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UTAD propõe revolução na floresta contra “inércia” das entidades responsáveis

A Universidade de Trás-os-Montes e Alto Douro (UTAD) defende uma “verdadeira revolução” na floresta, alicerçada em conhecimento técnico-científico, para acabar com “a inércia” das entidades responsáveis pela gestão e ordenamento do espaço florestal.

Este desafio vai servir de mote a um encontro que se realiza na sexta-feira, 13 de Janeiro, em Vila Real, e se insere no ciclo de debates “A floresta portuguesa em causa”, que a academia transmontana está a organizar em conjunto com a Ordem dos Engenheiros.

“A UTAD está assim apostada em quebrar com as receitas e soluções que já provaram não serem as mais adequadas”, afirmou, em comunicado, Rui Cortes, docente e investigador do departamento de Ciências Florestais e Arquitectura Paisagista.

Em debate vão estar temas como o aproveitamento da biomassa florestal, o fogo controlado e a redução do risco de incêndio, o cadastro, o banco de terras, os incentivos ao ordenamento florestal através das Sociedades de Gestão Floresta, a promoção de novas Zonas de Intervenção Florestal (ZIF) e ainda os procedimentos legais para acções de arborização e rearborização.

VAB de 4.000 milhões de euros

Rui Cortes referiu que, “do ponto de vista económico, a floresta em Portugal ocupa uma posição ímpar no contexto europeu, representando a fileira respectiva cerca de 2% do Produto Interno Bruto (PIB)” e em relação ao Valor Acrescentado Bruto (VAB) “aproxima-se dos quatro milhares de milhões de euros”.

Segundo dados do investigador, este sector envolve ainda cerca de “95 mil postos de trabalho directos, além de remunerar quase 400 mil proprietários”, segundo o mesmo comunicado enviado à Lusa, citado no site da Confagri – Confederação Nacional das Cooperativas Agrícolas de Portugal.

“Toda esta riqueza está em perigo, pondo em causa ainda a importante função da floresta na biodiversidade e na conservação do solo e da água”, frisa o investigador.

Rui Cortes considera que “o actual quadro dramático da floresta nacional surge pela conjugação de diversos factores que vão muito além dos incêndios de Verão que alarmam as populações e que incentivam os sucessivos governos a lançar mais medidas e legislação direccionada principalmente para o combate de incêndios”.

Este debate insere-se na discussão pública aberta pelo Governo até ao próximo dia 31 de Janeiro, a fim de preparar um conjunto de medidas legislativas a que chamou “A reforma da floresta” com as quais procura responder aos grandes desafios da floresta portuguesa.

Segundo dados divulgados pela Autoridade Nacional de Protecção Civil (ANPC) e pelo Instituto da Conservação da Natureza e das Florestas (ICNF), a área ardida em 2016 quase que triplicou em relação a 2015, tendo os fogos consumido um total de 152.251 hectares. Já o número de incêndios diminuiu no ano passado cerca de 16% em relação a 2015, tendo deflagrado 13.137 fogos.

Agricultura e Mar Actual

 
       
   
 

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