A direcção da Fenalac – Federação Nacional das Cooperativas de Produtores de Leite recomenda ao Governador do Banco de Portugal, Mário Centeno, “uma melhor análise da cadeia láctea, sob pena das declarações que profere, no âmbito do cargo que ocupa, induzirem em erro os consumidores e a sociedade em geral”. E garante que “os preços dos produtos lácteos em Portugal reflectem aumento brutal dos custos de produção”.
Relembre-se que Mário Centeno, em entrevista à Agência Lusa, afirmou: ““Eu não consigo entender porque é que o preço do leite no mercado internacional está a cair 20% e o preço do leite em Portugal ainda não começou a ajustar desta maneira”.
“Lamentavelmente, não ouvimos quaisquer declarações deste responsável [Mário Centeno] quando, durante mais de 1 ano, entre 2021 e 2022, os produtores de leite e os restantes operadores da cadeia sofreram agravamentos brutais dos seus custos e não obtiveram melhor remuneração da sua produção, acumulando prejuízos insustentáveis”
“No dia de ontem [29 de Março], o Governador do Banco de Portugal utilizou o leite como mau exemplo da alegada não descida dos preços dos alimentos em Portugal, ao contrário do que supostamente acontece na Europa. Importa esclarecer este responsável, tanto mais que o cargo que ocupa deveria implicar um melhor conhecimento das actividades económicas no nosso País“., refere a Fenalac em comunicado de imprensa.
E explica que “entre Fevereiro de 2022 e Fevereiro de 2023 o preço médio do leite ao produtor no continente aumentou para 0,58€/litro, representando uma variação de 60% (0.21€/litro). O crescimento do preço do leite ao produtor iniciou-se previamente ao aumento de preço no consumidor, sendo que o crescimento do preço dos produtos lácteos ao consumidor reflecte apenas parcialmente o aumento de custos na fileira, desde a produção até à industria e à distribuição”.
Adianta o mesmo comunicado que “na origem desta realidade está o aumento brutal dos factores de produção, os quais desde o início de 2021 tem crescido mês após mês, nomeadamente a energia (60%), os alimentos para animais (58%) e os fertilizantes (200%), rúbricas que representam cerca de 90% dos custos operacionais da actividade”.
Recorda ainda a Aprolep que, de acordo com o Instituto Nacional de Estatística (INE), o rendimento da actividade agrícola registou uma quebra acentuada em 2022, na ordem dos 12%. “O aumento do preço dos factores de produção (+27% em relação a 2021) impediu que, apesar de preços à produção mais elevados, tal representasse maior rendimento para os agricultores”.
“Lamentavelmente, não ouvimos quaisquer declarações deste responsável [Mário Centeno] quando, durante mais de 1 ano, entre 2021 e 2022, os produtores de leite e os restantes operadores da cadeia sofreram agravamentos brutais dos seus custos e não obtiveram melhor remuneração da sua produção, acumulando prejuízos insustentáveis”, realça o mesmo comunicado.
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