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Erros comuns de poda e como evitá-los

Artigo de opinião de Rosa Moreira, Eng.ª Agrónoma, promotora do site A Cientista Agrícola

A poda é uma prática essencial na manutenção de árvores de fruto, mas é também um processo que exige cuidado e conhecimento. Erros de poda podem comprometer a saúde da planta, reduzir a produção de frutos e aumentar o risco de doenças. Neste artigo, abordaremos os erros comuns na poda e como evitá-los, garantindo que as suas árvores de fruto se mantenham saudáveis e produtivas.

A poda: um ponto de partida para a saúde da planta

No entanto, a poda não se resume a cortar indiscriminadamente ramos e galhos. Pelo contrário, ela exige conhecimento sobre as necessidades específicas de cada espécie e uma compreensão clara do que se pretende alcançar com a intervenção. O momento certo para podar, a técnica utilizada e a quantidade de material a ser removido são aspetos importantes que determinam o sucesso da poda. A poda não só molda a estrutura da árvore, mas também influencia diretamente a quantidade e a qualidade dos frutos que irá produzir.

Por isso, é importante saber como fazer a poda de forma cuidadosa e com planeamento. Ao compreender as necessidades da planta e respeitar o seu ciclo natural, conseguimos evitar que erros simples possam prejudicar o seu desenvolvimento. Com a técnica certa, a poda será um grande aliado na saúde das suas árvores, garantindo um crescimento robusto e uma colheita abundante.

Principais erros comuns na poda: como solucionar

1-Cortes Incorretos

Deixar “Tocos”

Um dos erros mais frequentes é cortar um ramo deixando parte dele a sobressair do tronco ou ramo principal. Este “toco” impede a cicatrização correta, tornando-se um ponto de entrada para infeções e pragas. Para evitar este problema, os cortes devem ser feitos rente ao tronco ou ao ramo principal, sem danificar o colar do ramo, que é a área de tecido cicatricial natural.

Exemplo: Ao podar uma macieira, se deixar um toco após cortar um ramo, a área exposta pode atrair fungos, que se instalam na ferida e comprometem o desenvolvimento da árvore.

2-Cortes Demasiado Inclinados ou Altos

Outro erro comum é realizar cortes demasiado inclinados ou altos, o que pode prejudicar o desenvolvimento do novo ramo. Os cortes devem ser feitos logo acima do gomo, com um ângulo leve, mas sem danificar o gomo, para garantir um crescimento saudável.

Exemplo: Num pessegueiro, se o corte for muito alto, o ramo novo pode não crescer corretamente, resultando em deformidades e menor produção de frutos.

3-Cortes Rasgados

Cortes rasgados são geralmente causados por ferramentas pouco afiadas ou descuidadas. Estes cortes dificultam a cicatrização e aumentam o risco de infeções. Para evitar este problema, é essencial usar sempre ferramentas limpas e afiadas, garantindo cortes limpos e precisos.

Exemplo: Usar uma tesoura de poda cega (sem estar afiada)  numa figueira pode causar cortes irregulares, tornando a planta mais suscetível a infeções por fungos.

erros comuns nas podas
Como fazer um corte correto na poda

Poda Excessiva

A poda excessiva pode causar stress à planta, levando ao crescimento de rebentos vegetativos que não produzem frutos e aumentando o risco de doenças. Uma abordagem gradual é recomendada, removendo no máximo um quarto da copa por ano para manter o equilíbrio da planta.

Exemplo: Num diospireiro, podar demasiados ramos de uma só vez pode provocar um crescimento excessivo de folhas e ramos, mas sem frutos, além de enfraquecer a planta.

Poda Insuficiente

Por outro lado, a poda insuficiente resulta num crescimento denso, com pouca circulação de ar e luz, o que favorece o surgimento de doenças e pragas. Além disso, a produção de frutos pode ser significativamente reduzida devido à falta de espaço para o desenvolvimento adequado dos frutos.

Exemplo: Uma cerejeira com ramos densos e entrelaçados tem maior probabilidade de desenvolver infeções fúngicas devido à humidade acumulada e à falta de luz.

Rebentação

Rebentos que surgem abaixo do ponto de enxertia devem ser removidos. Estes rebentos desviam energia da planta principal e podem comprometer a saúde geral da árvore. A remoção precoce é crucial para direcionar a energia para as partes produtivas da planta.

Exemplo: Num marmeleiro, rebentos abaixo do ponto de enxertia podem ser vigorosos mas não produtivos, prejudicando o desenvolvimento dos ramos frutíferos.

Distinguir os gomos florais dos gomos foliares é essencial para uma poda eficaz, pois os gomos florais geram flores e frutos, enquanto os foliares produzem folhas e ramos vegetativos. Ao identificar corretamente cada tipo de gomo, garantimos que a planta continue a florescer e frutificar, evitando cortar ramos essenciais para a produção. Isso assegura o crescimento saudável e a produtividade da planta.

Poda no Tempo Errado

A poda realizada fora do período de dormência pode prejudicar a planta e diminuir a produção de frutos. O período ideal é no final do inverno ou início da primavera. Para plantas que florescem na primavera, a poda deve ser feita logo após a floração para não comprometer a produção de flores e frutos.

Exemplo: Podar uma pereira em pleno verão pode causar stress à planta e reduzir a quantidade de frutos na próxima época.

Poda em Clima Frio

Evite podar durante períodos de frio intenso, pois cortes expostos ao frio podem atrasar a cicatrização e aumentar o risco de doenças. Espere por dias mais amenos para realizar a poda com segurança.

Exemplo: Podar citrinos após a colheita dos frutos durante uma onda de frio pode resultar em danos nos tecidos expostos, retardando a recuperação da planta.

Não respeitar o calendário de podas é um erro comum

Consideração do Tipo de Planta

Cada tipo de planta tem necessidades específicas de poda. Ignorar o hábito da planta pode levar a erros graves, como forçar uma forma de líder central em plantas que naturalmente formam múltiplos troncos. Conhecer as necessidades específicas de cada espécie é fundamental para uma poda eficaz.

Exemplo: Forçar uma poda de líder central numa ameixeira pode originar um crescimento desigual e pouco natural, prejudicando a saúde da planta.

Não Remover Partes Doentes

Deixar ramos doentes ou mortos na planta permite a propagação de doenças e pragas. Estes ramos devem ser removidos imediatamente após serem identificados. Ao fazer isso, está a proteger a planta e a prevenir futuros problemas.

Exemplo: Em macieiras, ramos afetados pelo cancro europeu devem ser removidos o mais rápido possível para evitar a propagação da doença.

Sabe mais sobre as ferramentas de poda aqui

Ferramentas Inadequadas ou Sujas

Usar ferramentas inadequadas ou sujas pode danificar a planta e transmitir doenças. As ferramentas devem ser apropriadas para cada tipo de poda e mantidas sempre limpas e desinfetadas. O uso correto das ferramentas garante cortes limpos e seguros.

Exemplo: Uma tesoura de poda contaminada pode transmitir doenças de uma árvore para outra, agravando problemas como a mancha preta em citrinos.

Direcionar o Crescimento

Remover ramos cruzados ou que crescem para o interior da planta é crucial para garantir um crescimento ordenado. Além disso, é importante remover líderes em competição para garantir um crescimento forte e reto, promovendo uma estrutura equilibrada.

Exemplo: Num pessegueiro, remover ramos que crescem para o interior ajuda a aumentar a penetração de luz, melhorando a qualidade dos frutos.

o que eliminar na poda
Nesta imagem partilho que partes da planta podem ser eliminadas durante a poda. Um dos erros mais comuns na poda é remover os ramos errados. 

Quais destes erros mais comuns na poda costuma cometer?

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