A CAP – Confederação dos Agricultores de Portugal apela ao Governo para que “actue de forma determinada” no que à greve dos motoristas de matérias perigosas diz respeito, por forma a “assegurar a normalidade operacional do sector agrícola”.
“Respeitando o direito à greve deve o Governo tudo fazer para que o País agrícola não fique parado ou renegado para segundo plano”
Em comunicado, diz aquela Confederação que “não acautelar esta situação resultará numa enorme destruição de valor económico e financeiro, desperdiçando-se meses de intenso trabalho e de avultados recursos investidos na agricultura”.
Para a CAP, “os prejuízos resultantes da concretização desta greve destruirão de forma definitiva dezenas de milhões de euros podendo levar à falência milhares de agricultores”.
Greve em plena época de colheitas
A greve anunciada com início no dia 12 de Agosto irá ter lugar num período agrícola particularmente intenso, em plena época de colheitas, como a pêra rocha, o tomate para a indústria, pimento, milho, batata, uva, entre outras, de vital importância para milhares de agricultores e suas organizações em todo o País, “comprometendo exportações e a viabilidade de todo um ano de trabalho. As colheitas não esperam, simplesmente perdem-se”, realça o mesmo comunicado.
Salienta a CAP que, na passada quarta-feira 14 de Julho, “um governante defendeu que os portugueses começassem a abastecer-se, para se precaverem no caso da greve dos motoristas se prolongar no tempo”.
São declarações que a CAP considera “desajustadas e ignorarem por completo a realidade do mundo rural e as necessidades do mundo agrícola. Os agricultores não deixarão de tudo fazer para garantir que as suas colheitas serão preservadas e que será possível continuarem a sua actividade”.
Corrida aos postos de combustível
Dizem os responsáveis pela Confederação que “a corrida aos postos de combustível será inevitável. Estamos numa altura de Verão e de calor intenso. Apelar, nesta altura do ano, para as pessoas se abastecerem, poderá resultar em armazenamento irregular e descuidos no transporte de combustível, potenciando acidentes trágicos, que a todo o custo se devem evitar. Declarações alarmistas não são compreensíveis ou desejáveis”.
Por outro lado, dizem, a análise à Rede de Emergência de Postos de Abastecimento divulgada pela Entidade Nacional para o Sector Energético “atenta apenas à realidade demográfica, ignorando por completo a realidade económica e agrícola do País”.
Postos de abastecimento para a agricultura
“Nos distritos onde a agricultura tem um peso preponderante está estipulado um número muito reduzido de postos de abastecimento que não serão suficientes para que os agricultores possam operar as suas máquinas, os seus tractores e as suas alfaias agrícolas, fazerem as suas colheitas ou escoarem os seus produtos”, garante a CAP.
“Respeitando o direito à greve deve o Governo tudo fazer para que o País agrícola não fique parado ou renegado para segundo plano”, pedem aqueles agricultores.
Diz ainda o comunicado da CAP que “não pode haver portugueses de primeira ou de segunda, portugueses da cidade ou portugueses do campo, portugueses urbanos ou portugueses rurais. Todos são importantes, todos contam”.
Rede de Emergência de Postos de Abastecimento
Por isso, os agricultores apelam ao Governo para que reveja a Rede de Emergência de Postos de Abastecimento, por forma a acautelar que a actividade agrícola seja salvaguardada e que o trabalho de meses de dezenas de milhares de pessoas não seja simplesmente destruído porque não existe combustível para as máquinas poderem operar.
“Será a ruína de parte significativa do sector e a falência de centenas de agricultores”, garante a CAP.
A duas semanas do início da greve, “há muito tempo para que o Governo encontre soluções que respondam a este apelo e assim impeça e evite a destruição de valor agrícola. Trata-se de uma situação de emergência. É necessário adequar a Rede de Postos de Abastecimento por forma a que os agricultores tenham prioridade e possam colher e transportar o fruto do seu trabalho”, refere ainda o comunicado da CAP.
Agricultura e Mar Actual