A Quercus – Associação Nacional de Conservação da Natureza repudia o abate de 300 sobreiros junto à linha do Vouga, em Águeda, uma “acção que está a indignar a população”.
A Associação diz que tem recebido “queixas da população indignada devido ao de abate de mais de 300 sobreiros verdes junto da linha ferroviária do Vouga, na zona da Cavada Nova, freguesia de Macinhata do Vouga, no concelho de Águeda”.
“Uma empresa, subcontratada pela Infra-estruturas de Portugal, está desde o dia 21 de Março, paradoxalmente no dia em que se assinala o Dia Internacional da Floresta e Dia da Árvore, a executar o abate dos sobreiros na zona envolvente à linha do Vouga, constando existir autorização do ICNF – Instituto de Conservação da Natureza e das Florestas. Contudo, apesar de alguns sobreiros não se encontrarem cintados de branco conforme requisito legal, o madeireiro já se encontra no local a cortar todas as árvores”, refere a Quercus em comunicado.
E garante que “os sobreiros na sua maioria não representam perigo de queda e nem todos estão na faixa de gestão de combustível dos 10 metros, pois alguns estão em zona urbana ou agrícola”, realçando que, “na localidade de Jafafe, Macinhata do Vouga, no concelho de Águeda, a população colocou bandeiras nacionais nos sobreiros, para tentar evitar o seu abate”.
Adianta o mesmo comunicado que “há cerca de 6 meses, quando ocorreram as primeiras denúncias sobre a intenção de abate dos sobreiros junto da linha do Vouga, a Quercus solicitou esclarecimentos à Direcção Regional de Conservação da Natureza e das Florestas do Centro do ICNF e à empresa Infra-estruturas de Portugal”, a qual respondeu apenas que “não obstante o corte estar autorizado, o processo está em avaliação, no sentido de se encontrar forma que equilibre a segurança da exploração ferroviária com a preservação das árvores em causa”.
Quercus apela à suspensão do abate de sobreiros
A Quercus desconhece qual a avaliação que a Infra-estruturas de Portugal efectuou, tendo remetido na passada sexta-feira, dia 24 de Março, um novo pedido de esclarecimento sobre o assunto, apelando à suspensão do abate de sobreiros, até cabal esclarecimento deste processo.
“O desaparecimento destas árvores é uma grande perda ambiental, paisagística e cultural que devia ser evitada. Parte das árvores, nomeadamente os sobreiros, podiam ter sido podados, cortando apenas alguns ramos e evitando o seu corte”, frisa a Quercus.
No local, “constatou-se que alguns dos sobreiros já cortados, para além de saudáveis, não estavam a causar problemas à circulação dos comboios. Por outro lado, para além de cumprirem uma função de protecção e estabilização dos taludes nas zonas com declive, debaixo destes não cresciam acácias como na zona envolvente. Sem estes, não só vai existir mais erosão, como irá proliferar o acacial já instalado”, diz o mesmo comunicado.
O sobreiro, além de espécie protegida, é considerado desde 2011 a “Árvore Nacional de Portugal”, devido ao seu valor económico, social e ambiental. “Continuamos a assistir a situações deste género, promovidas por entidades públicas, que deveriam fazer muito melhor gestão e protecção do património natural da região e do País”, refere ainda a Quercus.
Abate de 300 sobreiros junto à linha do Vouga, em Águeda – Não ao corte indiscriminado de Árvores! from Quercus on Vimeo.
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