“O desmantelamento do Ministério da Agricultura, a sua perda de importância, a crescente falta de recursos que se vem verificando nos últimos anos, incluindo a saída de serviços para outros ministérios, bem como a transferência das Direcções Regionais de Agricultura para as Comissões de Coordenação, são assuntos que nos preocupam, por terem repercussões sérias no dia a dia dos agricultores”.
As declarações são do presidente da ACOS – Associação de Agricultores do Sul, Rui Garrido, e foram proferidas no seu discurso de inauguração da Ovibeja, ontem, 30 de Abril, dirigindo-se ao primeiro-ministro, Luís Montenegro, elencando os problemas com que se depara a actividade agrícola.
Por outro lado, no âmbito do PEPAC — Plano Estratégico da Política Agrícola Comum, relembrou ao Governo que este “foi negociado pelo anterior governo, ainda mal tinha nascido e já se revelava inadequado à agricultura portuguesa. Com redução das ajudas e sem ter atenção ao aumento brutal do preço dos factores de produção no pós-pandemia. Mantiveram-se as exigências ambientais, mas sem qualquer tipo de apoio continuam a importar-se carnes, frutas, legumes etc. de outras zonas do globo, produzidos sem as mesmas exigências instituídas na União Europeia”, sem esquecer que “a carga burocrática excessiva ainda se mantém, tornando-se um fardo pesadíssimo para os agricultores, quer do ponto de vista do tempo necessário, quer do ponto de vista das penalizações em que inadvertidamente incorrem”.
“Não esquecer ainda que a dotação prevista para os chamados Regimes Ecológicos — Agricultura biológica, Produção integrada e Maneio da pastagem permanente — foi largamente ultrapassada, sendo necessário, no futuro, acautelar orçamento para estas medidas”, acrescentou.
Outra questão, “de importância muito relevante, para a qual teremos de encontrar solução, diz respeito à mão-de-obra oriunda de vários países, actualmente com maior expressão da Ásia e de África. O nosso sector está muito dependente deste tipo de trabalhadores, mas existem vários problemas por sanar, nomeadamente a precariedade dos contractos de trabalho e a falta de fiscalização entre outros. Estamos empenhados, em conjunto com várias entidades públicas e privadas, em tentar resolver os problemas associados à integração destes migrantes no nosso mercado de trabalho. Este tema merece-nos tanta importância, que lhe iremos dedicar uma sessão de reflexão no próximo sábado, nesta 40ª Ovibeja”, realçou Rui Garrido.
Aquele responsável terminou o discurso a falar das acessibilidades à região. “Não sendo nós especialistas na matéria, não pretendemos ter a veleidade de pensar que o Aeroporto de Beja, poderá algum dia substituir o de Lisboa ou de Faro. Mas, de uma coisa temos a certeza, se dispusermos de uma rede rodoviária e de uma linha de caminhos de ferro rápidas, poderão ser equacionadas outras valências para este aeroporto, com benefício para a Região, para o País e para os vários sectores de actividade”.
A 40ª Ovibeja realiza-se de 30 de Abril a 5 de Maio no Parque de Feiras e Exposições Manuel de Castro e Brito, em Beja. Um certame com organização da ACOS – Associação de Agricultores do Sul.
Conheça o programa completo da 40ª Ovibeja aqui.
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