As previsões agrícolas do Instituto Nacional de Estatística (INE), em 31 de Outubro, apontam para decréscimos de produção para a generalidade dos pomares, vinha e olival. A falta de frio no Inverno e as deficientes condições de polinização e vingamento dos frutos afectaram as produções de maçã (-30%), pêra (-20%) e kiwi (-25%).
A produção da amêndoa, particularmente das variedades mais precoces, foi igualmente prejudicada. Na vinha, a ocorrência de acidentes fisiológicos, nomeadamente desavinho e bagoinha (desencadeados pela precipitação intensa na fase da floração/alimpa) contribuíram para a redução em 20% da produção de vinho.
A produtividade nos olivais deverá registar uma redução de 15%, apesar das chuvas outonais terem promovido o aumento do calibre das azeitonas.
Quanto às culturas temporárias de Primavera/Verão, a precipitação intensa em Maio e as elevadas temperaturas de
Julho e Agosto condicionaram o rendimento do tomate para a indústria, com reflexo na produção que diminuiu 15%.
Dificuldades na instalação das searas e problemas na floração e maturação, causados pelas altas temperaturas estivais, determinaram igualmente decréscimos das produções de milho e arroz, acrescenta o INE.
Outubro quente e seco
O mês de Outubro caracterizou-se, em termos meteorológicos, como quente e seco (situação semelhante à ocorrida, com maior ou menor intensidade, ao longo dos últimos 5 meses). A temperatura média do ar (17,62ºC) registou um desvio positivo superior a 1ºC em relação à normal e o total da precipitação foi cerca de 25% inferior à média (1971-
2000). No entanto, registaram-se períodos de céu muito nublado, especialmente na segunda e terceira décadas do mês, com ocorrência de precipitação pontualmente bastante intensa. Estas condições de estado do tempo permitiram a realização dos trabalhos agrícolas, tendo-se observado uma intensa actividade de preparação dos solos para instalação de culturas de Outono/Inverno.
O INE acrescenta que no final de Outubro a percentagem de água no solo, em relação à capacidade de água utilizável pelas plantas, aumentou ligeiramente no Algarve, no interior do Alentejo e em algumas zonas do interior Norte e Centro, embora se mantenha abaixo dos valores normais para esta época do ano.
Prados e pastagens em pleno ciclo de produção de Outono
“Os prados, pastagens e culturas forrageiras encontram-se em reinício de ciclo. A ocorrência das primeiras chuvas outonais, em conjugação com as temperaturas amenas, criou as condições ideais para a germinação e crescimento das espécies pratenses, sendo que nas zonas mais férteis estas já apresentam um desenvolvimento considerável. No entanto, ainda não é possível suprir as necessidades forrageiras dos efectivos pecuários em regime extensivo com o recurso exclusivo a estas áreas, havendo a necessidade de manter em níveis elevados a suplementação da alimentação dos animais com palhas, forragens conservadas (fenos e silagens) e rações”, pode ler-se nas previsões do Instituto.
Agricultura e Mar Actual