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INE. Área semeada de milho aumenta 5% com impacto reduzido nas necessidades da pecuária

As previsões agrícolas do Instituto Nacional de Estatística (INE), em 31 de Maio, apontam, no milho, cereal fundamental na produção pecuária, para um aumento de 5% na área semeada, o que terá um impacto reduzido na satisfação das necessidades de abastecimento (em média, a produção nacional representa 25% do consumo interno).

As sementeiras de milho de regadio para grão continuam a decorrer com normalidade, apesar de algum atraso em zonas do litoral Norte (por ainda não se ter concluído o corte das forragens) e do litoral Centro (em resultado da falta de humidade do solo), refere o INE.

E acrescenta que, numa campanha fortemente marcada por factores que poderiam desencadear um maior interesse por esta cultura, nomeadamente a subida da cotação internacional desta commodity ou o efeito da Portaria 131/20229 (directamente ligada à invasão russa da Ucrânia), mas também por outros de sentido contrário, como o significativo aumento dos preços dos meios de produção, sobretudo dos fertilizantes, energia e combustíveis, o balanço deverá ser marginalmente positivo, estimando-se um aumento de 5% na área semeada, para os 78 mil hectares (valor muito próximo da média do último quinquénio).

Impacto da guerra na Ucrânia

Adiantam os técnicos do INE que o abastecimento externo de milho a Portugal era assegurado em 41% pelas importações da Ucrânia (média 2012-2021), país que era o principal fornecedor nacional, obrigando à procura de alternativas no mercado mundial. Nos dois primeiros meses de guerra, as importações de milho provenientes do Canadá, Brasil e Polónia aumentaram significativamente, atingindo 140 mil toneladas e compensando a suspensão das transacções comerciais com a Ucrânia.

De notar que a área de milho diminuiu, nos últimos 36 anos (desde a adesão de Portugal à CEE, actual UE), a um ritmo médio anual de 2,7%.

O cenário de guerra na Ucrânia reflectiu-se nos mercados dos cereais, afectando, na medida da importância dos países em conflito no comércio mundial destas commodities, os preços de transacção. No milho, apesar da Ucrânia e da Rússia apenas produzirem cerca de 4% da produção mundial (média 2011-2020), a importância da Ucrânia nas exportações mundiais é consideravelmente superior (12%, média 2011-2020), tendo sido neste período o quarto maior exportador mundial (atrás dos Estados Unidos da América, Brasil e Argentina).

Segundo o INE, este facto foi determinante na evolução do preço de exportação do milho, que já tinha atingido os 270€ por toneladas em Maio de 2021 (essencialmente devido às diminuições dos stocks projectados), valor semelhante ao registado no início da guerra na Ucrânia. Entre a última semana de Abril e a primeira semana de Maio, o preço de exportação do milho nos portos do Golfo do México (EUA) atingiu máximos históricos de 342€/tonelada.

Ao contrário do que sucedeu no trigo, a suspensão das importações de milho da Ucrânia teve (e previsivelmente continuará a ter) impacto directo na cadeia de abastecimento deste cereal a Portugal, uma vez que a Ucrânia foi, na média de 2012 a 2021, o principal fornecedor do mercado nacional, obrigando os agentes do sector a procurarem alternativas no mercado mundial.

98,5% do território em seca severa e extrema

Por outro lado, as previsões agrícolas, em 31 de Maio, apontam para a normal instalação das culturas de Primavera, numa conjuntura fortemente marcada pela seca, pela escalada dos custos com os meios de produção, pela subida dos preços dos produtos agrícolas e pela suspensão das transacções comerciais com a Rússia e a Ucrânia.

Apesar do agravamento da situação de seca meteorológica, com 98,5% do território em seca severa e extrema, apenas existem restrições de rega nos aproveitamentos hidroagrícolas beneficiados pelas albufeiras do Monte da Rocha e da Bravura.

O volume de água armazenado nas principais albufeiras com aproveitamento hidroagrícola encontrava-se a 67% da capacidade total, não tendo sido um factor limitante para a instalação das culturas anuais de regadio, realça o INE.

A diminuição de 5% na área de arroz deveu-se exclusivamente às obras de manutenção dos canais de rega de Alcácer e Grândola. A área contratada de tomate para indústria aumentou 4%, ao qual não será alheio a perspectiva de subida do preço do tomate para a indústria aquando da celebração dos contratos.

Na batata de regadio, o decréscimo de 10% na área é, em parte, explicado pela proibição de utilização de anti-abrolhantes de síntese à base de clorprofame.

Cereais de Outono-Inverno

Já nos cereais de Outono-Inverno o INE prevê que o impacto da seca nas produtividades corresponda a um decréscimo entre 10% a 15% o que, aliado a uma área semeada historicamente baixa, agravará a dependência do abastecimento externo.

Nas fruteiras, em particular nas prunóideas, as condições meteorológicas não foram favoráveis, prevendo-se decréscimos de produtividade de 15% na cereja e de 10% no pêssego.

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