O Instituto Politécnico de Portalegre lidera um projecto inovador, centrado no desenvolvimento de soluções padronizadas para gaseificadores em pequena escala, que poderá, a médio prazo, ajudar a impulsionar o sector agroindustrial do País, criando oportunidades de negócios e promovendo a sustentabilidade energética.
O projecto “Implementação da metodologia DMAIC para potenciar a valorização de resíduos agroindustriais através de soluções de gaseificação em pequena escala”, financiado pela Fundação para a Ciência e a Tecnologia (FCT), permite o uso de biomassa residual como recurso energético nesta região, podendo ser uma solução complementar à actual infra-estrutura energética, refere o Instituto em nota de imprensa.
“Além disso, permite impulsionar as oportunidades económicas entre agricultores e dinamizar o desenvolvimento de centrais térmicas de pequena e média dimensão”, explica Valter Silva, coordenador do projecto.
“As soluções de gaseificação em pequena escala contribuem para uma maior diversificação do portfólio energético em Portugal, sendo uma alternativa válida para situações por exemplo de aquecimento de piscinas públicas ou de aquecimento de águas em hotéis rurais”, acrescenta.
Este projecto permitiu responder a um dos maiores problemas desta tecnologia (a variabilidade da composição da biomassa leva também a oscilações do gás produzido), através do mapeamento das condições operatórias que permitem operar o reactor de forma estável, desta forma aumentando a eficiência global, diminuindo os custos de operação (~10-20%), e minimizando as emissões (~10%), adianta a mesma nota.
Soluções sustentáveis no agroindustrial
A gaseificação poderá ser vista como uma resposta eficaz à necessidade de soluções sustentáveis no sector agroindustrial, aliado ao potencial do uso de biomassa residual como recurso energético complementar à infra-estrutura energética actual.
Realça a mesma nota que o uso de biomassa residual pode também “aliviar um dos nossos maiores problemas nacionais, o efeito destes resíduos na propagação de fogos cada vez mais de dimensão considerável”.
Segundo Valter Silva, foi adoptada a metodologia DMAIC (Definir-Medir-Analisar-Melhor-Controlar) para impulsionar a eficiência energética e garantir a optimização e a robustez das soluções de gaseificação em pequena escala.
Este projecto foi pioneiro no uso desta metodologia de forma sistemática para processos de gaseificação e combustão. Esta metodologia é tipicamente encontrada no sector industrial de manufactura, mas raramente no sector de produção de energia. Nesse sentido, os resultados são também escaláveis a outras indústrias no sector da produção de energia.
O projecto “tem tido bastante impacto, com um elevado número de artigos científicos, capítulos em livro, livro publicado e conferências científicas internacionais realizadas”, acrescenta o Politécnico de Portalegre.
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