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Regantes de Portugal: duplicação do preço da água proposta pela EDIA “é uma proposta indecente”

Os regantes “estão em estado de choque” e consideram “indecente” a proposta de revisão dos preços da água e o plano de contingência para rega, apresentados pela EDIA — Empresa de Desenvolvimento e Infra-Estruturas do Alqueva na reunião do Conselho para o Acompanhamento do Regadio de Alqueva, no passado dia 1 de Fevereiro.

“Essa proposta de revisão de preços, duplica as tarifas da água para rega, situação a todos os títulos inaceitável, que condena a utilização da água para a grande maioria das culturas agrícolas, com consequências gravíssimas para o sector agrícola, a economia nacional e a coesão territorial”, alerta a direcção da Fenareg – Federação Nacional de Regantes de Portugal.

E acrescenta que “também a viabilidade dos perímetros de rega confinantes, que estão ligados a Alqueva, fica em risco com esta proposta”.

A posição de todos os membros do Conselho foi consensual e, nesse sentido, a Fenareg apela aos ministros da tutela, Agricultura, Ambiente e Finanças, mas principalmente ao primeiro-ministro, que “intervenha nesta matéria que coloca em causa o sucesso de Alqueva, a economia de toda uma região e a agricultura ao nível nacional”.

A Fenareg recorda que desde o início do projecto “era sabido que o ponto crítico do Empreendimento de Fins Múltiplos de Alqueva é o custo energético de transporte da água até onde é necessária, e por essa razão o projecto contemplou a construção de uma central hidroeléctrica, financiada pelos fundos agrícolas, para compensar esses mesmos custos”.

Fenareg pede fim de produção eléctrica para a EDP

José Nuncio, presidente da Fenareg, afirma que “compreendemos o défice nas contas da EDIA, resultado do sucesso do empreendimento, mas se em determinado período da nossa história, o Estado para equilibrar as suas contas entendeu vender os direitos de produção da central à EDP, é chegada a altura de inverter esta situação, revendo as condições da concessão, revertendo a exploração para a EDIA ou assumindo o défice desta empresa pública”.

Sobre o Plano de Contingência, que define níveis de utilização de água, a Fenareg entende que, face à capacidade de armazenamento, de regularização e de recuperação demonstrados pelo “grande lago”, para além das elementares medidas no sentido de melhorar a eficiência, “devem ser eliminados os primeiros três níveis de contingência propostos” e explica que “quando não existe uma real limitação do recurso, também não existem razões objectivas para limitar o acesso à água”.

A Federação considera também que as organizações do sector, incluindo as associações de agricultores, deveriam ter sido previamente consultadas sobre os valores propostos para as utilizações de água das culturas.

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