Apenas 17,3% das empresas em Portugal, no final de 2021, pagavam dentro dos prazos acordados com os fornecedores. Segundo o Paydex, indicador da Informa D&B que avalia o número médio de dias de atraso de pagamento face aos prazos acordados com os fornecedores, cerca de dois terços das empresas pagam com um atraso até 30 dias e 7% registam atrasos superiores a 90 dias.
Durante a pandemia, sobretudo no primeiro ano, os mesmos constrangimentos que provocaram diferenças sectoriais significativas no desempenho das empresas agravaram também o comportamento de pagamentos nesses sectores mais atingidos.
Nos últimos meses de 2020, o sector do Alojamento e restauração chegou a ter um agravamento superior a a 7 dias face ao registado em Fevereiro de 2020, baixando depois em 2021, estando actualmente nos 32,8 dias (mais 3 dias).
Neste momento, e após os 2 anos de pandemia, o fenómeno dos atrasos nos pagamentos “pode acentuar a sua gravidade, pois é expectável um significativo aumento de custos de operação para muitas empresas, em consequência do conflito na Ucrânia e da subida do preço da energia”, realça a Informa D&B.
De acordo com Teresa Cardoso de Menezes, directora geral da Informa D&B, “os atrasos nos pagamentos são um sinal de debilidade e risco para todo o tecido empresarial. Nos momentos de maior incerteza como o que vivemos é ainda mais importante que as empresas tenham instrumentos que lhes permitam diminuir os riscos quando escolhem os seus parceiros comerciais”.
Prazos agravam-se mais nas microempresas
Entre as grandes empresas, apenas 2,4% cumprem os prazos acordados com os fornecedores, com a esmagadora maioria a pagar com atraso até 30 dias. As microempresas são, por um lado, as que registam maior percentagem de cumpridoras; mas por outro lado é entre elas que está também a maior percentagem de atrasos superiores a 90 dias e igualmente a média mais elevada de dias de atraso.
Por se tratarem de estruturas mais pequenas e em muitos casos mais frágeis, as microempresas estão mais vulneráveis às consequências dos atrasos nos pagamentos. Foram estas empresas de menor dimensão que mais aumentaram a média de dias de atraso nos últimos 2 anos, passando de 23,2 dias em Dezembro de 2019 para 25,3 dias de atraso em Dezembro de 2021.
Portugal na cauda dos países que cumprem prazos de pagamento
Os atrasos nos pagamentos de empresas a fornecedores atingem em Portugal um dos piores registos entre os países da União Europeia e de todo o Mundo.
Nos 36 países analisados na última edição do estudo ‘Payment Study 2021’ elaborado com dados de 2020 pela CRIBIS D&B, e no qual a Informa D&B participa com informação das empresas portuguesas, Portugal está entre os países com maior percentagem de empresas incumpridoras. Entre todos os países, apenas Israel e a Roménia registam percentagens menores de empresas a pagar dentro do prazo acordado com fornecedores.
Nos últimos anos, apenas algumas economias emergentes têm apresentado níveis de cumprimento semelhantes ou inferiores a Portugal. No lado dos países mais cumpridores, a Dinamarca lidera com 88,6% de entidades a regularizarem os seus pagamentos nas datas acordadas, seguida da Polónia e dos Países Baixos.
A diferença no cumprimento dos prazos de pagamento entre Portugal e os outros países europeus alargou-se na última década. Enquanto na maioria dos outros países da UE mais empresas se tornavam cumpridoras, em Portugal esse número nunca mostrou uma tendência duradoura de crescimento, apesar da Directiva Europeia de Pagamentos, transposta para Portugal em 2013.
Por outro lado, de acordo com o indicador de Risco Delinquency da Informa D&B (que reflecte a probabilidade de uma entidade registar nos próximos 12 meses um atraso de pagamentos superior a 90 dias face aos prazos acordados), 53 mil empresas têm maior probabilidade de incorrer em atrasos significativos nos pagamentos durante os próximos meses, na sua maioria empresas de reduzida dimensão e que, no seu conjunto, representam metade do valor total por pagar a fornecedores.
Embora expostas à mesma agressividade do actual contexto, as empresas têm capacidades de resistência bastante diferentes. Como tal, quando se cruza o Risco de Delinquency com o Nível de Resiliência Financeira, há um total de 13% de empresas que representam um maior risco comercial, ou porque têm níveis de resiliência mais reduzidos, ou porque registam um Risco Delinquency mais elevado.
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