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INE: campanha de cereais de Inverno de 2022 foi a pior de sempre

A campanha de cereais de Inverno de 2022 foi a pior de sempre, tendo sido inclusivamente inferior à produção da campanha de 2012, coincidindo as piores campanhas cerealíferas com as secas mais graves, revela o Instituto Nacional de Estatística (INE) na edição de 2022 das “Estatísticas Agrícolas”.

E acrescenta que o ano agrícola 2021/2022 em Portugal continental caracterizou-se em termos meteorológicos como extremamente quente (o mais quente desde 1931/32) e muito seco. A seca meteorológica de 2022 foi das mais severas desde que existem registos sistemáticos, com praticamente todo o território continental em seca severa e extrema nos meses de Fevereiro, Maio, Junho, Julho e Agosto.

Cereais de Outono/Inverno

Segundo o INE, a campanha cerealífera de Outono/Inverno foi marcada pela situação de seca durante a fase de desenvolvimento vegetativo, com muitas searas a apresentarem povoamentos heterogéneos e espigas curtas. Posteriormente, na fase de enchimento do grão, a escassa humidade dos solos e as elevadas temperaturas contribuíram também para as baixas produtividades, com as ceifas a confirmarem o baixo peso específico do grão.

Acrescenta a edição de 2022 das “Estatísticas Agrícolas” que embora tenham existido searas com produtividades e qualidade aceitáveis, a maior parte das áreas colhidas apresentaram quebras de produção. Destaque para a cevada, que apresentou decréscimos de área face à campanha anterior (-28,0%), contribuindo para o decréscimo da produção de 44,1%.

Em sentido contrário, o expressivo aumento da área de trigo duro (+26,3%) compensou a redução da produtividade, sendo o único cereal de Inverno a registar um aumento de produção (+6,7%).

Globalmente, a campanha de cereais de Inverno de 2022 foi a pior desde que existem registos sistemáticos, tendo sido inclusivamente inferior à produção da campanha de 2012, coincidindo as piores campanhas cerealíferas com as secas mais graves, frisam os técnicos do INE.

Cereais de Primavera/Verão

Quanto às culturas de Primavera, adiantam os técnicos do INE, a subida da cotação internacional do milho não teve impacto na área semeada (+0,2%, face a 2021), eventualmente devido ao significativo aumento dos preços dos meios de produção, sobretudo dos fertilizantes, energia e combustíveis.

Numa campanha de cereais de Primavera/Verão fortemente marcada por factores que poderiam desencadear um maior interesse pela cultura do milho para grão, nomeadamente a subida da cotação internacional desta commodity ou o efeito da Portaria 131/20223 (directamente ligada à invasão russa da Ucrânia), mas também por outros de sentido contrário, como o significativo aumento dos preços dos meios de produção, sobretudo dos fertilizantes, energia e combustíveis, o balanço foi marginalmente positivo, com um ligeiro aumento da área semeada (+0,2% face a 2021), refere o INE.

E adianta que a germinação do milho para grão de regadio foi irregular devido à escassa humidade dos solos e às elevadas temperaturas, com algumas searas a apresentarem povoamentos heterogéneos e, nalguns casos, sintomas de stress hídrico.

Posteriormente, aquando da ocorrência da onda de calor de julho, as plantas em floração foram afectadas devido ao défice de polinização. Embora no final da campanha os teores de humidade do grão apresentassem valores relativamente elevados, de um modo geral, o tempo quente e seco favoreceu a colheita e secagem.

Registaram-se decréscimos de produtividade nas principais regiões produtoras, que conduziram à diminuição da produção de milho para grão em 4,3% no regadio e 12,8% no sequeiro.

Arroz

A produção de arroz foi 155,6 mil toneladas, o que corresponde a uma diminuição de 11,6%, face à campanha anterior.

Já as sementeiras do arroz decorreram com normalidade e concluíram-se no final de Junho. Regionalmente, a campanha decorreu de forma distinta. No Ribatejo e Alentejo, as colheitas decorreram durante o mês de Outubro, com quebras de produção acentuadas, face à campanha anterior.

Em contrapartida, na região do litoral Centro, em particular no Baixo Mondego, a produção foi ligeiramente superior à do ano passado e com bom rendimento industrial. As searas de arroz colhidas mais cedo apresentavam pouca humidade, devido ao tempo seco que se registou nos meses de Verão, o que reduziu os custos de secagem do arroz.

Nas colheitas mais tardias, com a precipitação ocorrida, o arroz ficou com alguma humidade nas panículas, o que promoveu a presença de periculária no final do ciclo vegetativo. A produção global de arroz foi de 155,6 mil toneladas, o que corresponde a uma diminuição de 11,6%, face à campanha anterior.

Pode ler a edição de 2022 das “Estatísticas Agrícolas” aqui.

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