O preço da matéria-prima para os compostos animais tem aumentado fortemente, entre 35% e 40%, particularmente a partir do último trimestre de 2020, como a soja, o milho e o girassol. “Todas as matérias-primas e seus derivados têm registado aumentos de preço. E a previsão da manutenção desta tendência em alta faz com que os industriais estejam preocupados”, diz a directora financeira do Grupo Aviliz, Amália Duarte, explicando que “tivemos que aumentar o preço no consumidor final, não havia como evitar, e isto vai reflectir-se no preço da alimentação no consumidor final, como já todos notamos”.
Em entrevista ao agriculturaemar.com, Amália Duarte explica que a pandemia de Covid-19 afectou o Grupo “de uma forma indirecta, porque ao afectar os nossos clientes acaba por reflectir-se em nós, nos preços, nas espectativas, mas felizmente não registamos problemas significativos”.
Por isso, o Grupo Aviliz, que se dedica, além da produção de rações para animais, à criação de pintos do dia, bovinos e suínos, ainda conseguiu ser solidária com os criadores de leitões, que foram bastante afectados com o fecho da restauração, devido à Covid-19. “O fecho da restauração levou a uma quebra na venda de aves e suínos, contudo não teve grande impacto na nossa organização porque não somos nós que vamos até ao consumidor final, e o nosso cliente (matadouro) salvo raras excepções honrou os contratos mediante pequenos ajustes no preço”, refere Amália Duarte.
E acrescenta que a criação de leitões “não é a nossa área de negócio, contudo comprámos leitões, que se destinavam a assar, para engordar com o objectivo de colaborar com os produtores que foram mais castigados”.
Negócios deverão crescer 5% em 2021
Apesar da crise pandémica, o Grupo fechou o exercício de 2020 com um volume de negócios de 18,92 milhões de euros, um crescimento de 0,25% face ao ano anterior. E para 2021 espera um aumento de facturação de 5%.
Nos últimos 5 anos, fez investimentos de 5 milhões de euros, sendo que o último se destinou à renovação completa da automação da fábrica de rações. “É nosso objectivo inovar e crescer, isto só é possível com investimento, portanto sim, vamos continuar a investir, estamos numa fase “velocidade cruzeiro” devido à pandemia e ao aumento absurdo das matérias-primas, mas o passo seguinte será com certeza rumo ao futuro”, salienta Amália Duarte.
O Grupo Aviliz
Fundado há 36 anos na Região de Leiria, em pleno centro do País, o Grupo Aviliz é composto por várias empresas que operam em áreas distintas. Vocacionado para a actividade agropecuária, veio a desenvolver como actividade principal a avicultura de multiplicação.
Actualmente, detém uma importante quota de mercado dos pintos do dia, ano nível nacional e também nas exportações para Espanha, Guiné, São Tomé e Príncipe, Cabo Verde e Angola.
No que diz respeito ao aviário de multiplicação, o sector de recria está dividido em dois núcleos que ocupam uma área isolada de 10 hectares de terreno, onde estão implantados cerca de 8.000 metros quadrados de área coberta na zona de Fátima e Figueira da Foz.
Quanto à produção de bovinos, está dividida em dois sectores na regiões de Abrantes e Marinha Grande, ocupando uma área de pastagens ao ar livre de cerca de 600 hectares, possuindo a Aviliz um núcleo de 300 vacas reprodutoras de raça Limousine, bem como a engorda dos respectivos descendentes, que chega a totalizar cerca de 500 bovinos de carne em engorda permanente.
Quanto à produção e engorda de suínos, esta actividade está separada em 10 explorações que funcionam em ciclo fechado nas Regiões de Rio Maior, Leiria e Marinha Grande, possuindo a Aviliz um efectivo de 2.500 porcas reprodutoras de raça cruzada (Duroc e Land race) e machos de raça Pietran.
Nutrição animal
Na nutrição animal, a fábrica de rações do Grupo Aviliz é sediada na Marinha Grande e ocupa uma área de implantação de 5 hectares, sendo a parte coberta de aproximadamente 4.000 metros quadrados. Equipada com tecnologia de ponta, esta unidade fabril tem uma capacidade de produção de 30 toneladas por hora e fabrica em média 4.000 toneladas de ração por mês.
Cerca de 50% da ração produzida pela Compostos Liz destina-se ao consumo das empresas do Grupo.
Entrevista a Amália Duarte, directora financeira do Grupo Aviliz
O Grupo produz ração para que animais?
O Grupo têm a mais-valia de na empresa Compostos Lis, poder produzir toda a ração que consome e de ainda poder comercializar esse produto. As referências que mais produzimos são os A ( A-120 galinhas poedeira – A 104 – Pintos do dia) para aves e S para suínos, contudo produzimos todas as rações, desde farinados, granulados e rações medicamentosas para as quais possuímos uma licença especial.
E na área da agropecuária que animais criam?
Somos produtores de pintos do dia na Aviliz, Lda, que é a empresa mãe e que neste momento, devido à forte concorrência, reduziu o seu efectivo e está apostar com mais expressão na venda de ovos embrionados. Produzimos suínos para abate na Agropecuária de Santo André, é um sector que apresenta muitos desafios mas que está em franco crescimento. E produzimos bois para abate na Agropecuária do Curtido.
Para onde vendem esses animais?
Os pintos e ovos embrionados vendemos no mercado nacional e exportamos, principalmente para os PALOP [Países Africanos de Língua Oficial Portuguesa], através da nossa empresa Aviliz Internacional. Os suínos e bovinos vendemos no mercado nacional através de contrato com matadouros nacionais.
A produção destina-se a que mercados? Nacional e estrangeiro?
A nossa produção nos compostos destina-se a autoconsumo, ao mercado nacional e a exportação. Já nos suínos e bovinos não exportamos.
Qual o peso das exportações?
As exportações nos compostos representam cerca de 20% da produção.
Tem tido apoios comunitários?
A Aviliz Internacional teve apoio comunitário na ajuda à exportação, mas nada com expressão porque não reunimos condições de elegibilidade, visto não termos baixado significativamente a facturação e nunca termos ido para Layoff.
O preço da matéria-prima para os compostos tem aumentado. É uma preocupação?
Sim, as empresas portuguesas de alimentação animal têm sido especialmente impactadas com o aumento dos preços das matérias-primas que já atingiu 35% a 40%, em particular no último trimestre de 2020, como a soja, o milho o girassol, enfim, todas as matérias-primas e seus derivados. A previsão da manutenção desta tendência em alta faz com que os industriais estejam preocupados. Tivemos que aumentar o preço no nosso consumidor final, não havia como evitar, e isto vai reflectir-se no preço da alimentação no consumidor final, como já todos notamos.
Agricultura e Mar Actual