“É tempo de Portugal trabalhar em conjunto na implementação da estratégia para o mar porque temos todas as condições para ser um exemplo nesta área, nomeadamente a matéria-prima mais importante, as pessoas. E porque temos compromissos para cumprir”, lembrou a ministra do Mar Ana Paula Vitorino na conferência sobre energias renováveis oceânicas que teve lugar ontem, 7 de Março, na Gare Marítima de Alcântara, em Lisboa.
Ana Paula Vitorino sublinhou que até 2030 precisamos reduzir 40% nos gases com efeito de estufa, cortar 27% no consumo de energia e aumentar em 27% o uso de energias renováveis. E o mar será certamente um recurso fundamental para atingir estes objectivos.
Além destes compromissos assumidos com a União Europeia, existe ainda o objectivo do Governo português ter uma economia com balanço neutro em matéria de carbono até 2050. “Para tudo isto é essencial fazer do mar um dos pilares essenciais para atingir estes objectivos”, disse a governante.
Segundo o relatório “Roteiro para uma Estratégia Industrial das Energias Renováveis Oceânicas”, estas novas fontes energéticas do mar português possuem o potencial para fornecer 25% do consumo eléctrico nacional e para criar, já em 2020, um cluster industrial exportador competitivo, gerando cerca de 280 M€ de valor acrescentado bruto, 1500 novos empregos directos e um impacto positivo estimado de 119 M€ na balança comercial.
Em resumo, para Ana Paula Vitorino, a aposta nas energias renováveis oceânicas é uma medida política racional na vertente ambiental e também na construção da competitividade para um crescimento sustentável.
Na conferência “Energias Renováveis Oceânicas: uma Estratégia Industrial e Exportadora”, a ministra do Mar reiterou que “temos os melhores cientistas do mundo e uma costa fantástica e está na hora de apoiar a investigação e de criar mecanismos especiais para apoiar a ligação da inovação à indústria”.
“Se estamos atrasados tecnologicamente, então temos de acelerar e precisamos de descobrir o que temos de fazer para poder ir mais rápido na implementação desta estratégia” disse a ministra do Mar.
Aposta na aquacultura
Não se trata apenas de produzir energia eléctrica a partir do mar, é também a aposta na aquacultura que importa fazer, uma vez que esta matéria “é decisiva para conseguirmos, por exemplo, a sustentabilidade dos stocks piscícolas nacionais. E há custos de contexto que podem ser resolvidos com as energias renováveis oceânicas”.
No encerramento da conferência, Ana Paula Vitorino lembrou que o País já começa a ter capacidade de financiar startups nesta área, tanto através do Fundo Azul como dos fundos do Horizonte 2020, onde, no total podem vir a ser disponibilizados mais de 500 milhões de euros.
A conferência que teve lugar no Porto de Lisboa – Gare Marítima de Alcântara reuniu o grupo de trabalho que foi criado há um ano pelo governo para estudar as energias renováveis oceânicas. Além da ministra do Mar, integraram também este grupo, entre outros, o secretário de Estado da Energia, Jorge Seguro Sanches e a presidente do Porto de Lisboa, Lídia Sequeira.
Agricultura e Mar Actual