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PCP: se “BCE reconhece que inflação não vem da procura” que espera o Governo para aumentar salários?

“Se o BCE [Banco Central Europeu] reconhece que a inflação não vem da procura, o que espera o Governo para aumentar salários?”. A pergunta é do deputado do Grupo Parlamentar do Partido Comunista Português (PCP) e foi feita por Duarte Alves, durante a sua intervenção em Reunião Plenária, na Assembleia da República.

“Tivemos na passada segunda-feira [27 de Março] uma autêntica operação em que o Governo veio ajudar a limpar a face da grande distribuição. Os mesmos que durante anos deram cabo do pequeno comércio; esmagaram os preços pagos aos produtores; promoveram a importação em vez da produção nacional; os mesmos que durante anos, e em particular nos últimos meses, especularam e ganharam milhões com o aumento dos preços (…) foram trazidos para a ribalta por um primeiro-ministro que voltou a professar a submissão do Governo aos interesses da grande distribuição”. Assim começou Duarte Alves o seu discurso no Parlamento.

Para aquele deputado comunista, “a redução do IVA [Imposto sobre o Valor Acrescentado], sem medidas de controlo de preços, significa a transferência de recursos públicos para a grande distribuição. Disse o primeiro-ministro que este acordo é baseado na boa-fé. Mas afinal, que boa-fé esperar de grupos económicos que têm este cadastro de ruína dos produtores, esmagamento do pequeno comércio, abuso da posição dominante, e mesmo de cartel, para impor preços que lhes garantem lucros milionários, à custa dos consumidores?”.

“Nada garante que, sem controlo de preços, não venhamos a ter dentro de pouco tempo as mais variadas técnicas financeiras, elaboradas nas melhores consultoras, para garantir que, de uma forma ou de outra, os 6% caiam directamente no bolso da Sonae, Jerónimo Martins e outras”, frisou o deputado.

E adiantou que “pior ainda, quando a medida acabar e o IVA voltar aos 6%, depois de incorporarem essa margem, lá terão novo pretexto para voltar a aumentar os preços”.

“Ainda hoje foi mais uma vez afirmado pelo BCE que a espiral inflacionista vem do aumento das taxas de lucro e não da subida dos salários, como chegaram a afirmar António Costa e Fernando Medina. Se até o BCE reconhece que esta inflação não vem da procura, de que está à espera o Governo para aumentar salários e pensões?”, questionou Duarte Alves.

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