O secretário-geral do Partido Comunista Português (PCP), Jerónimo de Sousa, defendeu hoje, 4 de Setembro, na sua intervenção no comício de encerramento da Festa do Avante, “o tabelamento ou fixação de preços máximos de bens essenciais, designadamente energia, combustíveis e bens alimentares, incluindo a possibilidade de fixação de preços abaixo daqueles que são hoje praticados”.
“É grave e preocupante a situação que vivemos hoje. Mas não menos graves são as opções de um Governo e de uma política que fecham os olhos e dão curso à especulação, à exploração e ao descarado sugar das condições de vida do povo, pelo grande poder económico”, disse Jerónimo de Sousa.
E realçou que “é preocupante e grave a espiral inflacionista que leva já um ano e avança sem freio, devorando poder de compra de salários e pensões e colocando em risco sectores inteiros da economia nacional, com muitos milhares micro, pequenos e médios empresários, agricultores e pescadores duramente atingidos com os custos crescentes que têm de suportar”.
“Tudo está assustadoramente mais caro – a alimentação, a energia, os combustíveis, as rendas e prestações da casa, o material escolar, os medicamentos”, frisou, lembrando que “quem recebe o salário mínimo já teve, a contar por baixo, um corte de 50 euros no seu salário e hoje tem um poder de compra inferior ao que tinha em Janeiro” e que “anunciam-se novas subidas das taxas de juro e um colossal aumento do gás para Outubro”.
Fixação de preços máximos
Com o objectivo de travar o aumento dos preços, o PCP liderado por Jerónimo de Sousa, propõe “o tabelamento ou fixação de preços máximos de bens essenciais, designadamente energia, combustíveis e bens alimentares, incluindo a possibilidade de fixação de preços abaixo daqueles que são hoje praticados, fazendo reverter os aumentos verificados”.
“Na energia e nos combustíveis propomos a fixação de preços máximos, o controlo das margens de refinação e medidas fiscais como a redução da taxa do IVA sobre a electricidade e o gás para 6%. Relativamente aos bens alimentares propomos medidas de controlo de preços sobre o cabaz alimentar essencial, onde se incluem pão, carne, peixe, entre outros produtos, bem como a garantia do controlo das margens dos operadores do sector da distribuição alimentar e logística e articulando essas medidas com os necessários apoios à produção e a garantia do pagamento do valor justo aos produtores”, disse o secretário-geral do PCP na Festa do Avante.
Para Jerónimo de Sousa, “um País que não produz não tem futuro. Uma questão estratégica e prioritária sempre menosprezada. Os primeiros meses do ano revelam a persistência dos graves desequilíbrios da estrutura económica. A produção industrial sempre aquém das necessidades e a percorrer o caminho da estagnação prática. Um défice alimentar que é dos maiores da Europa. O défice comercial agravou-se consideravelmente. É inadiável a reindustrialização do País. É inadiável a adopção de um programa que vise a soberania alimentar e a consideração da agricultura, pecuária, floresta e pescas como produções estratégicas”.
O líder dos comunistas defendeu ainda “uma outra política que, pondo fim à liberalização da economia, promova a recuperação do controlo público sobre os sectores estratégicos e assegure um outro papel do Estado na defesa dos interesses nacionais. Outra política para avançar na promoção da coesão e desenvolvimento territorial, combatendo as actuais assimetrias regionais, o despovoamento, a desertificação económica e social das regiões do Interior do País”.
E não esqueceu os “fogos florestais a que assistimos, sem ignorar a seca prolongada”, que disse serem “bem exemplo de anos de incúria e de ausência de uma política de desenvolvimento da agricultura e de ordenamento florestal, de abandono do desenvolvimento do mundo rural e do interior”.
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