O Grupo SIMAB acaba de participar na primeira edição da “Semana de la Agricultura y la Alimentación”, uma iniciativa promovida pela Organização das Nações Unidas para a Alimentação e a Agricultura (FAO) e pelo governo da Argentina, com a intenção de debater os desafios que neste âmbito se colocam à América Latina e ao Caribe.
Terminada esta quarta-feira, 21 de Novembro, em Buenos Aires, envolveu mais de um milhar de pessoas, entre parceiros privados, públicos, académicos, do mundo rural, produtores e outros membros da sociedade civil, assumindo-se como um grande fórum regional de troca de experiências, diálogo, aprendizagem e construção de acordos.
Estratégias para erradicar a pobreza rural
Segundo Teresa Pereira – a directora-comercial do Mercado Abastecedor da Região de Lisboa (MARL), que representou o Grupo SIMAB neste fórum –, os trabalhos concentraram-se em temas como “os sistemas alimentares para combater a obesidade e a fome”, “estratégias para erradicar a pobreza rural e promover o desenvolvimento rural sustentável”, “sociedades rurais resilientes e a nova economia agro-alimentar adaptada às mudanças climáticas”, e nos “desafios tecnológicos do futuro no desenvolvimento agrícola e rural”.
Para o sub-director-geral e representante regional da FAO, Julio Berdegué, que intervinha na cerimónia de abertura, as duas principais causas das recentes ondas de migração na América Latina e no Caribe, especialmente nos países da América Central, são a seca prolongada e a queda do preço do café.
“Estamos a assistir, por estes dias, a imagens de fluxos de pessoas que fogem dos campos, de povos da nossa América Latina e do Caribe, como se fossem zonas de guerra”, disse aquele responsável.
Criar condições para que as pessoas não decidam migrar
Julio Berdegué enfatizou, já em declarações aos jornalistas, que, para a FAO, é importante criar condições para que as pessoas não decidam migrar. “No momento em que o migrante comprou a passagem para apanhar o autocarro e sair, já temos pobreza; o nosso trabalho é ver como criamos condições para que ele não queira, não precise, de apanhar esse autocarro”.
“Temos quatro milhões de camponeses no corredor seco que perderam as suas colheitas. Além disso, o preço do café caiu. Então, o trabalho para ir colher café também caiu. Essa combinação de seca e de baixos preços do café é realmente uma bomba, deixando milhares de famílias a sofrer as consequências”, sublinhou Julio Berdegué.
O representante regional da FAO defendeu que a região precisa de uma revolução agrícola que erradique a fome e que estabeleça as bases de uma dieta rica, lembrando assim que, “hoje, no século XXI, quase metade da população rural da América Latina e do Caribe vive em condições de pobreza rural e que um em cada cinco habitantes rurais vive em extrema pobreza”.
América Latina e Caribe produzem alimentos suficientes
Segundo Berdegué, a América Latina e o Caribe produzem alimentos suficientes para garantir o consumo básico de seus 646 milhões de habitantes e outros 169 milhões de pessoas de outras regiões.
Contudo, 294 milhões de latino-americanos e caribenhos, isto é, 46% da população, sofrem de desnutrição, apesar de, como disse Berdegué, a região ser um “Jardim do Éden”, onde são produzidos cereais, sementes oleaginosas, carnes, café, cacau, vegetais, frutas, sucos, vinhos e açúcar.
Agricultura e Mar Actual