A CAP — Confederação dos Agricultores de Portugal, ao longo de 2019, irá organizar um Ciclo de Conferências sobre Gestão Florestal, Território e Riscos Naturais com o propósito de contribuir para uma melhor compreensão do contrato social proposto aos proprietários florestais, hoje em dia predominantemente destinatário de recriminações e exigências, em lugar de ser credor de reconhecimento e apoio na sua actividade.
Na primeira sessão deste ciclo de conferências, que a Confederação leva a cabo no dia 27 de Fevereiro, no Auditório da Ordem dos Engenheiros, em Lisboa, a partir das 14h30, procurar-se-á “contribuir para uma melhor compreensão pública de como o fenómeno dos incêndios rurais tem evoluído nas últimas décadas e do contexto em que a silvicultura se desenvolve no nosso território, abordando questões como a mudança do clima e recorrência de eventos meteorológicos extremos, a relação da composição específica da floresta com os incêndios e, finalmente, as alterações do uso do território rural, da sua população e das condições sociais e económicas em que a gestão da floresta ocorre”, realça a organização do evento.
Oradores
Para esta 1ª Conferência, a CAP convidou quatro personalidades de referência: Marc Castellnou, da Pau Costa Fundation, Ricardo Trigo, do Instituto Dom Luiz, Paulo Fernandes, da Universidade de Trás-os-Montes e Alto Douro, e Luís Braga da Cruz, da Forestis.
A Ordem dos Engenheiros, a Agência para a Gestão Integrada dos Incêndios Florestais (AGIF) e o PEFC Portugal (Programa para o Reconhecimento da Certificação Florestal) associam-se no apoio evento.
Dos apoios à florestação aos incêndios florestais
Explicam os responsáveis pela CAP que “durante algumas décadas, e até há não muitos anos, o contrato social proposto aos proprietários florestais era simples e vantajoso para eles”.
E acrescentam que “a memória não muito longínqua de um país desarborizado, sujeito a todas as consequências ambientais, económicas e paisagísticas dessa condição, e a convicção colectiva dos benefícios múltiplos de uma cobertura florestal significativa, justificaram, primeiro, apoios públicos generosos à florestação e, posteriormente, também à melhoria das condições em que se exercia a silvicultura”.
No entanto, dizem ainda, o advento de incêndios florestais progressivamente mais extensos, violentos e de consequências mais graves “alteraram a percepção social relativamente aos méritos de quem cria e gere a floresta. Hoje, o proprietário florestal, antes de ser credor de reconhecimento e apoio na sua actividade, é destinatário de recriminações e exigências, infelizmente escassamente fundamentadas numa correcta percepção do problema com que o país se confronta e do contexto em que as actividades florestais se desenvolvem”.
Alarme social
Para a Confederação dos Agricultores de Portugal, o alarme social provocado pelo agravamento dos incêndios e a incapacidade dos poderes públicos de o contrariarem têm motivado a “urgência de uma actuação política que responda às percepções colectivas”.
“Assim, o proprietário florestal vê-se hoje confrontado com imposições e limitações à sua liberdade de actuação que muitas vezes são tecnicamente injustificáveis, financeiramente incomportáveis ou, tão somente, injustas”.
As inscrições são gratuitas e podem ser feitas online aqui.
Agricultura e Mar Actual