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Vai extrair cortiça em 2021? Conheça o Guia de Comercialização de Cortiça no Campo da UNAC

O início de mais uma época de extracção de cortiça está a chegar. Têm cortiça para extrair ou vender em 2021? Então é altura de relembrar que a UNAC – União da Floresta Mediterrânica disponibiliza aos produtores um leque de informação técnica e de mercado. Um instrumento para apoio à gestão mas também à comercialização da cortiça, principal produto florestal obtido neste sistema.

Um dos documentos publicados pela UNAC é o Guia de Comercialização de Cortiça no Campo, realizado no âmbito do projecto “Corknow-how: Conhecimento Suberícola em Rede”.

Realça este Guia que o conhecimento pormenorizado do tipo de cortiça produzida por cada produtor florestal, de forma a avaliar de forma criteriosa o seu valor de venda comparando-o com a proposta do comprador, é imprescindível.

Nesse sentido, a Amostragem do Valor Industrial da Cortiça deve ser uma componente a considerar no planeamento da campanha de extracção, de forma a conhecer o tipo de cortiça que se vai comercializar, identificando os parâmetros que a poderão valorizar e/ou desvalorizar.

Este conhecimento possibilita que o produtor efectue a transacção por um valor que represente uma justa remuneração do potencial de valor acrescentado que a indústria irá incorporar na sua cortiça.

Avaliação da matéria-prima

Por outro lado, o Guia refere que a avaliação de qualidade de uma matéria-prima como a cortiça, muito heterogénea, é um processo menos directo quando comparado com outros produtos florestais. De uma forma simples é possível afirmar que a cortiça está na origem de três tipos de produtos, intermédios ou finais: rolhas de cortiça natural; discos de cortiça natural; e granulado de cortiça.

No entanto, a rolha de cortiça natural “é de tal forma determinante no potencial de valor acrescentado do sector que, de um modo quase automático, quando se fala em qualidade de uma prancha de cortiça, está-se a fazer a avaliação em função do seu rendimento em rolhas”.

Amostragem

Quanto à Amostragem do Valor Industrial da Cortiça, serviço disponibilizado por algumas das Associadas da UNAC, permite um melhor conhecimento das cortiças de cada produtor, em função da qualidade e calibre, criando uma base sólida para a comercialização das mesmas e melhorando substancialmente a capacidade de negociação do produtor.

Consiste na recolha de uma cala de cortiça: amostra de cortiça com dimensão de 20 cm X 20 cm extraída para analisar a qualidade da cortiça. Esta amostra permite em data anterior à extracção de uma cortiça conhecer de uma forma muito aproximada: as proporções relativas dos vários calibres da cortiça a extrair; as proporções relativas das diferentes qualidades presentes; uma indicação do seu valor potencial, apresentado sob a forma de intervalo de preços.

A avaliação do valor industrial da cortiça antes da extracção, perspectivando o calibre à data da sua comercialização é uma ferramenta importante para a decisão efectiva de extracção. Se esta análise identificar que uma percentagem considerável da cortiça a extrair poderá estar no patamar superior do calibre não rolhável (transição de delgada para meia marca), poderá ser compensador adiar a extracção da cortiça por um ano, permitindo que esta cresça e ganhe calibre, passando a rolhável, o que vai promover de um modo exponencial a sua valorização.

Qualidade

Em termos industriais é vulgar fazer-se uma classificação agregada em quatro classes de qualidade: boa, média, fraca e refugo. Estas novas categorias aproximam-se mais do verdadeiro rendimento de transformação industrial das diversas pranchas de cortiça.

De uma maneira geral podem agregar-se as pranchas de cortiça que se destinam à produção de rolhas naturais (calibre rolhável), em quatro classes de qualidade:

Boa – corresponde às pranchas de 1ª, 2ª e 3ª qualidades

Uma análise da figura permite salientar como característica mais evidente a homogeneidade da massa. Constata-se também a reduzida porosidade, com poros cilíndricos e de pequena dimensão, bem como a reduzida espessura da costa.

Média – corresponde às pranchas de 4ª e 5ª qualidades

As cortiças médias apresentam uma maior porosidade, tanto pelo número superior de poros como pela sua maior dimensão e irregularidade. A raspa é mais espessa do que na classe anterior, as barrigas são mais onduladas e o prego surge com maior presença.

Fraca – corresponde às pranchas de 6ª qualidade

As cortiças fracas têm a massa bastante heterogénea, com muitos poros, de formatos irregulares e de grande dimensão. A raspa é espessa e as barrigas geralmente são bastante rugosas e onduladas. Muitas vezes as costas têm muito enguiado ou rachado profundo.

Refugo

Na classe de refugo incluem-se todas as cortiças que, dada a extensão dos diversos defeitos, apenas têm aproveitamento para granular. O refugo pelos seus defeitos não permite a brocagem de rolhas, nomeadamente pela existência de galerias de formiga ou cobrilha no meio da massa, bem como pela elevada presença de poros cónicos. A porosidade é elevada, tem formas irregulares e encontra-se dispersa no meio da massa.

Sobreiro, a segunda espécie florestal portuguesa

Refira-se que o sobreiro é actualmente a segunda espécie florestal portuguesa, ocupando 23% da área de povoamentos florestais (737.000 hectares) e possuindo uma excelente adaptação ecológica a vastas zonas do nosso País.

Enquanto sistema de uso múltiplo, o montado de sobro, onde se destaca a produção de cortiça como actividade principal, inclui também uma variedade de actividades complementares, como a pecuária, cinegética, produção de cogumelos e plantas aromáticas.

A cortiça é o principal produto da exploração económica deste sistema e aquele que, pelo valor da sua produção, pode assegurar a sua sustentabilidade, permitindo o reduzido grau de intensidade de exploração do sob coberto que garante a sua biodiversidade e o seu elevado valor ambiental.

Emprego em zonas rurais, combate à desertificação, regulação do ciclo da água e dos nutrientes, sumidouro de carbono e protecção e conservação de um conjunto de espécies e habitats de elevado valor, são vertentes deste mesmo sistema em que a cortiça é o motor. Por todos estes factores, a contribuição económica e social desta espécie nas regiões rurais, sem muitas alternativas culturais e de emprego, é assinalável.

Portugal é líder na produção de cortiça, com cerca de 50% da produção mundial e 65% das exportações mundiais de cortiça. Ao nível do comércio externo, a cortiça representa 2% das exportações portuguesas.

Pode ler o Guia de Comercialização de Cortiça no Campo completo aqui.

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