A Ordem dos Médicos Veterinários (OMV) considera que “a recusa de consumir carne ou outros produtos de origem animal é uma opção individual legitima, que nasce dos critérios e valores éticos de cada um. No entanto, promover o vegetarianismo baseando-se na mentira de que a produção de ruminantes é a maior responsável pelas mudanças climáticas, é falacioso e desonesto”.
Diz um comunicado de imprensa da Ordem que “duas empresas, através do denominado Manual do Peregrino, resolveram sugerir penitências para os jovens que visitam Lisboa por ocasião da Jornada Mundial da Juventude (JMJ). A ideia é a dos jovens compensarem de alguma maneira a pegada de carbono da viagem e estadia em Lisboa, respondendo assim ao repetido apelo do Papa Francisco para que cuidemos melhor do nosso planeta… da Casa Comum”.
A Ordem dos Médicos Veterinários “comunga das preocupações do Santo Padre e, como ele, exorta a que as actividades humanas se orientem por princípios de sustentabilidade”, no entanto, “não pode deixar de criticar o aproveitamento indevido das palavras do Papa Francisco e da boa-vontade aliada a alguma ingenuidade dos jovens peregrinos, ao propor penitências que não só não têm fundamento científico como podem resultar em prejuízo para a saúde dos jovens e ter mesmo o efeito contrário às intenções do Papa”.
Esse aproveitamento, garante a OMV, é “feito através da recomendação inscrita no Manual dos Peregrinos” de que “os jovens se tornem vegetarianos durante um ano como forma de compensarem as emissões de carbono resultantes da sua deslocação em avião ao nosso País”.
A OMV repudia “o aproveitamento de uma inquietação legítima do Santo Padre para difundir e recomendar práticas que em muito pouco respondem a essa preocupação e que, pelo contrário, podem ter um impacto muito negativo na saúde dos jovens, na subsistência de populações de países em vias de desenvolvimento e na sobrevivência de ecossistemas”.
OMV defende pastoreio extensivo
No mesmo comunicado, a OMV aproveitas para “recordar que o carbono emitido pelos ruminantes faz parte do ciclo desse elemento. Ou seja, nenhum carbono é adicionado no ciclo do consumo e emissão realizado pelos herbívoros, ao contrário da queima de combustíveis fósseis ou do seu uso para o fabrico de plásticos
– nestes casos há um acréscimo continuado à quantidade de carbono que já existe na atmosfera”.
Adicionalmente, refere que “a produção de ruminantes em extensivo é o garante da sobrevivência de muitos
povos em zonas áridas e desertas, para além de sustentar e promover a biodiversidade numa imensidade de ecossistemas”.
“É igualmente importante lembrar que as dietas exclusivamente à base de vegetais têm igualmente um impacto enorme sobre o ambiente e a biodiversidade. Ou seja, a troca de dietas não equivale à anulação do impacto”, acrescenta o mesmo comunicado.
E adianta que “provavelmente a penitência mais em linha com o que o Papa Francisco anseia seria a redução substancial da utilização de plásticos (recicláveis e não recicláveis) e do uso dos combustíveis fósseis que se encontram armazenados há milhões de anos na crosta terrestre. Esta atitude sim, teria um efeito certo e dramático na defesa do nosso planeta e da sua biodiversidade”.
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