O presidente da ACOS – Associação de Agricultores do Sul e da Comissão Organizadora da Ovibeja, Rui Garrido, diz que num sector em que “ainda mantemos algum espírito individualista, quando comparado com o que se verifica aqui ao lado, em Espanha”, o esforço associativo por parte dos agricultores “é indispensável para se ganhar escala e para podermos vender em conjunto”.
“Felizmente as coisas têm evoluído, mas mais lentamente do que aquilo que nós gostávamos. Hoje temos muitos contactos com parceiros espanhóis com quem comercializamos a lã, borregos, bezerros, compramos-lhes rações, etc.. Temos grandes parcerias com os nossos vizinhos espanhóis da Andaluzia e da Extremadura e verificamos que, sobretudo no sector da agropecuária, estamos a anos-luz. Eles evoluíram muito mais e comercializam em conjunto muito mais do que nós. Incomparavelmente. Por cá, há casos de sucesso, mas as coisas fazem-se muito lentamente e ainda mantemos algum espírito individualista”, adianta Rui Garrido.
Muitos de nós, só quando nos sentimos apertados é que nos lembramos de que o associativismo é importante. E é importante aos mais variados níveis
As declarações foram proferidas em entrevista ao jornalista Carlos Júlio, para a Revista Ovelha — publicação mantida pela Associação há mais de 30 anos —, por ocasião da 40ª Ovibeja, que se realiza de 30 de Abril a 5 de Maio no Parque de Feiras e Exposições Manuel de Castro e Brito, em Beja. Uma entrevista com o título “Precisamos de um ministro da Agricultura que dialogue com os agricultores”.
Mas, como é que se manifesta esse individualismo? “Por exemplo, fazemos leilões de bovinos aqui na ACOS, uma vez por mês, durante todo o ano. Havia leilões em Montemor-o-Novo e em Évora, mas sentia-se a necessidade, que muitos associados nos faziam chegar, de se fazerem também leilões aqui em Beja. Começámos a realizar esses leilões aos quais muitos dos nossos produtores foram aderindo. Há até associados que não vendem de outra forma, que não seja através da ACOS. Mas, não acontece assim com todos, alguns dos quais, sempre que podem, vendem por fora. Temos animais suficientes para fazer leilões quinzenais. É uma crítica que fazemos aqui na ACOS e que é um exemplo desse individualismo que ainda se manifesta. Muitos de nós, só quando nos sentimos apertados é que nos lembramos de que o associativismo é importante. E é importante aos mais variados níveis”, responde Rui Garrido à Revista Ovelha.
Para o presidente da ACOS, “é importante para a gente ganhar escala, é importante para podermos vender em conjunto, para nos habituarmos a confiar nas nossas associações e cooperativas. Eu, por exemplo, fui um produtor de cereais até há pouco tempo, mas entregava o que produzia na Cooperativa de Beja e nem perguntava quando ou quanto ia receber. Nem eles sabiam. Só depois de venderem ao melhor preço possível é que pagavam aos seus cooperantes. Mas é um caminho no qual temos ainda muito que percorrer e daí este tema da Ovibeja, quando completa 40 anos, ser tão actual”.
Pode ler a entrevista completa aqui.
Conheça o programa completo da 40ª Ovibeja aqui.
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