A iniciativa “Proteger os Golfinhos”, promovida pela Tróia-Natura — detida pela Sonae Capital e vocacionada para a promoção e execução de acções de conservação e monitorização ambiental no estuário do Sado —, em parceria com o ICNF — Instituto de Conservação da Natureza e das Florestas, arranca já para a sua 7.ª edição. E procura sensibilizar os que navegam nas águas do Sado para a singularidade da população de golfinhos-roazes que aí habitam.
A campanha conta com uma embarcação que até Setembro abordará embarcações de actividade turística e particulares para adoptarem condutas apropriadas no avistamento e proximidade à espécie bem como cuidados para a sua preservação.
Com circuitos regulares pelo estuário do Sado e espaço marítimo adjacente, será efectuado um programa de abordagem às embarcações da náutica de recreio e turística com o objectivo de sensibilizar a população local, turistas e visitantes para os cuidados a ter na navegação aquando do avistamento e aproximação aos golfinhos, no sentido de evitar perturbá-los e garantir a sua permanência no estuário.
Está disponível um código de conduta, que é na prática um conjunto de regras a seguir para que todos possam observar os golfinhos em segurança, uma vez que uma navegação descuidada pode impedir o descanso, a alimentação, socialização e reprodução e, ainda, interferir na comunicação entre eles.
Existem períodos críticos em que os golfinhos são particularmente vulneráveis, podendo a presença humana alterar os seus comportamentos, como por exemplo períodos de gestação das fêmeas e adaptação das respectivas crias ao meio.
“Nos meses de Verão, altura em que as actividades turísticas e de recreio náuticas são mais expressivas, com um maior número de embarcações e um maior número de saídas para observação de golfinhos, a importância desta iniciativa acentua-se. Por um lado, a campanha Proteger os Golfinhos permite alcançar mais pessoas com uma mensagem em prol da sustentabilidade desta população, por outro permite identificar e prevenir comportamentos de risco que a possa colocar em causa”, refere um comunicado conjunto da Tróia-Natura e do ICNF.
Código de conduta:
- Evite mudanças bruscas de velocidade, direcção e sentido no rumo da sua embarcação;
- Não exceda a velocidade de deslocação dos animais;
- Mantenha um rumo paralelo e pela retaguarda dos golfinhos, de modo a que estes tenham um campo livre de 180º à sua frente;
- Posicione a sua embarcação num sector de 60º à retaguarda dos golfinhos;
- Evite fazer ruídos na proximidade dos roazes, que os perturbem ou atraiam;
- Esteja atento à aproximação de outros golfinhos;
- Não permaneça mais de 30 minutos na proximidade de um grupo de golfinhos;
- É proibida a aproximação activa a menos de 30 m de qualquer golfinho – devemos deixar que sejam eles a aproximar-se de nós;
- É proibida e permanência de mais de 3 embarcações num raio de 100 m em redor dos golfinhos;
- É proibido perseguir ou provocar a separação de grupos de golfinhos, especialmente o isolamento das crias;
- É proibido alimentar, tocar e nadar com os golfinhos;
- É proibida a aproximação aos golfinhos cuja proximidade à costa condicione os seus movimentos relativamente à embarcação;
- É proibida a utilização da marcha à ré na proximidade de um grupo de golfinhos, salvo em situações de emergência;
- É proibida a utilização de jet-skis, motos de água e veículos afins na observação de golfinhos.
Realizando-se há já 7 anos, esta campanha tem alcançado resultados muito positivos, tendo só a campanha de 2019 atingido mais de 12 mil pessoas.
30 golfinhos no Sado
A população de roazes do Sado, actualmente com cerca de 30 indivíduos, é uma das poucas que residem num estuário, o que a torna singular em Portugal e rara na Europa. A sua atractividade para os visitantes é potenciada pela riqueza do habitat em que vivem, que regista uma biodiversidade assinalável.
Através de vários projectos, a Tróia-Natura contribui para a conservação desta população, mas também para a sustentabilidade e preservação dos ecossistemas presentes no estuário do Sado e na península de Tróia e que constituem um factor diferenciador da região.
Agricultura e Mar Actual