“Os matadouros não podem funcionar sem o veterinário oficial, que é responsável por assegurar a inspecção sanitária da carne, pois caso contrário, o empresário incorre em pena de prisão. Apenas o Estado pode garantir a inspecção sanitária, mas não tem médicos veterinários suficientes ou não os gere adequadamente, de modo a garantir a actividade no período e no volume que os matadouros precisam”.
O alerta é da directora executiva da APIC — Associação Portuguesa dos Industriais de Carnes, Graça Mariano, realçando que “os matadouros pagam avultadas taxas de inspecção sanitária (alguns pagam 35.000€ por mês de taxa de inspecção sanitária) mas ainda assim, todas as semanas lutam com a representante do Estado, a Direcção Geral de Alimentação e Veterinária (DGAV), pois não são colocados veterinários em número suficiente para que os matadouros possam efectuar os abates que precisam para garantir o fornecimento de carne no mercado”.
Graça Mariano, no seu artigo de opinião publicado da página da APIC, intitulado “A greve dos inspectores sanitários só serviu para prejudicar os matadouros”, escreve ainda que “os matadouros portugueses não podem desenvolver a sua actividade por culpa do Estado que insiste em não resolver a problemática dos inspectores sanitários [veterinários oficiais que são colocados nos matadouros sob a responsabilidade da DGAV], e sofrerem assim consequências danosas, até porque a nossa vizinha Espanha não tem este problema e com muita facilidade substitui as empresas portuguesas paralisadas, colocando a carne espanhola no nosso mercado”.
E realça que a APIC tem alertado o Ministério da Agricultura e mesmo o Gabinete do Primeiro-Ministro, “por sucessivas vezes, para o problema da inspecção sanitária que se consubstancia na falta de veterinários do Estado que assegurem o funcionamento normal dos matadouros (o abate de animais para consumo é a única actividade privada que não pode funcionar sem a presença do representante do estado, o médico veterinário oficial que assegura a inspecção sanitária), pelo que, estas empresas não podem viabilizar a sua actividade da forma e no período que desejam”.
Pode ler o artigo de opinião de Graça Mariano aqui.
Agricultura e Mar