Seja uma startup ou uma empresa já em velocidade de cruzeiro, o parque tecnológico de Abrantes é o local certo para conseguir incubação, ou ajuda no desenvolvimento de novas máquinas ou novos produtos.
O TagusValley é mais do que um parque tecnológico. Aqui, a inovação, o empreendedorismo puro e duro, a cooperação e colaboração são as palavras chave. Formalidade? Aqui não. Ao contrário do estereótipo que se tem do mundo empresarial, sendo este um parque que acolhe empresas, o clima é de descontracção e de informalidade. O ambiente é agradável, apresenta uma decoração tão moderna quanto o edifício, com várias incubadoras a funcionar.
A ideia essencial do Parque Tecnológico do Vale do Tejo no concelho de Abrantes é a de apoiar startups e empresas da região, numa perspectiva mais moderna e actual. Permite preparar as empresas para o futuro, com serviços que estimulem o seu desenvolvimento tecnológico e inovador.
Apesar de o TagusValley ter tido outro nome, “Tecnopolo”, manteve sempre o mesmo registo, fazendo 16 anos de existência e 13 com o nome actual. Foi a Câmara de Abrantes, a Nersant — Associação Empresarial da Região de Santarém e o Instituto Politécnico de Tomar que lançaram este projecto que decorre da operacionalização do Plano Estratégico Abrantes 2020.
O TagusValley integra empresas com componentes inovadoras e de base tecnológica, sendo os sectores estratégicos: “energia, metalomecânica, construção de estruturas metálicas, produtos para a indústria automóvel (é um dos sectores muito fortes da região), alimentação e tecnologias da informação e comunicação”, segundo o director executivo da TagusValley, Pedro Saraiva.
A primeira triagem que se faz para se saber se as empresas podem se instalar na incubadora ou não é o facto de terem que estar ligadas aos sectores referidos; a segunda selecção é feita através do espírito inovador e tecnológico que o suposto empreendedor deve ter.
A oferta de serviços
O apoio que o parque tecnológico oferece apresenta duas vertentes: a Inov.Point (Centro de Inovação e Apoio ao Empreendedorismo) que é relativo à incubação para as startups e a Inov’Linea (Centro de Transferência de Tecnologia Alimentar) cuja principal vocação é apoiar novos produtos e empresas do sector alimentar, em particular na área dos processos de conservação das empresas já instaladas.
Através destas duas linhas, surge o “line.ipt” por meio do da parceria entre o Instituto Politécnico de Tomar, a Câmara Municipal de Abrantes, o TagusValley e a Nersant, promovendo a competitividade do conjunto empresarial, apresentando-se como um laboratório dedicado à parte da automação e tecnologias de informação e comunicação.
“Pelo lado da incubação contactamos com empresas, com ideias e com pessoas. Pelo lado da transferência de tecnologia apoiamos as pessoas e os projectos empresariais mas, mais orientadas para as empresas que já estão constituídas”, acrescenta Pedro Saraiva.
Os projectos do TagusValley são três, o Inova-Te (Gabinete de Apoio ao Empreendedor), EMPRE (Empresários na Escola) e o GIP TagusValley (Gabinete de Inserção Profissional). O primeiro dá apoio ao empreendedor, o segundo ensina o conceito de empreendedorismo nas escolas da Região e o terceiro apoia a procura ou criação de emprego.
Ecossistema mais empreendedor
Estes serviços são bastante importantes no funcionamento do parque tecnológico porque ajudam a criação de um ecossistema mais empreendedor, de forma a que as ideias sejam trabalhadas como as competências. Assim, as pessoas que queiram apostar nos seu potencial empreendedorismo podem recorrer ao TagusValley, que proporciona todo o apoio a nível de aconselhamento e de apoio ao emprego.
“Porque de repente todos se lembraram que existia o empreendedorismo, tratando-o como um assunto fácil, o que não é. É um tema demasiado vasto para ser tratado com tanta levidade como acho que se tem tratado hoje em dia, porque qualquer coisa que se faça é empreendedorismo”, segundo Eduardo Costa, técnico EMPRE, gestor de projectos do TagusValley.
O TagusValley tem agora 31 empresas instaladas nas incubadoras que representam 61 postos de trabalho. Desde o início, já apoiou 52 empresas que representam 122 postos de trabalho; mais de 250 pessoas no apoio genérico a ideias de negócio e mais de 200 empresas na prestação de serviço ao sector alimentar e na área de automação metalomecânica. Muitas já passaram pelo parque tecnológico e saíram obtendo um bom sucesso, outras nem tanto.
Actualmente, há uma rede nacional de parques tecnológicos em Portugal, apresentado 20 parques científicos e tecnológicos e uma rede nacional de incubadoras. O TagusValley, tem como presidente Maria do Céu Albuquerque, Presidente da Câmara de Abrantes, e presidente da direcção nacional de parque de tecnologia portugueses.
Diferenciação
O que distingue o TagusValley dos outros parques científicos, explica Pedro Saraiva, é o facto de ser uma entidade mais prática e por estar ligado ao Instituto Politécnico de Tomar. Estando ligado a um instituto existe facilidade em resolver os problemas e aplicar soluções directamente na economia, nas empresas, tendo em conta uma capacidade de investigação aplicada e o conhecimento que os professores e alunos podem proporcionar.
Segundo Maria do Céu Albuquerque, “nós apostamos muito no Parque Tecnológico onde instituições de investigação científica, do ensino superior e empresas se complementam e interagem num ecossistema dinâmico, empreendedor e inovador. Disponibilizamos por isso, como já dissemos, um quadro de apoios financeiros para projetos instalados na incubadora de empresas, o INOV.POINT – Centro de Inovação e Desenvolvimento Empresarial, traduzido na atribuição de uma comparticipação financeira ao salário base mensal suportado pela empresa, por um prazo máximo de 2 anos por posto de trabalho apoiado”.
Testemunhos
Mas que empresas passaram concretamente pelo Parque? A Classe A+ foi uma delas. Iniciou-se no TagusValley em 2008, fazendo 10 anos em 2018, tendo como sócios dois engenheiros civis, Pedro Rito e Filipe Rodrigues. Foi uma empresa muito baseada na certificação energética devido ao seu ano de abertura ter entrado em vigor uma lei em Portugal que determinava que todos os edifícios e toda a construção têm que ter uma certificação energética. Como os sócios da Classe A+ tinham especialização nesta área, avançaram.
Saíram em 2013 depois de chegaram ao fim do período de cinco anos de incubação. Têm agora as suas próprias instalações, em Abrantes, desde há 4 anos. Abriram recentemente outro escritório onde autonomizam a área da arquitectura e empregam já 14 pessoas.
“A empresa começou por nós dois e a partir daí foi crescendo. Começámos a contratar pessoal e neste momento somos 14 pessoas, entre arquitectos, engenheiros civis, engenheiros electrotécnicos, formamos uma equipa multidisciplinar que dá resposta a toda esta envolvência que está à volta da construção, desde o licenciamento, todo o acompanhamento da obra, toda a execução física da obra poderá ser acompanhada por nós, pela nossa equipa.”, afirma o Engenheiro Civil e Sócio-Gerente da Classe A+, Pedro Rito.
SingleCode
Mas são muitos os empreendedores que agora começam a sua actividade no mundo empresarial e estão incubados no TagusValley, como é o caso de Artur Fernandes, com o seu projecto de desenvolvimento de software e redes informáticas, o SingleCode.
“O nosso posicionamento no software é fazer soluções à medida. Clientes muito próprios que pedem softwares específicos que não há no mercado, nós desenvolvemos. A ideia foi criar uma empresa diferenciadora no mercado, no interior do país, o que é muito duro”, explica Artur Fernandes.
E a SingleCode não se fica pelos pequenos clientes. A Azeite Gallo conta já com software de Artur Fernandes, que trabalhou também para empresas italianas, espanholas e alemãs.
Do desemprego à ideia
A incubadora do TagusValley é mesmo um universo empresarial, onde se juntam muitas áreas que acabam por se complementar. Prova disso é Rui Brazão, que se viu no desemprego depois da companhia de seguros, norte-americana, onde trabalhava ter abandonado Portugal. A empresa deixou-lhe uma certificação internacional de coaching e desde então decidiu dedicar-se a ajudar empresas e pessoas a aumentarem os seus resultados. Criou o projecto Poder dos Comportamentos.
“O projecto tem mais ou menos um ano, neste momento está ainda numa fase de estudo, de implementação, tenho feitos vários trabalhos, com empresas, com particulares, com escolas. Tenho um projecto na prisão em Torres Novas, onde se dá formação a presos e também aos guardas prisionais”, explica Rui Brazão.
O objectivo é ajudar a reintegração dos reclusos na sociedade, em que aquele empreendedor dá ferramentas comportamentais para eles colocarem em prática, não só enquanto estão na prisão mas quando saírem.
O projecto de Rui Brazão, que tem também colaboração com empresas e particulares, é direccionado para área comportamental, para acrescentar ferramentas às pessoas de modo a melhorarem a sua eficácia e para serem mais produtivas no seu trabalho.
O papel da Câmara
Os responsáveis pelo TagusValley, um projecto promovido pela Câmara Municipal de Abrantes, através do programa Abrantes Invest, que se destina a atrair e fixar novas empresas na região, prometem continuar a apoiar os empreendedores.
Maria do Céu Albuquerque realça que foi criado um regulamento para apoio a projectos empresariais de interesse municipal, a implementar no território concelhio, “materializado em benefícios fiscais como isenções fiscais e tributárias (IMT, IMI, Derrama e taxas municipais) para investimentos (novos ou de continuidade) que garantam a criação líquida de emprego no concelho”.
Reportagem de Mariana Caldeira, aluna da Escola Superior de Tecnologia de Abrantes — Instituto Politécnico de Tomar — Trabalho final de semestre de Géneros Jornalísticos
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