A escassez de água vai continuar a agravar-se no futuro e a dessalinização tem sido uma das formas apresentadas para responder a esta carência. Por isso mesmo, “o ISQ acaba de estabelecer uma parceria com a universidade da Arábia Saudita, a King Abdullah University of Science and Technology (KAUST), para troca de conhecimento e desenvolvimento de soluções, visando promover a dessalinização em Portugal”, afirma Pedro Matias, presidente do ISQ — Instituto de Soldadura e Qualidade.
Neste âmbito, o ISQ trouxe a Portugal investigadores do “Centro de Dessalinização e Reutilização da Água” (WDRC) desta Universidade para debater tendências e desafios neste sector tendo também estado presentes várias entidades públicas e privadas que estão atentas a esta matéria como a EDP, a Galp, as Camaras Municipais de Albufeira, Mafra, Loulé, Sintra, Setúbal e ainda a AHETA – Associação de Hotéis do Algarve e as Águas de Santo André, refere um comunicado do ISQ.
As alterações climáticas indicam que, no futuro, o tema da seca prevalecerá na ordem do dia. E, em todo o Mundo, a dessalinização é vista cada vez mais como uma resposta possível aos problemas da qualidade e da quantidade da água já que com o crescimento da população, o calor extremo e as secas prolongadas, associadas às mudanças climáticas, será uma questão que se irá colocar cada vez mais, adianta o mesmo comunicado.
“Este é, portanto, o momento certo para se tomarem medidas concretas e consubstanciadas no conhecimento e lições aprendidas adquiridas por países que já têm larga experiência na implementação destas fábricas. O ISQ, como maior infra-estrutura tecnológica portuguesa de apoio à indústria, não pode deixar de dar o seu contributo. Promovemos recentemente uma missão empresarial à Arabia Saudita para visitar tudo o que tem a ver com dessanilização e agora trouxemos a Portugal peritos nesta matéria”, acrescenta Pedro Matias.
O caso do Algarve
O Algarve, por exemplo, consome mais de 230 milhões de m3 de água por ano e com uma central dessalinizadora cerca de 1/3 dessa água poderia ser “produzida” a partir de água do mar. “Sendo o turismo a principal fonte de receitas do Algarve, assim como a diversificação económica que se pretende na região com a aposta na agricultura, sem as commodities necessárias, neste caso a água, não se poderá dar uma resposta de qualidade à procura que existe e à produção de emprego e riqueza na região”, realça Pedro Matias.
Por isso mesmo, “está em debate desde 2022 a construção de uma central de dessalinização no Algarve possivelmente em Albufeira. Actualmente a tecnologia está muito mais madura e há um caminho crítico que é possível fazer mais rapidamente aprendendo com países como a Arabia Saudita, Israel ou mesmo Espanha que estão muito adiantados nesta matéria”, acrescenta.
Arábia Saudita
No caso da Arábia Saudita, actualmente, metade do abastecimento de água doce – um país com 33 milhões de habitantes e dos mais secos do planeta – é feito com água dessalinizada. O abastecimento da própria Universidade de KAUST é feita com esta água. Nos processos de dessalinização modernos são conjugadas também fontes de energia renovável para obviar o consumo necessário de energia.
Serviços ISQ para a dessalinização
O mesmo comunicado realça que o ISQ apoia o sector da água nas várias fases do ciclo de vida destas infra-estruturas. A instalação de centrais de dessalinização terá de passar por estas fases e o ISQ disponibiliza soluções ao nível de:
- Projecto: revisão de projecto, preparação de especificações técnicas, monitorização ambiental, análises águas;
- Licenciamento: estudos de avaliação ambiental, apoio na instrução de processos de licenciamento;
- Construção, Comissionamento: actividades de QC/QA, supervisão e inspecção técnica, consultoria retrofitting, consultoria energética e hídrica, consultoria e ensaios finais de processo (bombas, membrana), ensaios químicos, ensaios de materiais, ensaios não destrutivos;
- Exploração: gestão de activos, gestão do risco, in-service inspection, conformidade legal, sustentabilidade, digitalização.
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