A Aprolep — Associação dos Produtores de Leite de Portugal organiza hoje, 25 de Fevereiro, a partir das 11 horas, uma manifestação em frente à Câmara Municipal do Porto. O objectivo é “alertar o Governo e os vários partidos para a necessidade de aplicar no terreno a nova Política Agrícola Comum (PAC), permitindo a sobrevivência imediata dos agricultores, com o objectivo de desafiar mais uma vez a indústria e a distribuição a dialogarem para colocar o preço do leite ao produtor em níveis sustentáveis.
A Aprolep vai colocar no chão da Avenida dos Aliados, no Porto, cidade que está no centro das maiores bacias leiteiras do País, as botas usadas pelos produtores de leite, representando os 200 produtores que abandonaram o sector no último ano “e muitos mais que irão abandonar se não for alterado este caminho para a morte lenta da produção de leite em Portugal”.
Menos 200 produtores de leite
Em comunicado, a Associação explica que em 2020 Portugal perdeu 200 produtores de leite. “Duzentas famílias e funcionários que abandonaram esta actividade. Restam apenas 4.000 agricultores neste sector, menos de metade em Portugal continental. Os que resistem ou sobrevivem estão cansados, revoltados e muito preocupados com o futuro”.
E salientam que em Dezembro, “o preço médio ao produtor foi 30,4 cêntimos/kg, um dos mais baixos da Europa. Não temos qualquer indicação de subida desse preço. O leite está a ser pago aos produtores abaixo dos custos de produção”.
“Em Dezembro o preço da ração começou a subir. Há agricultores a pagar 38 cêntimos por kg de ração. Não sabemos como vai evoluir esse preço. Apesar de ser apenas 20% da quantidade total de alimento ingerida por uma vaca, a ração representa 50% dos custos de uma vacaria”, alertam aqueles produtores.
Menos apoios?
Segundo a Associação dos Produtores de Leite de Portugal, “este preço baixo do leite tem sido mitigado, ao longo dos anos, com as ajudas da PAC, mas no final de 2020, fomos confrontados com simulações da evolução das ajudas ao rendimento para os próximos anos realizados por entidades independentes, como a Universidade Católica do Porto ou o Professor Francisco Avilez, que apontam uma enorme redução das ajudas anuais à produção de leite, um sector competitivo, criador de emprego, exportador e responsável pelas paisagens do Entre Douro e Minho e da Beira litoral, as principais bacias leiteiras no continente”.
Por outro lado, frisam que tem sido apontada pelo Ministério da Agricultura a hipótese de mitigar essa redução com um ajuste dos pagamentos ligados e a introdução de “eco-regimes”, com o objectivo de pagar o contributo da agricultura e da produção de leite no combate às alterações climáticas e na preservação do ambiente e biodiversidade, “mas na verdade as simulações mais optimistas do próprio Ministério indicam perdas brutais nas ajudas ao rendimento dos produtores de leite”.
Para os agricultores e produtores de leite, “mais importante que as ajudas seria receber um preço justo. Esse tem sido o foco da Aprolep desde a sua fundação em 2010, mas até atingir esse ideal as ajudas serão fundamentais”.
A Aprolep defende também as propostas do European Milk Board, Associação Europeia de Produtores de Leite, para um “mecanismo de alerta precoce de crises de mercado e um programa de redução voluntária da produção em caso de excedentes”.
Agricultura e Mar Actual