A deputada única do PAN – Pessoas-Animais-Natureza, Inês de Sousa Real, recomenda ao Governo “a suspensão temporária da actividade cinegética em todas as áreas ardidas e confinantes do território nacional para a recuperação da fauna e dos seus habitats naturais após os incêndios florestais e a implementação de programas de alimentação e abeberamento para a fauna selvagem afectada”.
Para Inês de Sousa Real, “neste contexto especialmente sensível, a caça surge como um factor que agrava ainda mais a pressão sobre a biodiversidade. O stress causado por eventos climáticos extremos, como os incêndios, coloca os animais em condições de fragilidade. O incêndio não só destrói os seus habitats, como força os animais a fugir, dispersando-se por outras áreas e a enfrentar também a escassez de alimento e abeberamento”.
“O tempo que os animais necessitam para se readaptar a estas novas condições é considerável, e durante esse período, estão particularmente vulneráveis. A caça, ao interromper este processo de recuperação, amplifica o impacto negativo”, considera a deputada única do PAN, em Projecto de Resolução n.º 307/XVI/1.ª, entregue na Assembleia da República.
Assim, recomenda ainda ao Governo que abranja essa suspensão temporária da actividade cinegética “a zonas de caça contíguas às áreas ardidas, uma vez que nestas zonas limítrofes é crucial garantir que os animais em fuga não enfrentem uma nova ameaça, permitindo-lhes encontrar refúgio e restabelecer-se as populações em segurança”.
E aconselha também o Governo a implementar programas de alimentação e abeberamento para a fauna selvagem afectada, particularmente nas áreas onde o habitat foi destruído pelos incêndios, garantindo que os animais tenham acesso a água e alimento até que os ecossistemas se possam regenerar” e que “reforce a fiscalização e vigilância da actividade cinegética durante o período de suspensão, garantindo o cumprimento da interdição em todo o território nacional, com especial atenção às áreas mais sensíveis e aos habitats de espécies em perigo de extinção”.
Realça a deputada que “desde o 15 de Setembro de 2024, que arderam 124 mil hectares hectares em Portugal, tendo vitimado 8 pessoas, pelo menos 4 bombeiros e 4 civis e deixado pelo menos 166 feridos. Os incêndios, que fustigaram o País, mobilizaram um total de 3.191 operacionais, 948 veículos e 22 meios aéreos (…) que de forma inexcedível — e até à exaustão —, a par dos populares, procuraram defender as populações, os animais, o património natural e bens”.
Para Inês de Sousa Real, os incêndios florestais em Portugal “têm sido dos eventos mais devastadores, representando não apenas uma ameaça imediata à vida (humana e animal) e aos bens, mas também um perigo para os ecossistemas e para a biodiversidade. A combinação de secas severas, temperaturas elevadas e ventos intensos, eventos exacerbados pelas alterações climáticas, cria condições perfeitas para a ocorrência de grandes incêndios”.
“Má gestão florestal “
“Estes eventos extremos estão a tornar-se mais imprevisíveis, mais fortes e mais frequentes devido à crise climática, agravado, no caso português, pela má gestão florestal e de ordenamento do território, marcado pela monocultura do eucalipto e demais árvores resinosas, como o pinheiro”, diz a deputada única do PAN.
E adianta que “os incêndios florestais não são apenas destrutivos na sua dimensão física, mas colocam igualmente uma pressão imensa sobre a fauna e flora, sendo que todos os anos atingem um número incontável de animais selvagens que não sobrevivem aos incêndios e que vêm diminuir o seu habitat e forçadas a procurar refúgio em áreas confinantes ou até urbanas ou agrícolas. As espécies animais, ao perderem os seus habitats, enfrentam uma luta pela sobrevivência num ambiente já fragilizado pela perda de recursos, como água e alimento”.
Pode ler o Projecto de Resolução n.º 307/XVI/1.ª aqui.
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