A diminuição do preço dos cereais leva a Cersul – Agrupamento de Produtores de Cereais do Sul a ponderar novos caminhos para o futuro, que passarão pela diversificação das áreas de negócio.
“Atendendo à quebra de 25% no volume de negócios da empresa (facturou 15 milhões de euros em 2015), que ocorreu por via da diminuição do preço do milho, a diversificação é inevitável. A muito curto prazo iremos investir em olival e frutos secos”, revela o presidente da associação, Luís Bulhão Martins, ontem, 19 de Janeiro, em Elvas, na cerimónia de comemoração dos 25 anos da Cersul.
A propósito da baixa do preço dos cereais, o secretário de Estado das Florestas e do Desenvolvimento Rural, também presente na cerimónia, afirmou que “deve ser procurada forma de diminuir a quota de importação. É uma mancha que urge limpar, teremos de conseguir pontos de encontro para chegar a esse objectivo” e garantiu que “o complexo agro-florestal é uma das prioridades do actual Governo”.
A cerimónia comemorativa dos 25 anos reuniu na sede da Cersul, em Santa Eulália, Elvas, cerca de 200 pessoas, entre as quais representantes do Ministério da Agricultura – o secretário de Estado do Desenvolvimento Rural, Amândio Torres, o director do Gabinete de Planeamento e Políticas, Eduardo Diniz, a gestora do PDR2020, Patrícia Cotrim, o presidente do IFAP, Luís Souto Barreiros e o director Regional de Agricultura e Pescas do Alentejo, Francisco Murteira –, os autarcas de Elvas, Nuno Mocinha, de Campo Maior, Ricardo Pinheiro, e de Arronches, Fermelinda Carvalho, e Isabel Jonet, presidente da Federação Europeia dos Bancos Alimentares Contra a Fome.
Amândio Torres sublinhou o espírito associativo e empresarial da Cersul, cujo sucesso se deve em muito à sabedoria e experiência da sua direcção, que “soube agregar pessoas em torno de objectivos comuns, ao longo de 25 anos”.
O presidente da Câmara Municipal de Elvas, por seu turno, deixou um voto para o futuro: “estou confiante que a Cersul continuará a trabalhar com qualidade e inovação para permanecer na primeira linha dos produtores de cereais do Alentejo e do país”.
Luís Bulhão Martins, presidente do conselho de administração da Cersul, embora lamentando que a actual Política Agrícola Comum (PAC) tenha deixado de assegurar o rendimento mínimo aos produtores de cereais, e destacando a difícil situação que o sector atravessa nos últimos três anos, devido à baixa dos preços, sublinhou “o caminho único que a Cersul trilhou em defesa da produção nacional e dos seus 175 associados, conseguindo melhorar a valorização da produção, através de produtos específicos de qualidade e com características que os diferenciam positivamente no mercado (cereais para elaboração de baby-food, lotes de trigo mole de qualidade superior e homogénea, usados como correctores ou melhoradores pela indústria de panificação)”.
A capacidade de armazenamento para 100% da produção de cereais, a criação de um laboratório próprio que realiza análises à qualidade ao trigo, e que é aferida em rede com a indústria e os serviços oficiais, ou mais recentemente, a criação da Associação de Agricultores para a Agricultura de Precisão, cuja missão é aumentar a eficiência e sustentabilidade dos métodos produtivos dos associados da Cersul, foram alguns dos exemplos citados como determinantes para o sucesso do negócio desta organização de produtores.
José Luís Tello Rasquilha homenageado
Figura central desta cerimónia comemorativa, José Luís Tello Rasquilha, fundador e mentor da Cersul, foi homenageado pela actual direcção. “O sucesso é um caminho, não um destino, o seu exemplo não será esquecido”, disse Gabriela Cruz, dando voz ao sentir de todos os associados e membros da Cersul. “A visão estratégica e o compromisso de trabalho em prol do interesse colectivo do Eng. José Luís Tello Rasquilha contribuíram para a sólida afirmação dos agricultores desta região”, acrescentou.
O homenageado retribuiu as demonstrações de apreço com a entrega da medalha de “Comenda da Ordem de Mérito Agrícola”, que recebeu das mãos do Presidente da República em Junho de 2013, ao actual presidente da Cersul. “Eu plantei, adubei e reguei a árvore, mas os ramos e as folhas foram e são os colaboradores e os administradores mais jovens da Cersul, que ajudaram a dar os frutos – os nossos associados –, sem os quais esta instituição não existiria”, rematou o fundador.
Agrupamento com 150 sócios
A Cersul, empresa fundada em 1990, está reconhecida como Agrupamento de Produtores desde 1993 e como Organização de Produtores desde 2012, pretendendo-se agora o seu reconhecimento no quadro do disposto na Portaria 169/2015 para o sector dos cereais, incluindo milho, sementes de oleaginosas e proteaginosas.
A produção dos cerca de 150 sócios da Cersul distribui-se pelos distritos de Portalegre, Évora, Beja e Santarém, tratando-se de explorações multifacetadas ao nível dos sistemas culturais dominantes, muito preocupadas com o aproveitamento dos recursos endógenos e exemplares na valorização do investimento publico nos territórios onde que se inserem.
Os efectivos pecuários e o montado de azinho e sobro convivem com culturas anuais (cereais) e permanentes (olivicultura moderna, viticultura). Os sistemas de produção de regadio têm uma responsabilidade dominante na produção comercializada pelos sócios da Cersul. Aí convivem regadios particulares com regadios públicos, nomeadamente, na zona de influência de Alqueva, Vigia, Caia, Xévora e Lucefecit.
Agricultura e Mar Actual