João Pacheco, parceiro e colaborador da Farm Europe — think tank multicultural que visa estimular a reflexão sobre as economias rurais —, considera que a “disponibilidade de plantas melhoradas com NTG [Novas Técnicas Genómicas] tem um grande impacto na economia do sector, na defesa do ambiente e na adaptação e mitigação das alterações climáticas.
Explica este especialista — ex-Director Geral Adjunto da DG AGRI —, no artigo “As Novas Técnicas Genómicas – inovação ao serviço da agricultura e do planeta”, publicado na edição n.º 30 da publicação Cultivar – Cadernos de Análise e Prospectiva, do GPP — Gabinete de Planeamento Políticas e Administração Geral, do Ministério da Agricultura, dedicada ao tema do melhoramento e técnicas genómicas, que “sem dispor de plantas melhoradas, o sector agrícola na UE [União Europeia] acumularia atraso em relação aos seus principais concorrentes mundiais. Se os agricultores de outros países possuírem variedades resistentes a pragas, ou a secas, ou com melhores características nutricionais, ganharão inevitavelmente competitividade em relação aos europeus”.
E adianta que “isso traduzir-se-ia em menores exportações e maiores importações, e afectaria também o sector agroindustrial que se aprovisiona na UE. A produção europeia diminuiria, os rendimentos dos agricultores sofreriam ainda mais. As empresas agroindustriais perderiam emprego e gerariam menos riqueza na UE, sendo empurradas para a deslocalização dos seus investimentos”.
Por outro lado, refere que “o impacto na preservação do ambiente e no combate às alterações climáticas seria igualmente prejudicado. É fácil perceber porquê: as plantas melhoradas com estas técnicas que seriam mais resistentes a pragas, por exemplo, diminuem a necessidade de utilização de pesticidas. A resistência à seca aumenta a resiliência da produção em países como o nosso”.
“Todos os incrementos de produtividade e de qualidade com o mesmo nível de utilização de fertilizantes ou de pesticidas diminuem as emissões de gases com efeitos de estufa. As NTG proporcionam uma menor utilização de pesticidas e de fertilizantes por unidade de produção”, frisa João Pacheco.
O parceiro e colaborador da Farm Europe refere ainda que “a importância da disponibilidade destas novas tecnologias é ainda maior no quadro da aplicação da política da União Europeia do Prado ao Prato. Recordemos que é proposto um modelo de forte restrição do uso de pesticidas (recentemente retirado, mas não necessariamente abandonado), e de fertilizantes, além do aumento da área em agricultura biológica, para dar alguns exemplos. O impacto destas propostas é uma redução da produção agrícola europeia de entre 15 a 20%, segundo praticamente todos os estudos independentes”.
“O modelo que é proposto é de contracção, reducionista da actividade agrícola, para preservar o ambiente e combater as alterações climáticas. É um modelo de decrescimento, empobrecedor e que não resolve nenhum problema ambiental à escala mundial, pois o que não fosse produzido na UE seria produzido noutros países com menor exigência ambiental”, frisa João Pacheco.
Pode consultar edição n.º 30 da publicação Cultivar aqui.
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