“A água representa um bem essencial para a sobrevivência da cultura do milho e da agricultura de regadio, sendo fundamental que o nosso País planeie de forma atempada e ponderada o aumento da capacidade de armazenamento deste precioso, mas escasso recurso natural”. Esta é uma das conclusões a que chegou a organização do 11º Colóquio Nacional do Milho 2021 — 1º Encontro das Culturas Cerealíferas.
Outra assinala que “o consumo de água pelo sector agrícola tem decrescido, denotando uma maior eficiência no uso deste escasso recurso. Em contrapartida, o consumo urbano mantém a sua tendência de crescimento”.
Em comunicado, a Anpromis — Associação dos Produtores de Milho e Sorgo de Portugal e a Anpoc — Associação Nacional de Produtores de Proteaginosas, Oleaginosas e Cereais, apontam ainda como conclusão que “os especialistas em clima e água revelaram no Colóquio que os anos de seca extrema se repetem com cada vez maior frequência (6 nos últimos 20 anos) em Portugal e que mais de 50% da água que corre nos nossos rios depende das afluências dos rios espanhóis”.
E que o aumento da procura de matérias-primas a nível mundial, entre os quais os cereais, “convocam os produtores nacionais a aumentar a área a semear, para ir ao encontro das necessidades da agro-indústria nacional”.
Pressão chinesa
No plano internacional, refere que os stocks mundiais de milho “estão ao nível mais baixo dos últimos 7 anos, com a China a pressionar fortemente o mercado, numa estratégia que se prevê de longo prazo (no último ano a China praticamente quintuplicou as importações de milho, de 7 M ton para 30 M ton)”, revelou o especialista do Rabobank no colóquio. Paralelamente, o fenómeno climático La Niña, cujos efeitos se prevê continuem nos próximos meses, a seca no Brasil e nos Estados Unidos, “conjugam-se, fazendo antever uma previsível baixa da produção de cereais na actual campanha e a consequente subida dos preços”.
Valorização da produção nacional
Para aquelas duas associações, a valorização da produção nacional de cereais e a constituição de novas estruturas de comercialização, entre as quais a criação de uma Interprofissional para os cereais, “afigura-se uma aposta extremamente importante para o nosso país, como forma de valorizar a produção nacional ao longo dos diversos elos da cadeia agro-alimentar”.
E acrescentam que as Organizações de Produtores (OP), como estruturas de concentração da oferta, “são essenciais à competitividade da agricultura portuguesa e o seu contributo deve ser reconhecido através do reforço das suas atribuições no âmbito da futura Política Agrícola Comum. Efectivamente o papel das OP revela-se vital para reforçar o stock alimentar estratégico nacional, mais essencial ainda em períodos críticos como é a actual pandemia”.
Agricultura e Mar Actual