Se houve um sector da indústria que a pandemia não afectou de forma tão severa, foi o sector de jogos. Isto porque, diferentemente de outras actividades económicas, o consumo e procura por jogos aumentou consideravelmente devido ao isolamento social. A procura dos usuários, cada vez maior, por jogos electrónicos como forma de entretenimento fez com que o sector se mantivesse em ascensão mesmo em meio a crise gerada pela Covid-19.
O Brasil é um dos gigantes quando o assunto é consumo de jogos, ocupando a 5ª colocação no ranking mundial. Além do país ser uma forte potência consumidora de jogos, o Brasil também se mostra em desenvolvimento no quesito da produção de jogos, ficando com a 13ª posição do ranking mundial. Ainda que distante do ranking anterior, o Brasil é o maior produtor de jogos da América Latina, implicando na produção de 11 bilhões de reais na Receita Federal em 2021, conforme consultoria feita pela Newzoo.
Brasil embarca no crescimento da indústria de jogos
Em relatório fornecido pela Abragames (Associação Brasileira das Desenvolvedoras de Jogos Electrónicos), mostra-se que as publicadoras brasileiras superaram a meta inicial no mais importante encontro de desenvolvedoras de games do Mundo, a GDC 2022. No total, os estúdios brasileiros adquiriram a quantia de 23 milhões de dólares em contratos, sendo superior à estimativa inicial, que seria de 18 milhões de dólares.
O aumento de 27% no valor investido demonstra a credibilidade e o potencial que o Brasil conserva no sector. A reunião aconteceu na cidade de São Francisco, Estados Unidos, no mês de Março, entre os dias 21 e 25. Mesmo em um curto período, foram o equivalente de 426 reuniões, sendo que 283 destas reuniões criaram conexões com jogadores estrangeiros.
Actualmente, mais de 75% da população brasileira são consideradas adeptas aos jogos electrónicos em geral. E se considerarmos a faixa etária mais específica, de usuários mais jovens entre 12 a 14 anos, a percentagem é ainda mais expressiva. Segundo dados citados pelo site Estadão, 85% dos jovens que participaram da pesquisa enquadram-se como jogadores de videogames.
Dentre os jogos que são mais populares entre o público brasileiro: Garena Free Fire, Counter-Strike: Global Offensive, Dota 2, League of Legends e Call of Duty são os preferidos do públicos, que conseguem jogar os títulos citados acima tanto em consola, quanto na sua respectiva versão mobile.
Necessidade por profissionais capacitados no sector de jogos no Brasil
A acção da pandemia sobre o mercado de jogos, foi, de certo modo, favorável. Para se ter uma noção do crescimento do sector, o crescimento da importação de jogos nacionais foi de 600%, no ano de 2020. Outro dado impactante para o país, foi ver o progresso da primeira empresa do ramo de criação de jogos, atingir a quantia de valor de mercado que ultrapassa o marco de 1 bilhão de dólares.
Com a expansão do sector e aumento de empresas especializadas na criação e desenvolvimento de jogos, o aumento da busca pela as empresas da área por profissionais capacitados inevitavelmente também cresceu. Embora o Brasil seja considerado ainda jovem no mercado dos games, se comparado a países estrangeiros, ele vem demonstrando que conserva um forte potencial.
Podemos atribuir que o maior desafio das desenvolvedoras nacionais é encontrar profissionais competentes à função exigida, bem como reter esses profissionais ou “talentos”, em solo nacional. É preciso acções conjuntas governamentais para haver o crescimento de forma gradativa e ainda mais robusta. No Brasil, somente no fim da última década que o primeiro “unicórnio” – (nome dado a empresas do sector com o valor de mercado que ultrapassam a quantia US$ 1 bilhão) apareceu.
Projecção para o mercado de jogos no Brasil
Enquanto em França foi comemorado o 25º unicórnio no início do ano pelo presidente Emmanuel Macron, superando a expectativa do mesmo, já que Macron estimava atingir apenas no ano de 2025. Voltando ao Brasil, para maior avanço no desenvolvimento startups é imprescindível o engajamento de políticas públicas para a fomentação do sector.
Seria interessante haver uma Classificação Nacional de Actividades Económicas (CNAE) própria, para contabilizar e mapear o volume de empresas e de funcionários que actuam na área, de forma mais ordenada. Segundo o presidente da Abragames, Rodrigo Terra, há 10 anos, a associação Apex-Brasil ( Agência Brasileira de Promoção e Exportações e Investimentos segue como projecto Brazil Games, que fornece capacitação de empresas para exportação.
Segundo ele, há uma década, a associação e a Agência Brasileira de Promoção de Exportações e Investimentos (Apex-Brasil) mantêm o projecto Brazil Games, de capacitação de empresas para exportação. Só em 2020, esse mercado facturou US $53 milhões.