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Fenareg alerta. Mais de 50% das áreas irrigáveis não podem ser regadas em 2018

A Fenareg – Federação Nacional de Regantes de Portugal está preocupada com a situação de seca severa que assola o País e diz que Mais de 50% das áreas irrigáveis não vão poder ser regadas em 2018.

Diz a Federação que o prejuízo directo estimado é de mais de 1,1 mil milhões de euros no saldo da balança comercial e que por isso “são urgentes medidas compensatórias aos agricultores pelo agravamento de custos com a rega”.

A Fenareg alerta que este ano “haverá fortes restrições em quase todas as obras de rega, a maioria não terá água”.

Após quatro anos consecutivos de precipitação inferior à média, as reservas de água situam-se agora nos 36%, regista o boletim das albufeiras da Autoridade Nacional de Regadio, DGADR.

“Os agricultores são os primeiros afectados pela seca e terão que adaptar as culturas e as áreas cultivadas à água disponível. Redução de colheitas e menores rentabilidades são efeitos da seca prolongada e que acabam transferidos à indústria agro-alimentar e à economia rural”, salienta a Federação.

Área regada reduziu 30%

No ano passado, a área regada reduziu-se 30% e, este ano, estima-se que mais de 50% da área não poderá ser regada, representando um prejuízo directo de mais de 1,1 mil milhões de euros no saldo da balança comercial, num sector que agrega 150.000 empresas agrícolas, responsáveis por 175.000 postos de trabalho directos.

Segundo os responsáveis pela Fenareg, a bacia do Sado apresenta as maiores limitações de água a nível nacional, variando o volume útil de água disponível nas nove albufeiras da região de 0% a 17%, de acordo com o boletim das albufeiras da DGADR, emitido a 2 de Fevereiro.

Arroz será inviável no Vale do Sado

A manter-se a situação actual de seca, a cultura do arroz, será inviável no Vale do Sado.

“Com os actuais níveis de água nas barragens não conseguiremos ir além dos 600 hectares de arroz no Sado, onde num ano normal se cultivam 7.500 hectares de arroz”, afirma João Reis Mendes, director executivo da Aparroz — Agrupamento de Produtores de Arroz do Vale do Sado.

Água de Alqueva

A única forma de viabilizar esta e outras culturas agrícolas na região do Sado é através da transferência dos volumes de água da barragem de Alqueva para as albufeiras periféricas, algumas das quais terão necessidade de comprar 100% da água à EDIA, entidade gestora de Alqueva.

Porém, a aquisição de maiores volumes de água à barragem de Alqueva pelas Associações de Regantes terá uma repercussão directa nos custos da água, com um agravamento estimado de 50% a 70% no preço da água a pagar pelos agricultores, o que inviabiliza a realização da maioria das culturas anuais (arroz, milho, entre outras) na bacia do Sado.

Proposta ao Ministério

A Fenareg apresentou ao Ministério da Agricultura, em Novembro passado, uma proposta de medidas compensatórias aos agricultores pelo agravamento de custos com a rega, com vista a ajudá-los a minimizar os efeitos da “pior seca dos últimos 20 anos”.

Uma das fontes de apoio disponível para colmatar esta situação é o Fundo Ambiental. Este Fundo foi criado em 2016 pelo Governo e tem por finalidade “apoiar politicas ambientais para a prossecução dos objectivos do desenvolvimento sustentável”, designadamente “os relativos às alterações climáticas” e “aos recursos hídricos”, “financiando entidades, actividades ou projectos”.

Modernização do regadio

A Fenareg defende continuar a modernização do regadio, que significou um grande avanço na poupança de água: em três décadas, a agricultura reduziu para metade a água utilizada por hectare.

“O Programa Nacional de Regadios, cujo arranque foi assinalado pelo Sr. Ministro da Agricultura no passado dia 2 de Fevereiro, será mais um progresso na adaptação às alterações climáticas. Como aposta na competitividade da agricultura, também a PAC pós 2020 deve assegurar a continuidade dos investimentos em regadio para melhor resiliência aos períodos de seca”, referem os responsáveis pela Federação.

A Fenareg é uma associação de utilidade pública, sem fins lucrativos, de âmbito nacional, fundada em 2005, que agrupa entidades dedicadas à gestão da água para rega, tanto superficial como subterrânea, com o objectivo de unir esforços e vontades na defesa dos seus legítimos interesses e na promoção do desenvolvimento sustentável e da competitividade do regadio.

Actualmente conta com 27 associados que representam mais de 25 mil agricultores regantes e cerca de 126.000 hectares, que significa mais de 90% do regadio organizado, 76% do regadio colectivo público e cerca de 20% do regadio nacional.

Agricultura e Mar Actual

 
       
   
 

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