Eram sete as espécies de insectos, ao abrigo das medidas transitórias da União Europeia, a poderem ser produzidas, comercializadas e utilizadas na alimentação, em Portugal. Mas, a DGAV — Direcção-Geral de Alimentação e Veterinária acaba de retirar dessa lista o gafanhoto-do-deserto (Schistocerca gregaria), uma espécie causadora de grandes perdas agrícolas na Ásia e África. Isto porque a Comissão Europeia deu por encerrado o procedimento de autorização de colocação no mercado da União, como novo alimento, de insectos daquela espécie.
Assim, a DGAV autoriza a utilização de grilo-doméstico (Acheta domesticus), de duas larvas da farinha (Alphitobius diaperinus e Tenebrio mollitor), de abelha-europeia (Apis mellifera), de grilo (Gryllodes sigillatus) e de Gafanhoto-migratório (Locusta migratória).
Os insectos podem ser comercializados/usados, inteiros (não vivos) e moídos (por exemplo, farinha). Partes ou extractos de insectos não podem ser comercializados, realça a Direcção-Geral de Alimentação e Veterinária.
Já à venda
Os alimentos à base de insectos já chegaram ao retalho em Portugal. A primeira aposta partiu do Continente onde, desde o início de Agosto deste ano, é possível comprar estes alimentos em 10 lojas em todo o País. Snacks, barras proteicas e farinha feitos à base de Tenebrio molitor, mais conhecido como “bicho da farinha”, são os novos petiscos.
Os snacks vendidos no Continente são insectos desidratados com tempero que podem ser adicionados como topping noutras refeições. As barras proteicas têm como sabores disponíveis chocolate e amêndoa, figo e laranja, maçã e canela; manteiga de amendoim e mel. Já a farinha é feita 100% a partir do insecto e pode ser utilizada para pão, bolachas, bolos, entre outros. A produção é da responsabilidade da Portugal Bugs, empresa de Matosinhos.
Risco de alergias
Segundo documento divulgado pela DGAV, de acordo com avaliações disponíveis até ao momento da Agência Europeia para a Segurança dos Alimentos – EFSA, diversas espécies de insectos podem causar alergias ou alergias cruzadas, especialmente para quem sofre de alergia a marisco. “Assim, é importante que os consumidores sejam claramente informados na rotulagem e na comercialização, que um alimento contém insectos e de que espécie são”.
Os insectos e os alimentos derivados de insectos devem cumprir todos os requisitos estabelecidos no Regulamento (EU) 1169/2011.
Vantagens
Segundo a Portugal Bugs, “já existem cerca de mais de 2 mil milhões de pessoas, espalhadas por todo o Mundo, que têm por hábito consumir insectos”, realçando que a produção de insectos “tem um pegada ecológica muito mais reduzida do que todas as outras produções animais” e que “num só ingrediente”, o insecto, se pode encontrar “cerca de 60% de proteína, todos os aminoácidos essenciais, gorduras de excelência, fibra prebiótica e um monte de vitaminas”.
Acrescenta a empresa de Matosinhos que os insectos são “um alimento de excelência tendo características nutricionais únicas, como um valor proteico elevado, presença de ómega 3 e ómega 6 e outros micronutrientes” e que “os insectos permitem-nos reduzir em cerca de 80% o uso de ração, permitindo assim utilizar o solo do nosso planeta de forma mais sustentável”.
Agricultura e Mar Actual