A ANP|WWF — Associação Natureza Portugal está a reunir assinaturas contra a redução do estatuto de protecção do lobo na União Europeia (UE) proposta pela presidente da Comissão Europeia, Ursula von der Leyen, a 20 de Dezembro de 2023. “Os lobos, estes majestosos predadores há muito perseguidos e até indesejados, desempenham um papel crucial nos nossos ecossistemas florestais europeus”, garante a Associação.
Ursula von der Leyen propôs aos Estados-membros da União Europeia a redução do estatuto de protecção do lobo na Convenção de Berna, “apesar da falta de evidências científicas para apoiar uma mudança que poderá ter impactos devastadores. O pretexto? Coexistência com as explorações agrícolas e pecuárias”, refere a ANP|WWF.
E realça que, no entanto, “noutros continentes os esforços têm sido para a convivência com os seus predadores emblemáticos: a Ásia com o tigre, a África com o leão e a América do Sul com o jaguar – e daqui, sob este nosso olhar europeu, ninguém concordaria em erradicar estas espécies de outros continentes só porque podem representar um perigo”.
Para a Associação, “as nossas florestas precisam destes grandes carnívoros”, porque “o lobo caça, alimenta-se e deixa as suas presas para trás, criando fontes de alimento para outros animais. Por exemplo, o chapim-real bicará os restos de gordura destas presas – uma ajuda importante no Inverno”.
“Tal como os linces, os lobos actuam como reguladores naturais das populações de mesopredadores, como as raposas, permitindo que pequenos animais como as perdizes prosperem com mais facilidade”, adianta, salientando que “quando os lobos estão presentes, os herbívoros evitam áreas cuja fuga será difícil – como florestas densas ricas em madeira morta e pequenos arbustos -, regressando mais tarde, após a saída do predador. Isto dá à floresta a oportunidade de se regenerar”.
Por outro lado, diz ainda a ANP|WWF, “enquanto animais de resistência, perseguem as presas por longas distâncias e, em regra, capturam as mais doentes, fracas ou velhas, fortalecendo a saúde das populações de herbívoros, pois será menos provável que as doenças se espalhem entre elas”.
“Os lobos representam um elemento-chave dos nossos ecossistemas. Eles ajudam a manter o equilíbrio natural e apoiam a diversidade da vida selvagem. A redução da sua protecção é, portanto, inegociável. Protegê-los é permitir-lhes desempenhar o seu papel vital nas nossas florestas europeias”, frisa a Associação.
Pode ler e assinar a carta aqui.
Agricultura e Mar