“Os estudos que temos feito sobre a região [de Odemira] sobre o que aconteceria se não houvesse agricultura no território, o que concluímos é que seria o abandono. O abandono de pessoas, primeiro das que vieram para trabalhar e depois a própria população nativa, que desapareceu nos anos em que não houve investimento e que não houve actividade. Numa altura de fortes alterações climáticas, aquilo que acontece a seguir ao abandono humano, é o abandono climático e a verdadeira desertificação”.
As palavras são de Ricardo Reis, do Centro de Estudos da Universidade Católica, na sua intervenção no 6º Colóquio Hortofrutícola, promovido pela Lusomorango – Organização de Produtores de Pequenos Frutos, em colaboração com a Universidade Católica Portuguesa, realizado hoje, 19 de Julho, em Odemira, dedicado ao tema “Novas Fontes de Água: Soluções estruturais para um futuro sustentável”.
No painel do Colóquio dedicado ao “Retrato de Odemira: impacto da actividade agrícola hoje e o futuro do território sem a gestão de água necessária”, Vasco Malta, Chefe de Missão da Organização Internacional para as Migrações (OIM) Portugal, destacou que “é aceite que a agricultura e o turismo, são pilares fundamentais aqui na economia de Odemira, porque proporcionam empregos e estabilidade económica aqui à região. Os trabalhadores estrangeiros desempenham aqui um papel fundamental nestas indústrias porque eles e elas vão preencher lacunas que existem no mercado de trabalho que a população local simplesmente não consegue preencher ou não o quer”.
Resolver o problema da água
Já o ex-presidente do Instituto Português do Mar e da Atmosfera (IPMA), Miguel Miranda, com a apresentação “A Água que alimenta”, salientou a importância que “é preciso que a mudança europeia que começou a sentir-se nos últimos tempos seja aplicada também a nível nacional. Resolver o problema da água é o mais simples de resolver. Ninguém tem dúvidas que não é possível viver sem água doce. Tudo o que seja possível fazer para aumentar a iniciativa, incluindo a privada, para aumentar a disponibilidade de água deve ser bem-vindo. A necessidade não se esgota na eficiência. Não há razão nenhuma que justifique que não se invista no armazenamento de água. É preciso ter uma acção musculada, mais intensa e mais rápida porque a situação do ponto de vista climático e meteorológico não é positiva. A aceleração do aquecimento não tem mostrado qualquer tendência de redução, pelo contrário”.
Após as apresentações dos estudos sobre as “Novas fontes de água para o território?”, que incluíram a “Apresentação do Estudo sobre solução de interligação entre Alqueva-Santa Clara”, pelo consultor Jorge Froes, e o “Ponto situação: Apresentação do Estudo “Água do Atlântico para o Sudoeste Alentejano: Dessalinização de água do mar à região do Perímetro de Rega do Mira”, pelo consultor Miguel Sousa Prado, teve início o debate sobre “Água, o futuro necessário hoje e as soluções estruturais que servirão todos”.
Agricultura e Mar