Os resultados de uma consulta pública da União Europeia (UE) sobre as Novas Técnicas Genómicas (NTG) mostram que 80% dos 2.200 inquiridos reconhecem que as técnicas de melhoramento mais recentes, como a mutagenese dirigida e a cisgénese, não estão bem legisladas. De acordo com Ana Margarida Fortes, Professora Auxiliar na Faculdade de Ciências da UL e directora do Laboratório de Genómica Funcional de Frutos e Biotecnologia, “não há razão científica para considerar que estas plantas têm riscos associados, nomeadamente se comparadas com as plantas que resultam da mutagénese aleatória e que não têm uma legislação tão apertada”.
Ana Margarida Fortes falava no segundo painel do Simpósio Semente & Biotecnologia – Da Inovação à Sustentabilidade, que a Anseme — Associação Nacional dos Produtores e Comerciantes de Sementes e o CiB – Centro de Informação de Biotecnologia realizaram no dia 27 de Janeiro, no Hotel Quinta das Lágrimas, em Coimbra, dedicado ao tema “Novas Técnicas Genómicas (NTG)”.
Adiantou ainda a investigadora citou a EFSA, a Autoridade Europeia para a Segurança Alimentar, segundo a qual “as variedades obtidas por novas técnicas genómicas têm essencialmente o mesmo perfil de risco que as variedades vegetais produzidas pelo cultivo convencional”.
Ao contrário dos antigos métodos ‘inexactos’, “as alterações são feitas de uma forma deliberada, direccionada e mais precisa. Portanto, podemos avaliar melhor estas alterações e quaisquer riscos”, acrescentou Ana Margarida Fortes, que não tem dúvidas de que “o potencial das novas tecnologias de melhoramento é enorme”.
Como exemplos referiu as aplicações que já estão a ser feitas em alguns países e que resultam em mais alimentos (melhores rendimentos, características de qualidade) melhores alimentos (menos pesticidas, mais nutritivos), melhor saúde (produção mais fácil e mais barata de produtos biofarmacêuticos), protecção do ambiente e sustentabilidade. Apontou como exemplos o tomate roxo geneticamente editado enriquecido com GABA e o arroz e milho que em ensaios no terreno registaram um aumento na produção de 10% graças à tecnologia CRISPR (uma ferramenta de edição do genoma).
Ana Margarida Fortes mencionou ainda a sua própria experiência no Laboratório de Genómica Funcional de Frutos e Biotecnologia, onde actualmente utiliza o CRISPR-Cas9 para desacelerar a maturação do tomate e, deste modo, evitar as perdas pós-colheita. “Já conseguimos algum desaceleramento da maturação”.
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