A direcção da FAABA – Federação das Associações de Agricultores do Baixo Alentejo enviou esta semana uma carta à ministra da Agricultura e da Alimentação, Maria do Céu Antunes, alertando que “em 85% do território agricultável alentejano, não haverá nem pastagens, nem forragens, nem cereais, nem azeitona, nem cortiça, pondo em causa a sustentabilidade deste mundo rural interior“, devido à seca.
Assim, na missiva assinada pelo presidente da Federação, Rui Garrido, são propostas várias medidas, como o “reconhecimento formal da situação de seca em toda a região. O que permitirá acesso aos instrumentos derrogatórios previstos na legislação, muito particularmente no PEPAC [Plano Estratégico da Política Agrícola Comum]”.
A FAABA propõe ainda a “definição de um conjunto de apoios directos aos animais e às culturas, como forma de garantir a manutenção da actividade agrícola e evitar uma escalada nos preços dos alimentos ao consumidor”, a antecipação das ajudas de 2023 e a “autorização de pastoreio e corte de forragem nas superfícies de interesse ecológico”.
Por outro lado, a Federação propõe “apoios em sede fiscal como forma de reduzir impostos, nomeadamente a suspensão das contribuições à Segurança Social com o objectivo da manutenção dos postos de trabalho”.
Na carta enviada a Maria do Céu Antunes, a Federação explica que, depois de um Inverno com níveis de precipitação que “faziam antever um bom ano agrícola, as temperaturas anormalmente altas e a escassez de chuva dos últimos meses, a somar aos danos provocados pela seca de 2022, estão a gerar uma situação de seca ainda mais grave. A perda total das pastagens, forragens e cereais é praticamente irreversível”.
“De referir que, as situações climáticas favoráveis no Outono levaram os agricultores a realizar mais investimentos com as culturas de Outono-Inverno, porque se antevia uma campanha promissora, com as pastagens, forragens e cereais a terem emergências regulares e bom estado vegetativo”, realça a missiva.
E acrescenta que “infelizmente o que já estamos a observar no terreno é que estas forragens e cereais ou já estão secos, ou estão a secar, levando a uma produtividade praticamente nula, tanto mais, que as previsões meteorológicas para os próximos 15 dias apontam para tempo quente e seco”.
Faltam alimentos para a pecuária
Segundo a FAABA , actualmente, “as reservas de alimentos para a pecuária são escassas ou quase nulas e a possibilidade de encontrar palha ou feno no mercado é extremamente difícil e com preços bastante altos. Isto, associado ao custo das rações, está a levar muitos agricultores a reduzir ou mesmo acabar com os seus efectivos pecuários. Tal como no ano passado, os factores de produção mantêm preços extremamente elevados”.
No caso dos olivais de sequeiro “era também esperado para 2023, um ano de safra, com boa produção, mas perante este cenário de clima adverso tal não irá certamente acontecer em toda a região do Alentejo”, prevê a direcção da Federação, frisando que, “para o montado de sobro também se antecipam dificuldades maiores do que o ano passado, ou seja, mais um ano sem extracção de cortiça, alongando o ciclo de tiragem para 11 anos, com uma quebra de rendimento significativa dos subericultores”.
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