precauções diárias, mantendo a distância de outras pessoas;
• Afastar-se de pessoas doentes quando sair;
• Limitar o contacto próximo;
• Lavar frequentemente as mãos;
• Evitar multidões.
Se houver um cluster na sua comunidade, evite o contacto próximo com pessoas e, se possível, mantenha-se em casa. Preste atenção aos sinais e sintomas. Se ficar doente, permaneça em casa e ligue para o SNS24.
Tenho de usar máscara para me proteger?
De acordo com a situação actual em Portugal, não está indicado o uso de máscara para protecção individual, excepto nas seguintes situações:
• Suspeitos de infecção por Covid-19;
• Pessoas que prestem cuidados a suspeitos de infecção por Covid-19.
A Direcção-Geral da Saúde não recomenda, até ao momento, o uso de máscara de protecção para pessoas que não apresentam sintomas (assintomáticas). O uso de máscara de forma incorrecta pode aumentar o risco de infecção, por estar mal colocada ou devido ao contacto das mãos com a cara. A máscara contribui também para uma falsa sensação de segurança.
Viagens
Devo viajar?
A Organização Mundial da Saúde não recomenda restrições de viagens, comércio ou produtos, de momento e com base no conhecimento actual. No entanto, existem áreas do globo com transmissão Comunitária activa em que o risco de contágio é elevado.
A Direcção-Geral da Saúde encontra-se a acompanhar o desenvolvimento da situação em Itália e informa que, à data, o número de casos no país levou à implementação, nesse país, de medidas de contenção, como encerramento de escolas, serviços públicos e proibição de todos os eventos com aglomeração de pessoas.
Acompanhe a informação disponibilizada pelo Ministério dos Negócios Estrangeiros:
• https://www.portaldascomunidades.mne.pt/pt/conselhos-aos-viajantes/i/italia
• https://www.portaldascomunidades.mne.pt/pt/conselhos-aos-viajantes/m/malta
• https://www.portaldascomunidades.mne.pt/pt/alertas/coronavirus-covid-20
A DGS reforça as recomendações das seguintes medidas de higiene e de etiqueta respiratória para Viajantes:
• Lavar frequentemente as mãos, com água e sabão, esfregando-as bem durante pelo menos 20 segundos;
• Reforçar a lavagem das mãos antes e após a preparação de alimentos, antes das refeições, após o uso da casa de banho e sempre que as mãos estejam sujas;
• Usar, em alternativa, para higiene das mãos, uma solução à base de álcool;
• Usar lenços de papel (de utilização única) para se assoar;
• Deitar os lenços usados num caixote do lixo e lavar as mãos de seguida;
• Tossir ou espirrar para o braço com o cotovelo fletido, e não para as mãos;
• Evitar tocar nos olhos, no nariz e na boca com as mãos sujas ou contaminadas com secreções respiratórias.
As pessoas regressadas de uma área afectada devem estar atentas ao surgimento de febre, tosse e eventual dificuldade respiratória. Se surgirem estes sintomas, não se devem deslocar aos serviços de saúde, mas ligar para o SNS24 – 808 24 24 24, e seguir as orientações que lhes forem dadas. Por regra não se recomenda qualquer tipo de isolamento de pessoas sem sintomas.
Estigma
Porque culpam ou evitam pessoas e grupos devido ao Covid-19 (Estigmatização)?
As pessoas podem estar preocupadas com amigos e familiares que vivem ou visitam áreas afectadas pelo Covid-19. O medo e a ansiedade podem levar ao estigma social, por exemplo, em relação a chineses ou outros asiáticos, ou a pessoas em quarentena.
O estigma refere-se à discriminação em relação a um grupo de pessoas, um lugar ou uma nação. Este está associado à falta de conhecimento sobre o modo de transmissão da Covid-19, à necessidade de atribuir culpa, ao medo da doença e da possível morte e aos boatos e mitos disseminados.
O estigma provoca sofrimento, aumentando o medo ou a raiva em relação a pessoas comuns, em vez de haver um foco na doença que está a causar o problema.
Como é que as pessoas podem ajudar a acabar com o estigma relacionado com o Covid-19?
As pessoas podem combater o estigma e ajudar outras pessoas, fornecendo-lhes suporte social. O combate ao estigma pode ser feito através da aprendizagem e da partilha de factos sobre o Covid-19.
Deve comunicar-se o facto de que os vírus não têm como alvos grupos raciais ou étnicos específicos, bem como o modo de transmissão do Covid-19.
Agricultura e Mar Actual