Artigo de opinião de Rosa Moreira, Eng.ª Agrónoma, promotora do site A Cientista Agrícola
Ter uma amoreira em casa pode ser mais fácil do que imagina. São cultivadas nos seus porta-enxertos geralmente em arbusto, de tronco médio ou alto, com treliças ou presas. As amoreiras apresentam enraizamento lento e por essa razão, podem demorar até dez anos até ser possível efectuar a colheita. Antes de cultivar, tenha em conta que as amoreiras não são adequadas a jardins, hortas ou pomares de reduzidas dimensões dado que quando maduras, podem atingir alturas consideráveis. Conheça neste artigo dicas básicas para saber como cultivar amoras em casa.
1.Escolha a variedade certa
Existem várias variedades possíveis de serem encontradas nos viveiristas para compra, entre elas plantas com espinhos e algumas já sem espinhos. A diversidade de variedades que existem no mercado são normalmente classificadas de acordo com os hábitos de crescimento das varas, destacando-se: variedades prostradas, variedades semi-erectas e variedades erectas.
1.1. As variedades prostradas
As variedades prostradas apresentam lançamentos vigorosos do ano que precisam de ser conduzidos recorrendo a um sistema de suporte que permita as operações culturais e a colheita. As varas que surgem a partir da base da planta ou coroa não são produtivas. Posteriormente, surgem no ano seguinte os rebentamentos a partir desta haste principal que irão fornecer a produção do ano. Os frutos que são obtidos nestas variedades caracterizam-se por serem menos firmes e com um tempo de vida útil inferior às outras variedades acima descritas.
Exemplos de variedades de amoreiras prostradas: “Siskiyou”; “Obsidian”; “Metolius”, “Onyx”, “Newberry”.
1.2. Variedades semi-erectas
À semelhança das variedades prostradas, nas variedades semi-erectas os novos lançamentos também surgem a partir da base da “coroa” ou “touça”. No entanto, os seus frutos são de maiores dimensões e apresentam uma maior firmeza. Nesta variedade, as amoras não ficam depositadas no solo, mas sim com um ligeiro “arqueamento”
Exemplo de variedades de amoreiras semi-erectas: “Chester Thornless”, “Triple Crown”, “Loch Ness”, “Hull Thornless”;
1.3. Variedades erectas
Tal como o próprio nome indica, nesta variedade o crescimento das varas atende mais para ser vertical. As varas são bastante vigorosas e podem atingir até 4 metros de altura.
Nas variedades erectas, os lançamentos podem surgir a partir da base da touça ou das raízes à semelhança do que acontece com a framboesa.
No primeiro ano, estas variedades possuem hábitos de crescimento prostrado e no ano seguinte transformam-se em erectas
Exemplos de variedades de amoreiras erectas: “Navaho”; “Ouachita”; “Tupi”, “Apache”, “Triple Crown”, “Osage”;
Outra informação importante a reter é que apesar da maioria das variedades de amora ser não remontante, o que significa que a diferenciação floral dos gomos ocorre após o fim do crescimento do primeiro ano, podem existir algumas variedades que frutificam nos ramos do ano e que são menos exigentes no que diz respeito às baixas temperaturas.
2. Quando plantar amoreiras
Pode plantar amoreiras quer de raiz nua quer cultivadas em vaso.
Se optar pelas amoreiras de raiz nua, a melhor altura para plantá-las é no período de Novembro a marco que corresponde ao período que as árvores estão “adormecidas”. Nesta primeira opção evite plantar amoreiras quando o solo estiver “empapado” ou “congelado”.
Pode também cultivar as amoreiras em vaso quer no Outono quer no início da Primavera. Evite plantas no fim da Primavera e Verão caso estas estações se apresentem demasiados quentes e secas. Em regiões onde os solos são muito alcalinos e barrentos para algumas espécies, solução poderá ser a sua plantação em vasos grandes, dado que estas espécies “dão-se” bem neste tipo de recipientes. Dado que é muito difícil baixar o pH nesse tipo de solos, quando plantar em vaso, deve utilizar substrato com pH ligeiramente ácido, como o SIRO Frutos Silvestres.
3. Como cultivar amoreiras: qual o tipo de solo adequado
Saber qual o tipo de solo mais adequado é um dos passos mais importantes para determinar como cultivar amoras da melhor forma. As amoreiras “dão-se” bem na maioria dos solos, no entanto, preferem solos férteis e de escoamento livre com um pH entre 4,5 a6,5.
Para garantir que todas as necessidades destas plantas silvestres sejam suprimidas, o ideal é usar um substrato adequado a este tipo de cultura.
O SIRO Frutos Silvestres é um dos melhores substratos existente no mercado para este tipo de plantas. É um Substrato especial para plantar uma vasta gama de plantas silvestres acidófilos. A sua fórmula equilibrada é obtida à base de matérias primas seleccionadas, sustentáveis e naturais. Contem uma fertilização orgânica biológica rica em potássio e magnésio para intensificar o sabor dos frutos e rica em fósforo para favorecer o enraizamento. É ideal para o cultivo de amoras.
4. Como cultivar amoras: principais cuidados
No que diz respeito à rega, é importante que regue as amoreiras jovens e recém-plantadas. Caso o Verão seja ameno e seco, é importante que regue com regularidade especialmente nas fases de formação e maturação dos frutos, que correspondem a períodos mais críticos susceptíveis a stress hídrico.
Caso pretenda cultivar amoreiras em maior escala, o sistema de rega aconselhado é a gota a gota dado que fornece água junto ao caule, onde se situam as raízes primárias, responsáveis pela maior parte da absorção de nutrientes. Dado que este método de rega não molha as folhas e frutos, permite diminuir o apodrecimento de frutos e os problemas com pragas e doenças.
Relativamente a outras práticas culturais, é importante que nos primeiros anos e depois de plantar, use um fertilizante composto adequado às necessidades da cultura principalmente antes do início da fase de crescimento. Posteriormente, cerca de duas e três semanas após este momento, deve espalhar uma cobertura de solo vegetal à volta da base do tronco de forma a protegê-lo e a controlar o crescimento de infestantes.
No que diz respeito à protecção da geada, as amoreiras florescem tarde na Primavera e, excepto em regiões setentrionais, tendem a não sofrer os danos causados pela geada.
Relativamente à poda, pode as amoreiras tal como faria com a poda das macieiras. Se isoladas, pode-as no Inverno e em treliças enraizadas no Verão.
Quantos às pragas e doenças, as amoreiras são relativamente isentas, com excepção do cancro das amoreiras. A maior praga são mesmo os pássaros, por essa razão, uma rede anti-pássaro pode ser uma boa opção como forma de prevenção e combate.
6. Colheita e armazenamento
Á medida que as amoras vão amadurecendo, passarão de tonalidades vermelhas-escuras para tonalidades vermelhas-escuras a pretas.
Caso as queiras consumir cruas, deixe as amoras ficar na amoreira o máximo tempo possível até que comecem a cair no solo de forma natural (Setembro).
Caso queria fazer compotas e geleias com as amoras produzidas, colha-as em Agosto quando estas ainda tiverem uma tonalidade mais esverdeada.
A amoreira arvore, a tal que não é aconselhada em jardins, hortas e pomares pequenos é do género Morus: Nigra, rubra ou alba (preta, vermelha ou branca) da família Moraceae.
A espécie arbustiva tem o nome cientifico de Rubus e pertence à família Rosaceae, a qual pertencem também as framboesas. Entre as Rubrus encontram-se a amora silvestre e outras variedades arbustivas que têm a vantagem de poderem ser facilmente plantadas no solo ou em vasos.