Início / Agricultura / Produção de grãos começa a retomar bons números
Foto por Pavlofox/CC 0

Produção de grãos começa a retomar bons números

A economia de Portugal mudou muito nas últimas décadas. No início da década de 1960 o País tinha as suas principais matrizes na agricultura, silvicultura e pesca. Entretanto, desde a metade da década de 1980, quando passou a integrar a Comunidade Europeia, passou a se concentrar no sector de serviços.

Desta feita, este último actualmente constitui 76,6% do PIB e 66,1% da mão-de-obra enquanto o sector da agricultura caiu de 24% para apenas aproximadamente 2% do PIB. Apesar disto, mais de 10% da mão-de-obra total ainda está relacionada a ele. Além disto, os sectores da indústria, construção, energia e água constituem 21,2% do PIB e representam 23,7% da mão-de-obra.

Foto por PedroPVZ/CC BY-SA 3.0

Importância história dos grãos está presente em diversos aspectos culturais

A ideia do sanduíche, um dos produtos mais populares feitos com grãos, foi engenhosamente proposta por John Montagu, o IV Conde do Sanduíche. O lorde, que era um ávido fã de pôquer, queria ter uma maneira de comer enquanto praticava sem sujar suas cartas e, assim, teve a ideia de colocar sua fatia de carne dentro de dois pães.

O facto de refeições quentes estarem a ser substituídas nos últimos anos por sanduíches levaram a um aumento no consumo de baguetes e ciabattas em Portugal, especialmente nas principais cidades como Lisboa e Porto o que faz com que seja necessário atender a esta demanda crescente.

O empresário Fernando Carpinteiro Albino argumenta que Portugal tem de voltar a apostar nos cereais já que “não se pode dar ao luxo de importar quase 100% do pão e das massas que consome”. O empresário afirmou ainda que a quase totalidade do pão consumido em Portugal é fabricado com matérias-primas provenientes do estrangeiro.

“Infelizmente, 92% do pão que todos nós consumimos é importado”, disse enquanto acrescentava que Portugal importa trigo europeu, sobretudo de França e da Alemanha, mas também “muito do Canadá” o que implica em grandes custos.

Produção de grãos voltou a subir, mas importação continua necessária

As principais culturas de grãos portugueses são o trigo, a cevada, o milho e o arroz. Também precisam ser destacados os cultivos de batatas, diferentes espécies de uvas, azeite e tomate.

Portugal é historicamente dependente da importação de grãos para suprir as suas necessidades mas os dois principais grupos portugueses de produção de cereais no País são o Cerealis e a Moagem Ceres. Juntos compartilham aproximadamente 80% do mercado. Outras unidades importantes baseadas em Lisboa partilham entre 15% e 20% do mercado.

De acordo com dados do periódico estrangeiro Miller Magazine, a produção de milho em Portugal em relação aos outros grãos é a maior de sempre. Está a ocorrer um aumento gradual da produção deste cereal nas últimas dez campanhas e actualmente o número está próximo de um milhão de toneladas.

Da campanha 2007/08 para 2010/11, o volume de produção aumento entre 600-700.000 toneladas, antes de subir para 810.000 toneladas em 2011/12. Finalmente, a produção de milho atingiu 831 mil toneladas em 2012/13, 848 mil toneladas em 2013/14 e 933 mil toneladas em 2014/15 não parando de crescer desde então.

O milho, obviamente, está entre as exportações mais importantes de Portugal. Durante as últimas dez campanhas, a exportação de milho foi de cerca de 25 a 30 mil toneladas. Na campanha 2006/07, os valores foram mais baixos, com 6.000 toneladas, enquanto a exportação atingiu o seu pico em 2007/08, com quase 100.000 toneladas.

Apesar do aumento da produção e exportação nas últimas campanhas, Portugal ainda importa muito do seu milho. Entre as safras 2005/06 e 2013/14 foram importados mais de 1,5 milhão de toneladas. Em 2010/11, a importação de milho diminuiu para 1,4 milhão de toneladas, antes de subir para 1,6 milhão de toneladas em 2012/13 e permanecer aproximadamente no mesmo patamar nos anos seguintes, com uma leve variação. A produção de trigo de Portugal também é digna de nota e pretende crescer. Durante o período que compreende as campanhas 2005/06 e 2009/10, os números geralmente superaram 200.000 toneladas.

De toda sorte, ocorreu um declínio significativo a partir de 2010/11, quando o número caiu abaixo de 90.000 toneladas. Na última década a produção sofreu mais uma queda, até quase 50.000 toneladas. Houve uma recuperação, mas ela ainda não atingiu os grandes valores de outrora.

Isto fez com que fosse necessário que Portugal importasse muito do seu trigo. Na última década, a importação de trigo foi geralmente de cerca de 1,5 milhão de toneladas. A maior importação ocorreu em 2004/05, com 1,7 milhão de toneladas e o número está a sofrer variações graduais de 100.000 toneladas para cima ou para baixo durante os últimos anos.

Os dados da FAO indicam que o número de importação e exportação de farinha de Portugal está a crescer gradualmente. O País exportou aproximadamente 25.000 toneladas de farinha entre 2005/06 e 2011/12, antes de subir para 35.000 toneladas em 2012/13 e 45.000 toneladas em 2013/14. Ao mesmo tempo, Portugal importou 50.000 toneladas nas safras 2009/10, 2010/11 e 2011/12, subiu para 61.000 toneladas em 2012/13 e 74.000 toneladas em 2013/14.

Em relação ao cultivo de cevada, aveia e centeio nas últimas três décadas, os valores de produção são sempre inferiores às 70.000 toneladas para Portugal, com a exportação destes mesmos grãos sempre estando abaixo de 45.000 toneladas.

A produção de arroz de Portugal encontra-se na casa das 200.000 toneladas. Ainda assim, a FAO indica que este é o grão mais comercializado pelo País e os números na última década normalmente giraram em torno de 20.000 a 30.000 toneladas.

Declínio com esforços bem-sucedidos de recuperação

Nos últimos anos a participação da agricultura portuguesa na economia de maneira geral esteve a declinar mas diversos esforços pretendem reverter esta situação.

O sector agrícola do País está a passar por diversas mudanças estruturais, especialmente relacionadas ao aumento do número de áreas destinadas à agricultura de diversos tipos e o uso de novos e mais avançados métodos de cultivos.

Conforme os dados apresentados, diversas mudanças positivas no sector já puderam ser sentidas na última década: a produção de grãos já começou a retomar bons números e o número de importações necessárias já está a baixar. Basta que o País continue investindo cada vez mais no sector para que os esforços venham a dar cada vez mais resultados.

Agricultura e Mar Actual

 
       
   
 

Verifique também

FilCork estima produção de 4,5 milhões de arrobas de cortiça em Portugal em 2024

Partilhar              A FilCork – Associação Interprofissional da Fileira da Cortiça estima uma produção de cortiça na …

Um comentário

  1. Seria importante realçar que o aumento da produção de milho tem provavelmente a ver com a introdução de variedades transgénicas.
    Seria igualmente informativo mencionar quanto da produção nacional de grão destina-se a consumo humano e quanto vai para rações e afins.

Deixe um comentário

O seu endereço de email não será publicado. Campos obrigatórios marcados com *

Este site utiliza o Akismet para reduzir spam. Fica a saber como são processados os dados dos comentários.