A direcção da CNA — Confederação Nacional da Agricultura, “reiterando a sua solidariedade às populações rurais afectadas”, “reafirma que muitas das razões que estão na origem dos repetidos e extensos incêndios radicam na ruína da Agricultura Familiar, promovida décadas e décadas a fio por sucessivos Governos e pela União Europeia, através da Política Agrícola Comum”.
Acrescenta a CNA em comunicado de imprensa que, por outro lado, “sobre os pequenos e médios proprietários florestais não raras vezes cai o papel de bodes expiatórios da culpa dos incêndios, forçados a limpezas caríssimas que consomem grande parte dos seus parcos rendimentos”.
“À semelhança do que acontece com a produção agro-pecuária, os sucessivos Governos têm deliberadamente fechado os olhos perante os monopólios esmagadores dos preços à produção agrícola e florestal. Se num lado mandam as grandes superfícies comerciais, na floresta os preços são ditados pelas grandes indústrias da celulose, derivados da madeira e da cortiça, circunstância que muito contribui para a perda de interesse económico na floresta e na sua gestão activa”, frisa o mesmo comunicado.
E realça que “desde a entrada de Portugal na União Europeia encerraram mais de 400 mil pequenas e médias explorações agrícolas deixando vastas áreas do território desertificadas de gente e ocupadas de monoculturas florestais”.
“É urgente que o Orçamento do Estado para 2025 preveja a adopção de políticas agro-rurais e florestais promotoras das pequenas e médias explorações familiares, que conjugam mosaicos vivos de agricultura, pecuária e floresta multifuncional, servindo de tampão à progressão dos extensos e violentos incêndios. E nessas políticas deve estar a concretização prioritária do Estatuto da Agricultura Familiar”, realça a Confederação.
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