Artigo de opinião de Rosa Moreira, Eng.ª Agrónoma, promotora do site A Cientista Agrícola
1-Cortes Incorretos
Deixar “Tocos”
Um dos erros mais frequentes é cortar um ramo deixando parte dele a sobressair do tronco ou ramo principal. Este “toco” impede a cicatrização correta, tornando-se um ponto de entrada para infeções e pragas. Para evitar este problema, os cortes devem ser feitos rente ao tronco ou ao ramo principal, sem danificar o colar do ramo, que é a área de tecido cicatricial natural.
Exemplo: Ao podar uma macieira, se deixar um toco após cortar um ramo, a área exposta pode atrair fungos, que se instalam na ferida e comprometem o desenvolvimento da árvore.
2-Cortes Demasiado Inclinados ou Altos
Outro erro comum é realizar cortes demasiado inclinados ou altos, o que pode prejudicar o desenvolvimento do novo ramo. Os cortes devem ser feitos logo acima do gomo, com um ângulo leve, mas sem danificar o gomo, para garantir um crescimento saudável.
Exemplo: Num pessegueiro, se o corte for muito alto, o ramo novo pode não crescer corretamente, resultando em deformidades e menor produção de frutos.
3-Cortes Rasgados
Cortes rasgados são geralmente causados por ferramentas pouco afiadas ou descuidadas. Estes cortes dificultam a cicatrização e aumentam o risco de infeções. Para evitar este problema, é essencial usar sempre ferramentas limpas e afiadas, garantindo cortes limpos e precisos.
Exemplo: Usar uma tesoura de poda cega (sem estar afiada) numa figueira pode causar cortes irregulares, tornando a planta mais suscetível a infeções por fungos.
Poda Excessiva
A poda excessiva pode causar stress à planta, levando ao crescimento de rebentos vegetativos que não produzem frutos e aumentando o risco de doenças. Uma abordagem gradual é recomendada, removendo no máximo um quarto da copa por ano para manter o equilíbrio da planta.
Exemplo: Num diospireiro, podar demasiados ramos de uma só vez pode provocar um crescimento excessivo de folhas e ramos, mas sem frutos, além de enfraquecer a planta.
Poda Insuficiente
Por outro lado, a poda insuficiente resulta num crescimento denso, com pouca circulação de ar e luz, o que favorece o surgimento de doenças e pragas. Além disso, a produção de frutos pode ser significativamente reduzida devido à falta de espaço para o desenvolvimento adequado dos frutos.
Exemplo: Uma cerejeira com ramos densos e entrelaçados tem maior probabilidade de desenvolver infeções fúngicas devido à humidade acumulada e à falta de luz.
Rebentação
Rebentos que surgem abaixo do ponto de enxertia devem ser removidos. Estes rebentos desviam energia da planta principal e podem comprometer a saúde geral da árvore. A remoção precoce é crucial para direcionar a energia para as partes produtivas da planta.
Exemplo: Num marmeleiro, rebentos abaixo do ponto de enxertia podem ser vigorosos mas não produtivos, prejudicando o desenvolvimento dos ramos frutíferos.
Poda no Tempo Errado
A poda realizada fora do período de dormência pode prejudicar a planta e diminuir a produção de frutos. O período ideal é no final do inverno ou início da primavera. Para plantas que florescem na primavera, a poda deve ser feita logo após a floração para não comprometer a produção de flores e frutos.
Exemplo: Podar uma pereira em pleno verão pode causar stress à planta e reduzir a quantidade de frutos na próxima época.
Poda em Clima Frio
Evite podar durante períodos de frio intenso, pois cortes expostos ao frio podem atrasar a cicatrização e aumentar o risco de doenças. Espere por dias mais amenos para realizar a poda com segurança.
Exemplo: Podar citrinos após a colheita dos frutos durante uma onda de frio pode resultar em danos nos tecidos expostos, retardando a recuperação da planta.
Consideração do Tipo de Planta
Cada tipo de planta tem necessidades específicas de poda. Ignorar o hábito da planta pode levar a erros graves, como forçar uma forma de líder central em plantas que naturalmente formam múltiplos troncos. Conhecer as necessidades específicas de cada espécie é fundamental para uma poda eficaz.
Exemplo: Forçar uma poda de líder central numa ameixeira pode originar um crescimento desigual e pouco natural, prejudicando a saúde da planta.
Não Remover Partes Doentes
Deixar ramos doentes ou mortos na planta permite a propagação de doenças e pragas. Estes ramos devem ser removidos imediatamente após serem identificados. Ao fazer isso, está a proteger a planta e a prevenir futuros problemas.
Exemplo: Em macieiras, ramos afetados pelo cancro europeu devem ser removidos o mais rápido possível para evitar a propagação da doença.
Sabe mais sobre as ferramentas de poda aqui
Ferramentas Inadequadas ou Sujas
Usar ferramentas inadequadas ou sujas pode danificar a planta e transmitir doenças. As ferramentas devem ser apropriadas para cada tipo de poda e mantidas sempre limpas e desinfetadas. O uso correto das ferramentas garante cortes limpos e seguros.
Exemplo: Uma tesoura de poda contaminada pode transmitir doenças de uma árvore para outra, agravando problemas como a mancha preta em citrinos.
Direcionar o Crescimento
Remover ramos cruzados ou que crescem para o interior da planta é crucial para garantir um crescimento ordenado. Além disso, é importante remover líderes em competição para garantir um crescimento forte e reto, promovendo uma estrutura equilibrada.
Exemplo: Num pessegueiro, remover ramos que crescem para o interior ajuda a aumentar a penetração de luz, melhorando a qualidade dos frutos.
Quais destes erros mais comuns na poda costuma cometer?
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