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Estudo da EDIA: “85% da SAU nacional não é beneficiada com qualquer forma de regadio”

O regadio em Portugal conta com superfície irrigável de 626.820 ha e uma superfície regada de 562.255 ha (pública e privado), que corresponde a cerca de 15% da superfície agrícola utilizada (SAU) nacional. Ou seja, cerca de 85% da SAU nacional não é beneficiada com qualquer forma de regadio.

Os números são revelados pelo estudo “Regadio 20|30 – Levantamento do Potencial de Desenvolvimento do Regadio de Iniciativa Pública no Horizonte de uma Década”, coordenado pela EDIA — Empresa de Desenvolvimento e Infra-estruturas do Alqueva, que salienta que “estes números revelam a necessidade de continuar a beneficiar as zonas carenciadas deste recurso fundamental à manutenção das actividades económicas sustentáveis em territórios rurais”.

O estudo está em consulta pública. Todos os contributos deverão ser remetidos para pnregadio2030@ma.gov.pt, até ao próximo dia 14 de Janeiro.

Segundo o estudo, as relações entre área regada/SAU “revelam bastantes assimetrias regionais, situando-se este valor, na área das DRAP [Direcções Regionais de Agricultura e pescas], entre um mínimo de 8% e um máximo de 37%. Existem assim bastantes contrastes entre regiões do país, também fruto das diferenças climáticas e disponibilidades hídricas existentes”.

Dentro da área regada em Portugal, salienta o documento que cerca de 40% (240.000 ha) são ocupados por regadios de iniciativa pública, sendo que destes cerca de 70.000 ha se encontram em avançado estado de degradação e com mais de 50 anos de existência.

E acrescenta que “existem sistemas de adução de água em funcionamento extremamente modernos e eficientes, mas continuam a subsistir outros, com níveis de obsolescência e perdas de água completamente inaceitáveis para os padrões actuais, e que necessitam de uma rápida e eficaz correcção”.

Novos sectores com regadio

Existem, igualmente, “muitos sistemas culturais que tradicionalmente não recorriam ao regadio e que hoje, face às alterações climáticas e à maior exigência ao nível da rentabilidade dos projectos agrícolas, não o dispensam”.

Assim, “a tendência actual é a transformação de regadios tradicionais em novos regadios modernos, com elevado uso de tecnologia, cada vez mais eficientes e associados à garantia interanual de água. A atestar [esta conclusão] é de sublinhar que em Portugal, o consumo médio de água por hectare regado passou, em algumas décadas, de 15.000 para 4.000 m3/ha, valor médio que se verifica na actualidade”.

Avança ainda o estudo que os regadios privados e de muito pequena dimensão, fruto das condições meteorológicas do País, “dificilmente conseguem assegurar os recursos hídricos interanuais necessários para a manutenção da actividade agrícola competitiva e que remunere os investimentos realizados – aspecto que se deve acentuar com as alterações climáticas espetáveis”.

Assim, para muitas destas explorações agrícolas “a sua integração em sistemas/AH, que assegurem uma maior garantia e resiliência do abastecimento de água, será fulcral para a sua manutenção e competitividade”.

“Existe hoje uma dinâmica empresarial muito interessante no sector agrícola, que interessa acarinhar e suportar, sempre que associada à utilização sustentável de água e ao aumento da profissionalização da actividade”, refere ainda o estudo da EDIA, realçando que “pode-se afirmar que, através de uma gestão criteriosa e eficiente dos recursos hídricos nacionais, há condições para a expansão sustentável do regadio público em Portugal, havendo sobretudo que ponderar vulnerabilidades, assimetrias e particularidades regionais”.

Pode consultar aqui o Estudo “Regadio 20|30”.

Entidades que colaboraram no estudo:

  • DRAPN – Direcção Regional de Agricultura e Pescas do Norte
  • DRAPC – Direcção Regional de Agricultura e Pescas do Centro
  • DRAPLVT – Direcção Regional de Agricultura e Pescas do Lisboa e Vale do Tejo
  • DRAPALE – Direcção Regional de Agricultura e Pescas do Alentejo
  • DRAPALG – Direcção Regional de Agricultura e Pescas do Algarve
  • AGPDR2020 – Autoridade de Gestão do Programa de Desenvolvimento Rural 2020
  • IFAP – Instituto de Financiamento da Agricultura e Pescas
  • Fenareg – Federação Nacional de Regantes de Portugal
  • Autarquias
  • Comunidades Intermunicipais
  • Associações de Regantes e Beneficiários
  • Empresas de Consultoria e Projecto

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